sexta-feira, 28 de maio de 2010

Por que sobe Passos Coelho nas sondagens


Nervoso, barómetro que não sobe e desce todas as semanas, ou até todos os dias, de manhã e à tarde, deixa de ter interesse mediático e os membros do painel arriscam-se a ser dispensados. Dito isto, não deixa de ser sensacional a subida da cotação de Passos Coelho, que a Marktest coloca já à beira da maioria absoluta. Não me surpreende.

O novo líder do PSD não irrompeu na cena política com campanhas de ódio e ataques pessoais. Deixou isso para deputados afectos à anterior direcção, como Fernando Negrão e Aguiar-Branco, que persistem em alavancar o juiz de Aveiro ─ que em Espanha já estaria suspenso e a responder por prevaricação ─ na guerra perdida contra o Presidente do Supremo e o Procurador Geral da República.

Ou como Pacheco Pereira e Agostinho Branquinho, ou os seus homólogos do PCP, neste momento adulados pela imprensa de sensação, mas que passarão à História como os homens que para ajudar os procuradores de Aveiro tudo fizeram para que as escutas dos processos entrassem pela porta grande na Assembleia da República.

O novo líder, visivelmente, não sabia das escutas nem de coisas tenebrosas ainda não reveladas, como Pacheco e Ferreira Leite, durante a campanha eleitoral. E se agora sabe, se alguma gravação, mais ou menos manipulada, foi deixada no seu gabinete da São Caetano, facto é que não fez uso dela.

O que fez Passos Coelho foi falar de alternativas, discutíveis, suas, respeitar o adversário e ser respeitado. Deixar para a extrema esquerda (Louçã e Jerónimo) e para a extrema direita (Portas e Jardim) os discursos primários, a venda e promoção dos méritos da banha da cobra na política.

Ainda bem. Desde Marques Mendes, e com um pequeno intervalo quando Luís Filipe Menezes defendeu a aprovação do Tratado de Lisboa sem necessidade de referendo, que o PSD ao mais alto nível parece refém de dois grandes educadores ibéricos: Mariano Rajoy, que não é capaz de dizer meia frase sem insultar alguém, e Marcelo Rebelo de Sousa, que vive de picar os seus líderes e dar espectáculo.

Por falar de espectáculo: lembram-se de Marcelo, a analisar as campanhas dos candidatos, numa encomenda da SIC, salvo erro, na véspera da votação. Que Passos Coelho fora mais forte nos debates (era o que diziam todas as sondagens) mas a partir daí Rangel ganhara em toda a linha, Passos Coelho tinha acumulado erros. Por isso muito rigorosamente ele podia dizer estava ela por ela, chegava-se às urnas em situação de empate técnico. Palavra de professor sobre aqueles "alunos" em véspera de exame.

Pois bem, viu-se Passos Coelho ultrapassou os 60%, Rangel mal passou dos 35%. Passos Coelho fez bem em não se fiar no Grande Educador. E continuará a fazer bem se desprezar a cantiga que faz do insulto uma arma. Se ignorar os Marcelos, os Pachecos, os Saraivas, as Manuelas, os magistrados prevaricadores, e todo o poder dos sindicatos e dos lóbies.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Esta é que é a minha selecção...

... a outra é a selecção do Queiroz. Vejam o golo de Di Maria: istop, sim, é futebol

Também é futebol, do bom, o que jogou Fábio Coentrão, na outra selecção. Uma andorinha não faz a Primavera! A selecção do Queiroz não joga puto. Vem aí vexame e do grande. Que vai destapar "a porcaria" que é a Federação.

sábado, 22 de maio de 2010

Multa de meio milhão a quem publicar escutas


No meu tempo quem gostava de escutas era a PIDE. A gente era contra todas as escutas, existissem ou não, e às vezes não existiam. Agora, em Portugal, o PSD inteiro, tirando Mota Amaral, adora, promove e faz finca-pé nas escutas ─ o PCP também, mas "apenas" como meio de descobrir mais pistas de perseguição política dos adversários em devassa.

Também adoram escutas em Portugal os africanistas do Sol, o pessoal das negociatas do Correio da Manhã, os admiradores do jornalismo de bocas, grandes, de que é porta-estandarte a Manuela Moura Guedes, os órfãos de José Manuel Fernandes no Público, os prosélitos de Balsemão em seus variadíssimos palcos.

Aqui e lá fora, o vale-tudo das escutas é uma praga! Sobretudo quando aos apetites, doentios, dos adoradores somarmos os abusos, a falta de respeito pelas instâncias superiores, a militância basista ─ as prevaricações! ─ de grande número de juízes e magistrados, sindicalizados, os quais, aqui como em Espanha, e veja-se o que aconteceu ao juiz Baltasar Garzón, gerem a corporação e a Justiça, "como si fueran un gremio medieval dentro de um Estado Moderno" (artigo de José Manuel Gómez-Benítez no El Pais de hoje).

Pois bem, em Itália, os homens de Berlusconi ─ que governam com maioria absoluta e são da mesma família europeia que o nosso PSD ─ aprovaram uma Lei, neste momento no Senado, uma Lei para punir as empresas jornalísticas que publiquem escutas telefónicas, legais ou não, com "multas até meio milhão de Euros".

Deve ser a primeira vez na vida que, tendo em conta o que vejo por aqui, tenho tendência a estar de acordo com Berlusconi. Ir-lhes aos bolsos - não será essa a única vacina eficaz contra a pandemia das escutas?


sexta-feira, 21 de maio de 2010

As agências criaram os paraísos da especulação

Conspiração? Uma boca de Francisco Louçã? Não. Está tudo neste artigo de Miguel Boyer no El País publicado há duas semanas que só agora descobri. Sabem quem é o Miguel Boyer? O marido da Preysler? Também. Mas não esqueçam que foi ministro da Economia e das Finanças de Felipe Gonzalez, é um dos grandes impulsionadores do boom económico espanhol dos anos 80, esteve/está ligado à banca, é muito apreciado por Aznar, tem fama de conservador. E de competente.

Isto diz Boyer. Que "as agências de valoração", no passado, contribuíram poderosamente para a crise, sobrevalorizando e fazendo vender os hoje chamados activos tóxicos, a que davam na altura as máximas classificações AAA. Foram assim dos principais responsáveis ─ juntamente com a falta de regulação, o "menos Estado melhor Estado" (lembram-se?) ─, da bolha imobiliária americana e da euforia geral das bolsas.

Que fazem agora as mesmas agências de valoração? Vale a pena ler o que diz Boyer:

En estos primeros meses de 2010 la orientación ha cambiado: los que exageraron el optimismo y la confianza en el auge pasado ahora exageran, notoriamente, el pesimismo sobre la solvencia de las deudas públicas y privadas de un cierto número de países.

Lo mismo que hubo mucha gente que ganó dinero insuflando alegría a espuertas entre los inversores y los bancos, en esta delicada fase de incipiente recuperación económica y perentorias necesidades financieras, la propagación del pesimismo aumenta las primas de riesgo de los prestamistas de toda clase.

Es obvio que esto aumenta el coste de los créditos a los países que más los necesitan, neutralizando una parte del esfuerzo de los bancos centrales por mantener bajos tipos de interés, para impulsar la salida de la crisis. Es el paraíso de los especuladores bajistas

Em suma, propagando o optimismo balofo, enganaram os investidores e as instituições de crédito, que afundaram, mas encheram os bolsos dos especuladores, que ganharam rios de dinheiro a vender gato por lebre. Agora, exagerando o pessimismo, aumentam as margens de lucro dos mesmos especuladores, chamados a emprestar.

Razão teve Angela Merkel ao proibir a compra, a descoberto, dos títulos de tesouro alemães. Porque, como bem se compreende, é ganhar dinheiro apostando no desastre, empurrando para o desastre. Razão tem Obama ao pretender pôr nos carris os tubarães da Wall Street. Canalha!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Prevaricação dos juízes no caso das escutas?

Aqui não! Pode ser ilegal, mesmo inconstitucional, um deputado ouvir as escutas de um rpocesso. Pode ter sido ilegal, mesmo uma abuso, o juiz de Aveiro tê-las mandado. Só que não há por aí ninguém, como em Espanha, que acuse esses senhores de prevaricação.
Vamos por partes:

Diz o conselheiro Eduardo Maia Costa no seu blog sine die:
Tenho como seguro que a ingerência nas comunicações só é admissível em processo penal, tal como diz o nº 4 do art. 34º da Constituição, e que esta norma, pela sua excepcionalidade, é insusceptível de analogia.
Por isso, não sei o que estão a fazer as escutas telefónicas do caso "Face Oculta", que é um processo judicial, num inquérito parlamentar, que não tem a natureza de investigação criminal.
Boa pergunta! Estão lá porque o requereu o PSD de Pacheco Pereira (o dos setas para baixo!) ─ contrariamente ao PSD de Passos Coelho, ao que parece ─ o requereu pediu, porque o PCP, de Jerónimo de Sousa, tem uma curiosidade mórbida por essas coisas, e aparentemente ainda não se conformou com o desaparecimento do KGB.

Estão lá porque o BE e o CDS não se opuseram ao requerido pelo PSD de Pacheco Pereira, revelando agora alguma hipocrisia ao dizer que não querem "tomar conhecimento" das escutas que aceitaram mandar vir.

Mas sobretudo estão lá porque dois magistrados, o juiz António Gomes da Costa e o procurador João Marques Vidal, vencidos na questão das escutas ao Primeiro Ministro, saltaram sobre esta boa oportunidade de anunciar aos quatro ventos que... "a luta continua!".

É inconstitucional? Vão dizer isso ao constituinte e jurisconsulto Costa Andrade, deputado do PSD durante mais de 20 anos, incondicional dos magistrados de Aveiro (e de Pinto da Costa!).

E não há uma acusação de prevaricação, como aconteceu em Espanha contra o juiz Garzón, por mais esta eventual ilegalidade, abuso de poder, dos magistrados de Aveiro? Não há. Não há porque a disseminação das escutas pelos deputados só pode ter como objectivo baralhar ligeiramente as pistas das fontes quando tudo aparecer escarrapachado nos jornais com acesso privilegiado às tais fontes judiciais e políticas.

A ironia desta estória é que desta vez vai ser muito difícil a um qualquer Enes da TVI ir à Assembleia da República insinuar que foram dois deputados "do PS" que lhe deram a informação. Pacheco Pereira, Jerónimo, os magistrados das escutas, os sindicalistas de serviço vão ter de assumir as culpas que têm.

Culpas perante a opinião pública, apenas e só. Ninguém acredita que algum dia a Justiça corporativa que temos possa consentir que os homens das escutas, a qualquer nível, sejam chamados à pedra. Que não há Justiça, só um arremedo dela, e controlada pelos sindicatos de magistrados! Esta é a razão primeira da crise que vivemos.

domingo, 16 de maio de 2010

Invejas de classe "defenestraram" Garzón

Garzón "defenestrado" pelos seus pares. Como Miguel de Vasconcelos, o primeiro iberista, no seu tempo, se me permitem a provocação. Ou como os fascistas levantam cabeça em Espanha e e é de chorar.

Ou como as invejas de classe são as mais perigosas das invejas, e o povo nada pode contra elas. Veja-se em Portugal o que os tipos do Ministério Público (com o denodado apoio do PP português) fizeram àquele seu colega, Lopes da Mota, que gostava de discutir Direito, que tinha como "crime", no currículo, o ter sido chamado para uma secretaria de Estado da Justiça e ter aceite, cujas qualidades humanas e jurídicas o tinham levado a ser eleito pelos seus pares, de todos os países, para Presidente do Eurojust.

E veja-se agora em Espanha o que fizeram ao juiz Baltazar Garzón por ter querido investigar crimes do franquismo, tendo para tal tomado decisões passíveis de recurso, que foram recorridas, e alteradas, em toda a normalidade, pelos tribunais superiores. Que decisões? Considerar que existem fundados indícios de os falangistas, no seu tempo, e o ditador Franco, em primeiro lugar, terem cometido crimes imprescritíveis, universalmente considerados inamnistiáveis, genocídios, crimes contra a humanidade, que podiam ainda ser investigados, pelo que seria útil abrir as valas comuns, identificar os mortos, alguns deles pelo menos, e dar-lhes sepultura condigna, um mínimo de justiça, às suas memórias.

Garzón perdeu nos recursos e obviamente conformou-se como acontece todos os dias a todos os juízes. Fim de papo? Não em Espanha. Onde sobrevive uma organização chamada Falange, onde merecem acolhimento, e ajuda judicial, as teses de um sindicato dos ultras do franquismo, que usurpou o nome de "Mãos Limpas" aos martirizados juízes italianos das lutas anti-mafia. Onde um partido, o PP espanhol, se comporta como herdeiro e legatário do franquismo.

Falange, PP, Mãos Limpas, recorreram ao Supremo. Em termos, aliás, técnicamente impróprios. Mas um juiz do Supremo, que em tempos tinha mandado arquivar um caso de narcotráfico que Garzón mandou reabrir e fez furor nos media, resolveu "amparar" as petições dos ultras, ordenando a correcção dos erros em vez de as indeferir como "ineptas" que eram. Um juiz acintosamente parcial. Também negou provimento a todas as diligências requeridas por Garzón em sua defesa, com uma agressividade que faz lembrar o nosso procurador de Aveiro. E acusou Garzón de... prevaricação.

Por isso Garzón acaba de ser suspenso de todas as funções judiciais. Por unanimidade. O que é arrepiante, sobretudo quando se lê o despacho de Varella, as acusações do PP, as alegações dos fascistas espanhóis.

Nem tudo está perdido. Como dizia um poeta, ibérico, nosso,
"mesmo nos tempos mais tristes,
em tempos de servidão,
há sempre alguém que resiste,
há sempre alguém que diz não".
Falo do Juiz José Ricardo de Prada, que em entrevista ao El País, denuncia as vinganças em curso no aparelho judicial, as lutas pelo poder, que levam tudo à frente.

Também aconteceria em Portugal se um dia aparecesse um juiz com a coragem de Garzón! Descansem os corruptos, os narcotraficantes, os terroristas, os salazaristas, que não vai aparecer.



sexta-feira, 14 de maio de 2010

Papa veio meter o nariz nos nossos assuntos

Esta é a foto oficial da visita do Papa no site da Presidência, onde se vê um Papa intrometido e um casal de devotos. No final, o Papa a todos pediu "um impulso espiritual e apostólico" ─ diz O Correio da Manha (sem til), como aliás disseram todos, sobretudo as televisões, em dezenas de horas, com um unanimismo e um fervor religiosos que nem no Irão e na Arábia Saudita.

O devoto Cavaco Silva esteve escrupulosamente na mesma onda do Papa, e cito do Global, jornal gratuito: espera que a visita do Papa seja "um estímulo para o futuro", além de um "sinal de esperança" (qual?) e "de confiança" (em quê?).

Responde a mesma edição do jornal gratuito e na primeira página: o "impulso" papista é contra a despenalização (civil) do aborto (em algumas circunstâncias) ─ ah se a Igreja mandasse as fogueiras que atearia! O "estímulo" apostólico, que Cavaco recebe, é contra a promulgação dos casamentos gay.

Em suma, o Papa Ratzinger veio a Portugal "estimular" o Presidente da República a vetar uma Lei aprovada por grande maioria na Assembleia da República, veio impulsionar o apostolado, o proselitismo, a intromissão, ainda maior, da Igreja Católica nos assuntos do Estado.

Esperar-se-ia de um Presidente da República civil que pusesse os pontos nos ii, que lembrasse ao ilustre visitante a separação da Igreja do Estado, que lhe dissesse sem tibiezas o que o Marquês de Pombal disse uma vez ao embaixador de Espanha: que em Portugal mandam os portugueses, que um homem é tão forte em sua casa que mesmo depois de morto são precisos quatro para o levar.

Infelizmente temos um Presidente da República pusilânime, servil com os estranhos, sem um pingo de amor próprio nacional. Já tinha dado provas sobejas de falta de personalidade quando há alguns dias na República Checa nem sequer teve a ombridade de proceder à defesa da honra do seu País insultado.

Foi esta intromissão intolerável do Papado nos nossos assuntos internos, que ainda por cima pagámos nós. Os aviões oferecidos, os helicópteros desviados do serviço dos doentes, as forças de polícia postas durante quatro dias à disposição de SS (Sua Santidade), Lisboa em estado de sítio, com cortes de trânsito que ficaram caros a toda a gente, uma semana, a bem dizer, com o País parado, todas as polícias mobilizdas, para o pagode ir ver o Papa, em suma, milhões e milhões de contos gastos e desperdiçados pelo Estado laico para nos vir um chefe religioso meter-se nos nossos assuntos internos.

Estive em Madrid estes dias: o que eles se riram da gente ─ do País parado, do estado de sítio, do servilismo oficial, do silenciamento das críticas à Igreja Católica que fazem manchete em todo o Mundo!

Vi uma reportagem da BBC a informar que o Papa, contestado "em toda a Cristandade", veio visitar provavelmente o único País, onde a contestação a este Papa não se põe. Que no sítio onde fica o Santuário terá a Virgem Maria aparecido e entregue a três crianças em 1917 uma mensagem anticomunista que os sectores mais conservadores da Igreja ainda hoje muito apreciam. O apresentador, antes de passar à notícia seguinte, desmanchou-se a rir.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Nem mais um tostão para a falsa informação


aqui se falou dos jornais a pataco que Alberto João Jardim garante aos madeirenses que lhe são afectos com o nosso dinheiro. Simples: o histórico DN da Madeira, porque se nega a ser incondicional do caudilho, custa 0,80 €, o JN, antigo jornal da diocese agora propriedade do Governo, só custa 0,10 €. E custa 10 cêntimos para poder receber os contratos, mais benefícios, leoninos, do próprio Governo, que o suporta.

Ilegal? Não é. O anterior Governo do PS ainda aprovou uma lei que punha cobro a tais situações. Mas perante a Oposição de Ferreira Leite e de Rangel, o tal da "claustrofobia democrática", Cavaco Silva vetou.


Jardim cortou ao DN qualquer parte na publicidade do seu Governo e de empresas por si criadas que são às centenas. Não contente com isso, deu ao seu Jornal da Madeira "42 milhões de euros na última década que corresponde a cerca de dois euros por exemplar". Eis o que acaba de determinar a demissão do director Luís Calisto.

Aposto que Cavaco Silva não virá a público clamar por transparência nas relações de um governo, de que ele é o padrinho (lembram-se da visita de Cavaco à Madeira?), com um órgão da comunicação social. Olha se fosse a PT a tentar comprar uma participação muito minoritária da TVI de Manuela Moura Guedes! Manuela Moura Guedes, heroína, santa e mártir da Pátria, padroeira da transparência, ao lado de Jardim, segundo escutas de Belém. Escutas, de escuteiros, obviamente, que eu não tive qualquer encontra na Avenida de Roma com Fernando Lima.

Aposto que nem Pacheco Pereira nem Agostinho Branquinho, nem muito menos Guilherme Silva, irão apoiar uma comissão de inquérito ao sufoco da democracia na Madeira (qual claustrofobia qual carapuça, ali é a sério!).

Aposto que ninguém quererá saber dos 42 milhões gastos numa década para apoiar o Jornal da Madeira, nem dos muitos milhões ao largo de várias décadas para pagar O Diabo do Continente, nem do forrobodó que salta à vista quando se visita a Madeira ─ estive lá em Fevereiro, antes das inundações e dos pactos contra natura que suportam Jardim, não é apenas Cavaco Silva que lhe pega ao colo, sempre que o menino faz birra.

Aposto que ninguém vai querer saber das ribeiras aprisionadas pelo betão, quando se tem dinheiro a mais, cumplicidades em Portugal e se conseguiu esmagar todos as veleidades de crítica interna.



terça-feira, 11 de maio de 2010

Esta é que é a minha selecção


10 de Maio de 2010 — Vídeo feito por Guilherme Cabral que foi mostrado por Jorge Jesus aos jogadores do Benfica no balneário antes do último jogo...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Desde os 6-3 que Queiroz odeia o Benfica

Eu sou pela alegria do Povo, como nesta foto do jornal "A Bola", pelo que não me resta outra solução senão denunciar o que é deprimente: esta não é a minha selecção, não é a selecção do meu País, é a selecção de Queiroz (Queiroz não é aquele treinador do Real Madrid dos galácticos que perdeu cinco jogos seguidos?).

A selecção de Queiroz, a panelinha, com alguns jogadores discutíveis a defender de imadiato outros jogadores discutíveis, não me diz nada, provavelmente nem vou ver nenhum dos seus jogos. Eu quero lá saber da performance dos Liedsons, dos Brunos Alves, dos Meireles, daqueles jogadores todos do FCP, incluindo o seu guarda-redes suplente. Pois que se lixe o Queiroz e quem o apoiar.

A não convocação de Quim, o melhor guarda-redes do campeonato português, assim como o desprezo votado a Carlos Martins e Rúben Amorim, não adianta disfarçar, é uma afronta ao Benfica. Uma vingança pelos 6-3 em Alvalade. O que revela é "a porcaria" que vai na Federação.

Pró raio que o parta! Restam-nos sempre os jogos do Brasil, da Argentina, do Uruguai ou do Paraguai para nos entretermos e apoiarmos os nossos.

domingo, 9 de maio de 2010

Em Inglaterra o Benfica já seria campeão


Sejam quais forem os resultados de hoje à noite, o Benfica fez uma temporada brilhante, marcou mais golos, deu mais espectáculo, ganhou mais público para o futebol: marcou 76 golos em 29 jogos, tem uma diferença, 76-19, de 57 golos a seu favor.

O Sporting de Braga pelo contrário apostou nas "encolhas", um golito, em contra ataque, na maioria dos jogos: apesar de alguns resultados melhorzitos nos últimos jogos, marcou apenas 47 golos, menos 29 do que o Benfica, menos 23 do que o terceiro classificado que marcou 70, tem uma diferença, 47-19, de 28 golos a seu favor.

Em Inglaterra, onde os propósitos dos dirigentes são melhorar sempre o futebol e fazer da Premierleague a melhor Liga do Mundo, o Benfica seria já praticamente o campeão, uma vez que não se prevê que o Braga possa marcar 28 golos na Madeira. Isto porque o primeiro critério de desempate em caso de igualdade pontual é a diferença de golos, o segundo o número de golos marcados, só em terceiro lugar aparece o critério dos resultados nos jogos entre os clubes empatados em pontos.

Com um argumento maior e definitivo: um campeonato é todos contra todos, a classificação deve valorizar e promover a marcação do maior número de golos, castigar o futebol defensivo, em todos os jogos.

Também penso, embora isto não venha agora ao caso, que fomos tratados muito injustamente nos jogos com o Braga: na Luz, roubaram-nos um penalty nos últimos minutos, em Braga fizeram-nos uma espera no túnel ao intervalo e da provocação resultou a expulsão do nosso ponta de lança.

Mas o que aqui importa é que as regras estão mal. Se por azar o Braga ganhar na Madeira e o Benfica perder com o Rio Ave (já aconteceu uma vez, em dois contra-ataques mortíferos, depois de um jogo inteiro de tiro ao muro), teremos um campeão que prefere a retranca ao risco de marcar e sofrer. É mau para o futebol.






sexta-feira, 7 de maio de 2010

Barafunda nas eleições britânicas e é bem feito!


Nos jornais, alguns jornais, a campanha foi um verdadeiro culto da personalidade, a promoção do Grande Líder e a demolição dos restantes. No final, repararam na barafunda em que terminaram as eleições britânicas e que já deu a volta ao Mundo?

Em dezenas de localidades centenas e centenas de eleitores depois de terem esperado horas nas bichas, foram impedidos de votar. Nem no Afeganistão, há um sistema que bata com a porta na cara aos eleitores que esperam à hora do fecho das urnas.

A dominação do sistema pelos caciques, "senhores da guerra", donos dos votos, manipuladores sem freio nos tabloides, não impediu esta baralhada monumental no fim da jornada

E são estes "donneurs de lessons" que vêm a Portugal ridicularizar as nossas políticas, fazer de Medina Carreira agora A Boa Fonte, o máxima, a única em que os britânicos devem acreditar, que tem tribuna na SIC Notícias, e a SIC, agora que a Manuela Moura Guedes está de baixa é o que mais parecido temos com a SKy de Murdoch.

A Sky, de Murdoch, como o The Sun, o Daily Mail, o Telegraph, o Times... é difícil encontrar um grupo de imprensa no Mundo mais despudorado numa campanha eleitoral como a que terminou. Todos dedicaram o melhor do seu "espaço noticioso" a arrasar Gordon Brown e Nick Clegg, este com a agravante de ser pró-europeu, casado com uma cidadã espanhola, defender uma amnistia para os emigrantes, alguns dos quais trabalham há décadas no Reino Unido, têm filhos e netos britânicos, mas continuam a ser tratados como marginais todos os dias pela xenófoba imprensa de Murdoch.

Pois morreram na praia. Não conseguiram que o Grande Líder Conservador com pouco mais de um terço dos votos conseguisse os 326 deputados necessários para governar sem controlo. Vão ter de negociar. Com um partido pró-europeu, inteligente, civilizado, que com mais de 23% dos votos obteve menos de 9% dos mandatos. No tal sistema feito à medida dos caciques, "senhores da guerra", donos dos feudos, onde nem uma segunda volta é permitida, e a representação proporcional, mesmo mitigada, é objecto da abominação dos media.

Segui dois dos três debates entre os líderes, uma novidade por lá. Porque gosto de debates: sigo com alguma frequência os debates na nossa Assembleia, regalei-me noites a fio com os debates entre Obama e Hillary Clinton, também apreciei os confrontos entre Zapatero e Rajoy, assim como o de Sarkozy com Ségolène, que deu a volta às eleições presidenciais francesas e valerá sempre a pena lembrar de vez em quando.

Retenho de bom, dos debates ingleses, o papel reservado aos jornalistas que estão lá para fazer falar e não para falar em vez dos protagonistas: limitaram a passar a palavra, fazendo cumprir os tempos das respostas, réplicas e tréplicas, previamente definidas, a introduzir as questões do público, rápidas e objectivas (tb se faz em Espanha com o "Tengo uma pregunta para usted"!). Compare-se um tal comportamento jornalístico com o dos opiniosos/as jornalistas televisivos nacionais.

De resto, com a falta de escrúpulos dos Murdochs, amigos de Balsemão, e uma organização do acto eleitoral digna do Afeganistão, as eleições britânicas foram um espectáculo degradante! Inventores da democracia? Sim, mas não esta. Manipulada, a cair de podre. Com que direito pretendem eles dar-nos lições?


terça-feira, 4 de maio de 2010

As fontes das agências de rating: Medina e a Sky


Está tudo doido. Acabo de ver na Sky News uma reportagem caceteira, primária, mentirosa, sobre a situação de pré-falência em que nos encontramos, com destaque, para o desperdício e estupidez das nossas políticas nos últimos 30 anos. Adivinhem quem foi a fonte: Medina Carreira, que foi ministro das Finanças, sublinha a Sky, e diz de Portugal o que Maomé não diz do toucinho.

O que a Sky não disse. Que Medina Carreira foi um ministro deprimente por um tempo curto há mais de trinta anos, e por isso foi corrido por Mário Soares quando fez uma aliança com o CDS. Que "enterrou" o governo do PS sozinho em 76-77, mas nem por isso o goveerno PS/CDS o quis, nem depois a AD, nem a seguir o Bloco Central, nem Cavaco de direita, nem Guterres de esquerda, ninguém lhe deu crédito durante mais de 30 anos. Até que...

... a crise das audiências, o vale-tudo de alguns ressabiados, órfãos de Kaulza de Arriaga, do apartheid, e do antigo regime, português, decidiram fazer dele um espécie de profeta da desgraça, oráculo da economia, ele que nunca passou de um advogado sofrível.

Medina-profeta é agora titular, residente, personalidade de referência, na SIC de Balsemão. E não só: atinge a internacionalização, é o único porta-voz credível para a Sky News, de Murdoch. Sky News, um canal anti-europeu, virulento, contumaz. Em 1991, na cimeira da primeira Presidência Portuguesa no Centro Cultural de Belém, a Sky conseguiu efectuar uma dúzia de intervenções, sem abrir, nem uma vez, o plano da repórter, para não se ver o bonito que era o CCB, ou os Jerónimos, ou a Torre de Belém, ou a Praça do Império, ou o Padrão dos Descobrimentos... Nem o Rio ela mostrou, nem o céu azul, incomparável, que temos.

Na cimeira do CCB as únicas imagens de Portugal que a Sky mostrou foram de um bairro da lata nos arredores de Lisboa. As únicas. Agora o único porta-voz da Sky, a imagem mais significativa deste País, é Medina Carreira. Estão bem uns para os outros.


sábado, 1 de maio de 2010

Um milhão de despedimentos? Vão ver os protestos !

Cuba debe despedir a un millón

de empleados estatales

Las plantillas infladas pasan factura al Gobierno, incapaz de pagar los sueldos

MAURICIO VICENT - La Habana - 01/05/2010


Um paraíso socialista é mais ou menos assim:
Un trabajador cubano dormita sobre una carretilla... Otro, sentado en un pedrusco, se limpia las uñas con un alambre. Sólo un tercero da unos golpes de cincel en un murete, tampoco demasiados. La escena es de ayer mismo, y esta brigada estatal que trabaja a las afueras de La Habana es representativa de lo que sucede en todo el país; en la Cuba socialista uno puede comer en una cafetería de 10 mesas atendida por 20 empleados, hay empresas con tantos inspectores y vigilantes como obreros y la plantilla nacional de dirigentes supera las 380.000 personas, casi un 9% de los trabajadores estatales.

E por aí adiante, leiam a reportagem do El País. Que dirá a isto o PCP, o Bloco de Esquerda e a CGTP/Intersindical?