terça-feira, 28 de novembro de 2017

Ombú: farol das pampas e menina bonita de Lisboa

 Bela-sombra lhe chamam por cá, Phytolacca dioica, para os entendidos. A mim soa-me melhor o nome de ombú que lhe é dado há séculos pelos índios Guarani, ombú que para eles é sinónimo de vulto ou sombra, ombú sejas, neste texto que é meu ombú ficas.

 Ombú planta herbácea de caule esponjoso, que pode facilmente ser cortado à faca, dele brotando uma seiva mal-cheirosa, um veneno, que afasta os insectos e evita os herbívoros. As folhas, porém, podem ser usadas como laxativos ou purgantes, na medicina tradicional, para o gado como para os humanos.  O fruto do ombú é uma baga com reentrâncias, de casca amarelada e polpa macia e suculenta, em cachos, como se vê aqui:

 Ombú símbolo da cultura gaúcha, do Uruguai e da Argentina, que se deixa ver de longe e providencia abrigo contra a chuva e o sol, uma bela-sombra, com o sol a pique, isolada e altaneira. Serve de guia aos ganadeiros perdidos nas planícies e por isso lhe dão por lá o carinhoso epíteto de farol das pampasPor lá, farol das pampas, por cá, eu te baptizo, menina-bonita de Lisboa.
 Que seis vezes seis mereceu já o nobiliárquico título de "árvore classificada", património municipal, o que lhe dá direito a tratamento especial: na Praça de Damão ao Restelo (onde tirei estas fotos),

 no Campo de Santana (2 exemplares), na Praça António Sardinha à Penha de França, no Jardim António Feijó aos Anjos, na Quinta Nova da Conceição em Benfica, e ainda  no Largo do Limoeiro... Precisamente, aquele exemplar muito fotografado pelos turistas, ali num canto, a ver passar o eléctrico 28, de vigia à entrada da antiga cadeia do Limoeiro e com vista para o Aljube, a uma centena de metros, é um ombú. 
O que não terá ele visto ao longo dos tempos! Quanto nos poderia contar o ombú, se o deixassem falar, das prisões e desgraças que testemunhou. Artur, Zé Manel, tantos outros, o ombú viu-vos, estava à coca, naquelas madrugadas em que PIDE irrompeu por Vossas casas à hora do leiteiro e vos levou para os curros do Aljube por tempo indeterminado... Enfim, não sei se terá sido por isso, mas o ombú, bela-sombra, farol das pampas, muito bem adaptado aos ares da cidade, seis vezes já ganhou o título de nobreza municipal. Sexacampeão, nenhuma outra árvore, ou clube, se lhe compara.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Mas ké ké isto ó meu?



Maria do Céu Machado, Presidente do Infarmed ao Público de hoje segunda feira, 27/11/2017: "No dia seguinte (quarta-feira) estivemos no seu gabinete: conselho directivo, comissão de trabalhadores, o ministro e a assessora jurídica.
O senhor ministro disse que percebia, de certa forma, que isto era uma notícia surpresa e que não era uma decisão, era uma intenção. Várias vezes repetiu isso."
Confirma, sr. Ministro da Saúde? Ou andamos a brincar?

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Adeus até ao meu regresso!

Já cá não vinha há mais de 5 anos. Pensei que nenhum blogue se mantinha no ar ao fim de seis meses de inactividade, aparentemente enganei-me: se este post passar, ainda estou para ver, enganei-me mesmo. E vou ter de pensar melhor se reato o fio à meada ou promovo o hara-kiri final do blogue.
Está aí alguém?
Querem ouvir falar de política? E de futebol? E se fosse de botânica, hem?! Tenho andado embevecido estes últimos tempos pelas ruas de Lisboa a olhar para cima. Olhar para cima - é a palavra de ordem de mim para mim neste momento. Olha esta é uma Tipuana tipu, o orgulho da Bolívia, temos tantas. Aquela é uma Liquidambar styraciflua, que dá uma resina saborosa, mastigável, os índios da América que o digam, terá sido mesmo esta resina a origem e inspiração da pastilha elástica E sobretudo as liquidâmbares aqui da Avenida João XXI estão a ficar lindas à medida que o Outono vai avançando. Querem que vos mostre? Ainda hoje tirei fotografias. Querem lá saber?! Bem me parecia.
Adeus até ao meu regresso.