terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gripe A imita Sucupira e nunca mais se inaugura o cemitério

Povo de Sucupira, aquilo é que era política, o improviso bem preparado era de fazer chorar as pedras da calçada: "o vosso Prefeito, amado povo, valentemente prometeu e consistentemente cumpriu. "Habemus cemiterium e para a felicidade ser completa venha daí uma mortezinha de nada que é a única coisa que nos falta para a inauguração do dito... Pois não é que de repente as pessoas, todas as pessoas, em Sucupira, só para contrariar o Prefeito, começaram a esquecer-se de morrer?

Passa-se o mesmo em Portugal com a gripe A. Quatro mil novecentas e cinquenta e cinco notícias de televisão, um milhão e novecentos e trinta e sete mil spots na rádio, todos jornais à espera e ninguém morre de gripe A em Portugal? Repararam no ar enfastiado com que o José Rodrigues dos Santos dá aquelas notícias que afinal aquela senhora em perigo de vida durante tantos dias no Santo António no Porto já deixou os cuidados intensivos? Ou aquele obeso mórbido do Algarve, de resto uma pessoa saudável, como referiu a SIC, que não há maneira de morrer de gripe A por mais manchetes que lhe ofereçam?

Na América há meses que a Janet Napolitano, secretária no governo de Obama para a segurança interna, veio dizer que a gripe A não passava de uma gripita. Propagava-se como o vento mas não abatia ninguém ou quase. Que muito mais gente morria e ia continuar a morrer de simples constipação, a qual mata que se farta, para morrer basta estar vivo.

Em Portugal a notícia de que a gripe A não passava de uma gripita foi ignorada. E não havendo epidemia de gripe A pelo menos haveria uma "epidemia de medo", como aquela que denunciaram os médicos espanhóis que não os portugueses. Os telejornais continuam insuflar o balão da gripe, a luta continua, o Sócrates para a rua.

E nunca mais morre um para amostra? Nem por asfixia? Aqui ou na Madeira?! Para Alberto João Jardim, Manuela Ferreira Leite, Cavaco Silva, poderem dizer alguma coisa de horrível? Também já é má vontade deste Governo, que por isso deve responder.

6 comentários:

  1. Vai acontecer o mesmo que a Gripe das Aves. Provavelmente chegar-se-à à conclusão que a Gripe A matou muito menos que a gripe normal, a obesidade ou acidentes de carro.

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  2. Bom, mas para o que verdadeiramente interessa, a campanha da Gripe-A é um sucesso garantido. A tal vacina ainda nem existe e já foi vendida aos triliões...

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  3. Pois, têm razão os dois. A Gripe A vende bem e vai ser um negócio da China. Aliás ela é "a vingança do chinês". Todas as gripes - a das aves, a pneumonia atípica, a de todos os anos pelo mês de Janeiro... - começavam na China, o mais das vezes em Hong Kong, e por isso eram gripes baratas, normais, repetitivas, desinteressantes enquanto davam a volta ao Planeta. Esta começou no México e nos Estados Unidos, vem da América, é chique, bem. Vai-nos custar os olhos da cara.

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  4. Um dado curioso que me aconteceu: perguntei ao meu médico aqui em Espanha (onde ja morreram 25 pessoas) o que tenho que fazer se tiver os sintomas da Gripe A. Perguntei se devia ir directamente ao hospital ou ao centro de saude ou telefonar ao 112... Ele disse que a Gripe A nao é nada de especial. Que devia ir ao centro de saude como as gripes normais :)

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  5. Dei umas gargalhadas valentes, graças a esta tão divertida quanto séria reflexão sobre a ameaça da gripe A... :-)))
    Não há dúvida de que a epidemia do medo tem alastrado e que muitos vão lucrar com isso. Outros não.
    Nas bibliotecas escolares do meu Agrupamento, vai deixar de haver empréstimos para leitura domiciliária! Tudo liofilizado, nas escolas. Pânico e caos de mãos dadas! :-(
    Como gerir e contornar o medo colectivo, tão bem orquestrado?
    A quem de direito, resta legislar...
    Aos restantes, respeitar normas...
    Enfim, com mais ou menos excessos, iremos sobreviver...

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  6. Manuela, obrigado pelo seu comentário: contra "o pânico e o caos de mãos dados", na sua "bela foto" da situação, rir é o melhor remédio.

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