sexta-feira, 28 de maio de 2010

Por que sobe Passos Coelho nas sondagens


Nervoso, barómetro que não sobe e desce todas as semanas, ou até todos os dias, de manhã e à tarde, deixa de ter interesse mediático e os membros do painel arriscam-se a ser dispensados. Dito isto, não deixa de ser sensacional a subida da cotação de Passos Coelho, que a Marktest coloca já à beira da maioria absoluta. Não me surpreende.

O novo líder do PSD não irrompeu na cena política com campanhas de ódio e ataques pessoais. Deixou isso para deputados afectos à anterior direcção, como Fernando Negrão e Aguiar-Branco, que persistem em alavancar o juiz de Aveiro ─ que em Espanha já estaria suspenso e a responder por prevaricação ─ na guerra perdida contra o Presidente do Supremo e o Procurador Geral da República.

Ou como Pacheco Pereira e Agostinho Branquinho, ou os seus homólogos do PCP, neste momento adulados pela imprensa de sensação, mas que passarão à História como os homens que para ajudar os procuradores de Aveiro tudo fizeram para que as escutas dos processos entrassem pela porta grande na Assembleia da República.

O novo líder, visivelmente, não sabia das escutas nem de coisas tenebrosas ainda não reveladas, como Pacheco e Ferreira Leite, durante a campanha eleitoral. E se agora sabe, se alguma gravação, mais ou menos manipulada, foi deixada no seu gabinete da São Caetano, facto é que não fez uso dela.

O que fez Passos Coelho foi falar de alternativas, discutíveis, suas, respeitar o adversário e ser respeitado. Deixar para a extrema esquerda (Louçã e Jerónimo) e para a extrema direita (Portas e Jardim) os discursos primários, a venda e promoção dos méritos da banha da cobra na política.

Ainda bem. Desde Marques Mendes, e com um pequeno intervalo quando Luís Filipe Menezes defendeu a aprovação do Tratado de Lisboa sem necessidade de referendo, que o PSD ao mais alto nível parece refém de dois grandes educadores ibéricos: Mariano Rajoy, que não é capaz de dizer meia frase sem insultar alguém, e Marcelo Rebelo de Sousa, que vive de picar os seus líderes e dar espectáculo.

Por falar de espectáculo: lembram-se de Marcelo, a analisar as campanhas dos candidatos, numa encomenda da SIC, salvo erro, na véspera da votação. Que Passos Coelho fora mais forte nos debates (era o que diziam todas as sondagens) mas a partir daí Rangel ganhara em toda a linha, Passos Coelho tinha acumulado erros. Por isso muito rigorosamente ele podia dizer estava ela por ela, chegava-se às urnas em situação de empate técnico. Palavra de professor sobre aqueles "alunos" em véspera de exame.

Pois bem, viu-se Passos Coelho ultrapassou os 60%, Rangel mal passou dos 35%. Passos Coelho fez bem em não se fiar no Grande Educador. E continuará a fazer bem se desprezar a cantiga que faz do insulto uma arma. Se ignorar os Marcelos, os Pachecos, os Saraivas, as Manuelas, os magistrados prevaricadores, e todo o poder dos sindicatos e dos lóbies.

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