segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pelas "mais amplas liberdades" PCP apoia Pequim

Grandes democratas estes dirigentes do PCP, não haja dúvida. Após três dias de reflexão, que não é de ânimo leve que estas posições se tomam, eles aí estão a manifestar-se contra o Nobel da Paz atribuído ao Professor Liu Xiaobo. Preso e isolado nos curros do Aljube (perdão, na prisão de Jinzhou, que é ainda pior, eu vi no Camboja as prisões dos khmers vermelhos, uns filhotes da China comunista).

Quem já está a pagar as favas da "falta de credibilidadde" do juri norueguês é a mulher do laureado, a poetisa Liu Xiao, que foi de imediato sujeita a prisão domiciliária, e impedida de ver a família ou usar telemóvel. Mais "amplas liberdades" do que esta o PCP não consegue imaginar.

Que crime tenebroso cometeu Liu Xiaobo que lhe valeu 11 anos de cadeia na democrática República Popular da China (tão ou mais democrática do que a Coreia do Norte ─ diria Bernardino Soares!) ? Assinou um manifesto a pedir a liberdade de expressão e uma abertura pacífica do regime que um dia haveria de conduzir eleições multipartidárias.

Uma coisa assim, no esfera internacional, deixa o PCP possesso, tão patriotas que eles são!. Por isso apoiou o Pacto Germano Soviético entre Hitler e Estaline em 1940, contra os subversivos polacos, que haveriam de pagar o seu crime com duas invasões, dos nazis primeiro e dos soviéticos em seguida.

Por isso, apoiou o PCP a invasão e a ocupação sangrenta da Checoslováquia em 1968 pelas tropas do Pacto de Varsóvia que Álvaro Cunhal celebrou. Estavam em causa aquele género de indivíduos, como Vaclav Havel, que dez anos depois haviam de assinar a Carta 77 a defender uma abertura democratica... coisa que o PCP não confunde com "as mais amplas liberdades" que patrioticamente defende para Portugal.



terça-feira, 5 de outubro de 2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Isto vai dar para o torto, olá se vai!

As medidas anunciadas por José Sócrates, para o Orçamento de 2011, eram esperadas mas nem por isso são menos violentas, para todos. Segundo o Economist podem atirar o País para uma nova recessão, o que pode alargar a dimensão do défice, em vez de o reduzir, como na Irlanda.

Vem aí agitação e revolta ─ como na Grécia. Ou no Equador ! As televisões, as rádios ─ e os "jornais de referência"! ─ já começaram a mobilizar as tropas. E discordo de Freitas do Amaral: quem está a brincar com o fogo não é o PS e o PSD. É o jornalismo de combate que temos, em queda permanente de audiências, desesperado, mais do que as pessoas, que geralmente detestam demagogias.

O jornalismo de combate que temos, esse, sim, brinca com o fogo. Um fogo que insaciável pode virar-se contra si, como esta manhã os polícias amotinados em Quito, mas que lhes importa, desde que vendam! É o sistema !

Pior do que tudo: o Governo do PS não tem os meios para estas medidas. Desde logo não tem maioria, e o PSD não tem nenhuma obrigação de partilhar uma parte da impopularidade, afectando moderação de circunstância, enquanto os demagogos da extrema direita berram como possessos, enquanto os estalinistas do BE, mais do que os do PCP, incham como sapos.

O circo está montado. O sistema eleitoral foi desenhado para que ninguém tivesse maioria, para termos governos fracos, piões das nicas, toda a primazia às forças de bloqueio, aos poderes soberanos dos tribunais e dos media ─ excepcionalmente, os eleitores é que decidiram ter mais juízo do que os constituintes e quiseram governos de maioria.

Um sistema eleitoral assim não existe em mais nenhum País da Europa do Sul. Em Espanha, a solução foi apostar em círculos eleitorais pequenos, a grande maioria dos quais não tem mais de 5-6 deputados. Por isso, o PCE e os Verdes espanhóis só elegeram um deputado nas últimas legislativas, enquanto a Esquerra Republicana, comparável ao nosso Bloco pelo extremismo das suas propostas, tem 3 deputados.

Com 5 deputados estalinistas e assimilados, um país é governável, uma vez que os partidos regionalistas se revezam a dar a mão ao partido do Governo na aprovação do Orçamento, em troca de algumas vantagens, sem que os media levantem uma onda de indignação. Contrariamente ao que aconteceu em Portugal com o chamado Orçamento do queijo limiano, em que só faltou queimar na praça pública aquele deputado de Ponte de Lima.

Com a extrema esquerda mais poderosa da Europa, acima dos 20% dos votos, temos "revolução permanente" (além da extrema direita mais barulhenta do Mundo - claro que me refiro ao CDS de Paulo Portas !), temos o caldo entornado. Esta austeridade vai dar para o torto, olá se vai!

Sobretudo que vamos ter de viver assim. durante mais de um ano. Com o poder na rua? Pior: o poder real está nas televisões. Que já uma vez decapitaram uma direcção do PS, para desviar as atenções dos problemas pessoais de alguns dirigentes máximos da extrema direita - "Vocês sabem de que é que eu estou a falar", como dizia o Octávio Malvado. Desta vez, se no final da jornada ainda houver eleições, o PS pode baixar abaixo dos 21%, pior do que em 85, após o Governo do Bloco Central.