No meu tempo quem gostava de escutas era a PIDE. A gente era contra todas as escutas, existissem ou não, e às vezes não existiam. Agora, em Portugal, o PSD inteiro, tirando Mota Amaral, adora, promove e faz finca-pé nas escutas ─ o PCP também, mas "apenas" como meio de descobrir mais pistas de perseguição política dos adversários em devassa.
Também adoram escutas em Portugal os africanistas do Sol, o pessoal das negociatas do Correio da Manhã, os admiradores do jornalismo de bocas, grandes, de que é porta-estandarte a Manuela Moura Guedes, os órfãos de José Manuel Fernandes no Público, os prosélitos de Balsemão em seus variadíssimos palcos.
Aqui e lá fora, o vale-tudo das escutas é uma praga! Sobretudo quando aos apetites, doentios, dos adoradores somarmos os abusos, a falta de respeito pelas instâncias superiores, a militância basista ─ as prevaricações! ─ de grande número de juízes e magistrados, sindicalizados, os quais, aqui como em Espanha, e veja-se o que aconteceu ao juiz Baltasar Garzón, gerem a corporação e a Justiça, "como si fueran un gremio medieval dentro de um Estado Moderno" (artigo de José Manuel Gómez-Benítez no El Pais de hoje).
Pois bem, em Itália, os homens de Berlusconi ─ que governam com maioria absoluta e são da mesma família europeia que o nosso PSD ─ aprovaram uma Lei, neste momento no Senado, uma Lei para punir as empresas jornalísticas que publiquem escutas telefónicas, legais ou não, com "multas até meio milhão de Euros".
Deve ser a primeira vez na vida que, tendo em conta o que vejo por aqui, tenho tendência a estar de acordo com Berlusconi. Ir-lhes aos bolsos - não será essa a única vacina eficaz contra a pandemia das escutas?
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