terça-feira, 31 de agosto de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Louçã marca penalty a favor de Cavaco

Que santo! Que democrata! Que dono da bola! Que fazedor e desfazedor de reis! Ouviram o discurso de Louçã em Braga? Eu ouvi e fiquei estarrecido: «o BE é o único partido que se empenha convictamente na derrota de Cavaco Silva nestas eleições». Pois se é estamos lixados!

Cavaco está como o FêQuêPê neste campeonato e pode encomendar as faixas de campeão: quando está à rasca marcam-lhe um penalty a favor. Marca Louçã na própria baliza, no fundo está-se nas tintas para a vitória de Alegre.

Também sou dos que pensam que Cavaco podia ser vencido desta vez. Porque, como diz Louçã, ele é o candidato que «vetou a lei do divórcio, a paridade entre homens e mulheres, o alargamento dos direitos na união civil, que quis manter a criminalização das mulheres que abortaram, que se opôs ao casamento civil e que defendeu o Código de Trabalho e as privatizações e que acha que a austeridade deve governar o país».

E porque, como não diz Louçã, ele promoveu golpes e inventonas, como as primeiras páginas das escutas em Belém na véspera das legislativas, ele recebeu em plena crise do Freeport os agitadores do "pequeno partido" do Ministério Público, a quem aliás o BE dará todo o apoio nas comissões de inquérito estalinistas que liderou na AR em aliança com o que de mais reaccionário tem o PSD. E por aí adiante.

De resto, o líder do "único partido" empenhado na derrota de Cavaco, parecia que estava no PREC a defender o controlo operário na economia, a reforma agrária e as nacionalizações na saúde, o poder dos sovietes, em todos os sectores, só faltou proclamar: "os ricos que paguem a crise", "soldados unidos vencerão". E que responde o PS? Onde é que pára o PS? Falamos disso?

sábado, 28 de agosto de 2010

Sua Sumidade o Génio da Banalidade.....

Sua sumidade, o génio da banalidade, como dizia o grande Saramago, volta a atacar. Em Ourique, de onde, como D. Afonso Henriques, repartiu em campanha depois das férias (passadas na Capadócia como na imagem?), lançou este domingo duas banalidades de uma assentada: que não há revisão constitucional formalmente em curso e que o OE ainda não foi apresentado.

Alguém que lhe diga que não são as formalidades que contam mas a substância? Ou que esses são temas na agenda política nacional há mais de um mês por muito que lhe custe? Não houve: os jornalistas despachados para seguir o PR são escolhidos a dedo. E a campanha ainda agora começou.

Mais disse Cavaco ─ e é manchete no Público, quem diria? ─ que o Presidente da República "não espera instabilidade" por causa do OE. Ah, o guardião da estabilidade, nosso santo protector a bem dizer! Acontece apenas que ao dizer isso estava Sua Excelência a responder ipsis verbis ao Deputado Ricardo Rodrigues. A responder-lhe exactamente como o PSD quer.
Dá para entender?

A minha opinião é que tanto o PR como o PSD acham que o PS e o Governo estão a dormir na forma e assim querem que continue pelo menos até ao dia 9 de Setembro. A partir desse dia vale tudo: pode o PR promulgar todos os diplomas que as oposições unidas aprovem contra o Governo, que ninguém repara. Ainda esta semana promulgou um e o Governo que se desenrasque. Antes tinha promulgado o aumento dos ordenados dos Presidente de Junta sem cuidar do pormenor do cabimento orçamental. Segue-se mais um diploma impossível de aplicar sobre os professores, que todas as oposições estão de acordo e Mário Nogueira já deu o mote.

A guerrilha pode continuar. Mesmo uma guerra aberta em todos os azimutes. Cavaco para ser reeleito precisa de um governo fraco, impotente, contestado na rua e nos media, e ele, salvador, impoluto, acima de toda a suspeita, que dá o pau e a cenoura.

Defendo que o PS deve dizer ao País alto e claro que o momento é grave e é preciso um Governo na plenitude das suas funções. Se necessário deponha na Assembleia já esta semana uma moção de confiança e se as oposições unidas deitarem abaixo o Governo que se avenham com eleições em Novembro. Quanto mais tempo deixar passar, pior para o Governo. E sobretudo para o País.

A minha rentrée política: que viva o i !


Andei por aí o mês inteiro, Portugal e arredores, exclusivamente, e não foi por indicação de Cavaco que não fui, ainda, com a minha Maria, à Capadócia. Regresso com algumas novas disposições. A primeira é que volto a ser fan do Jornal i e o que lá vai lá vai. Pode não acertar sempre mas tem pontaria, como se prova pela edição deste fim-de-semana.

O i tem a rebeldia, a imaginação, a actualidade, o talento, a juventude, a arte de bem escrever, do Libération, do El País, do Independente, quando apareceram. Com uma vantagem: não está formatado para servir de trampolim na carreira política do seu actual director, Manuel Queiroz não tem a vocação de Paulo Portas, e isso é muito bom para a imagem e a credibilidade do jornal.

Gosto do i, compro, leio e recomendo o i. Este é o meu primeiro voto, na rentrée.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Forrobodó nos professores: a luta continua

De férias no Norte, leio mais o Jornal de Notícias e arrependo-me sempre de não o fazer mais vezes, o JN é provavelmente o melhor jornal do País. Em dias sucessivos, pôs a nu o descontrolo em que estão as pensões e o pagamento de horas extraordinárias dos professores.

Se era preciso uma prova que este Governo não tem autoridade para governar, como pretendeu Passos Coelho no Pontal, ela aí está. E estou mais de acordo que foi um bom discurso de um líder da Oposição que quer desgastar o Governo, do que um tiro de pólvora seca, como pretendem, a uma só voz, Jerónimo de Sousa e Marcelo de Sousa - serão da mesma família?

Errada, a resposta do Governo: não pode passarf a vida a gritar vem aí lobo, o que o PSD quer é uma crise política. Se estivesse a governar como devia, a resposta que se impunha era desafiar o PSD a apresentar uma moção de censura, uma vez que para tal não lhe faltaria o apoio do PCP e do Bloco, que estão todos os dias na rua a censurar o Governo.

A situação no ensino, desde que Maria de Lurdes Rodrigues foi sacrificada na altar das demagogias, é de desnorte completo. O mesmo se passa na Justiça, onde o ministro diz que está disposto a ouvir o que o Procurador tem a dizer, enquanto o seu secretário de Estado fecha todas as portas e janelas: "o PGR tem os poderes que deve ter" e ponto final.

Em suma: na Justiça como no Ensino manda menos o Governo do que os contrapoderes (Cavaco diria "as forças de bloqueio"!) e assim o País não aguenta, afunda-se de vez. Ao que tudo leva a crer, passado o 9 de Setembro, não teremos poder nenhum durante mais de um ano. Com os sindicatos aos saltos e a Justiça na rua, como está, Sócrates, como seu homónimo na Grécia antiga, vai ser obrigado a beber a cicuta.

O Porto pode encomendar as faixas de campeão

Não vi o jogo do FêQuêPê com a Naval mas ouvi uns zunzuns: ganharam com um penalty caído do céu nos últimos minutos. Não me admira nada: o "Apito Dourado", que o ano passado ainda podia inspirar alguma vergonha na cara, foi enterrado. Bastaram umas pazadas de terra, algumas "petas" em audiência, as melhores das quais de "especialistas" encartados, que continuam em funções.

A juizita acreditou nas "petas" todas, nem lhe passou pela cabeça que árbitro comprado não tem que roubar o tempo todo, se a coisa correr bem nem tem que roubar nada. Basta estar garantido, eventualmente com uns "quinhentinhos" mas também pode ser com "fruta" fresca, que se for preciso intervém no momento certo. Com um penalti nos últimos minutos? É demasiado óbvio, mas não faz mal: a Justiça, da bola, branqueia tudo. Até pode ir receber a casa do Presidente: "Siga, siga, é sempre em frente".

Menos óbvio, mas tanto ou mais eficaz, é o que se passa noutros campos. Ponha-se uma equipa a dar porrada de criar bicho (eu disse "bicho"?) enquanto o árbitro deixar e que deixe muito! Ponha-se a outra equipa a ser punida cada vez que um seu jogador encoste, ou passe por perto, ou mostre ao adversário substituído o caminho do vestiário se andar perdido. Depois é só fechar os olhos a uns empurrões na área. É oiro sobre azul, um apito dourado, em todos os tabuleiros. Impunidade garantida.

Por isso eu digo: pela aragem se vê quem vai dentro da carruagem, esta primeira jornada é muito instrutiva. Libertos do apito dourado, o FCP pode encomendar as faixas... nem vale a pena ver os jogos que aí vêm.