sexta-feira, 7 de maio de 2010

Barafunda nas eleições britânicas e é bem feito!


Nos jornais, alguns jornais, a campanha foi um verdadeiro culto da personalidade, a promoção do Grande Líder e a demolição dos restantes. No final, repararam na barafunda em que terminaram as eleições britânicas e que já deu a volta ao Mundo?

Em dezenas de localidades centenas e centenas de eleitores depois de terem esperado horas nas bichas, foram impedidos de votar. Nem no Afeganistão, há um sistema que bata com a porta na cara aos eleitores que esperam à hora do fecho das urnas.

A dominação do sistema pelos caciques, "senhores da guerra", donos dos votos, manipuladores sem freio nos tabloides, não impediu esta baralhada monumental no fim da jornada

E são estes "donneurs de lessons" que vêm a Portugal ridicularizar as nossas políticas, fazer de Medina Carreira agora A Boa Fonte, o máxima, a única em que os britânicos devem acreditar, que tem tribuna na SIC Notícias, e a SIC, agora que a Manuela Moura Guedes está de baixa é o que mais parecido temos com a SKy de Murdoch.

A Sky, de Murdoch, como o The Sun, o Daily Mail, o Telegraph, o Times... é difícil encontrar um grupo de imprensa no Mundo mais despudorado numa campanha eleitoral como a que terminou. Todos dedicaram o melhor do seu "espaço noticioso" a arrasar Gordon Brown e Nick Clegg, este com a agravante de ser pró-europeu, casado com uma cidadã espanhola, defender uma amnistia para os emigrantes, alguns dos quais trabalham há décadas no Reino Unido, têm filhos e netos britânicos, mas continuam a ser tratados como marginais todos os dias pela xenófoba imprensa de Murdoch.

Pois morreram na praia. Não conseguiram que o Grande Líder Conservador com pouco mais de um terço dos votos conseguisse os 326 deputados necessários para governar sem controlo. Vão ter de negociar. Com um partido pró-europeu, inteligente, civilizado, que com mais de 23% dos votos obteve menos de 9% dos mandatos. No tal sistema feito à medida dos caciques, "senhores da guerra", donos dos feudos, onde nem uma segunda volta é permitida, e a representação proporcional, mesmo mitigada, é objecto da abominação dos media.

Segui dois dos três debates entre os líderes, uma novidade por lá. Porque gosto de debates: sigo com alguma frequência os debates na nossa Assembleia, regalei-me noites a fio com os debates entre Obama e Hillary Clinton, também apreciei os confrontos entre Zapatero e Rajoy, assim como o de Sarkozy com Ségolène, que deu a volta às eleições presidenciais francesas e valerá sempre a pena lembrar de vez em quando.

Retenho de bom, dos debates ingleses, o papel reservado aos jornalistas que estão lá para fazer falar e não para falar em vez dos protagonistas: limitaram a passar a palavra, fazendo cumprir os tempos das respostas, réplicas e tréplicas, previamente definidas, a introduzir as questões do público, rápidas e objectivas (tb se faz em Espanha com o "Tengo uma pregunta para usted"!). Compare-se um tal comportamento jornalístico com o dos opiniosos/as jornalistas televisivos nacionais.

De resto, com a falta de escrúpulos dos Murdochs, amigos de Balsemão, e uma organização do acto eleitoral digna do Afeganistão, as eleições britânicas foram um espectáculo degradante! Inventores da democracia? Sim, mas não esta. Manipulada, a cair de podre. Com que direito pretendem eles dar-nos lições?


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