segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Lula e Ahmadinejad ─ aquele abraço!



Uma imagem vale mais do mil palavras: Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos meus heróis de juventude. Esteve no "combate", nem sempre pacífico, contra a Ditadura Militar brasileira, organizou greves e manifestações, lutou nas fábricas, desceu à rua. Os ditadores acabaram por ser corridos. O povo brasileiro ganhou. Lula é hoje o Presidente eleito do Brasil.

Se por estes dias o jovem Lula estivesse no Irão, do seu amigo Ahmadinejad, se tivesse feito um décimo do que fez no Brasil contra os ditadores, teria sido preso, torturado, condenado à morte, executado. O anti-imperialismo é fácil, é barato, dá milhões? E "aquele abraço" ? Não dá náuseas no Brasil? Aqui dá.

Irlanda na África do Sul? Só com referendo nos 32!



A Irlanda pediu à FIFA para ser admitida como supranumerária, em 33º lugar, num grupo com mais uma equipa, na fase final do Campeonato do Mundo de Futebol. Ora bem: acho que eles foram injustamente eliminados, houve erro grosseiro do árbitro, e mereciam ter direito à repetição, pelo menos, dos 30 minutos do prolongamento do último jogo com a França. Até aí tudo bem: se a Fifa estiver pelos ajustes nada a opor.

Agora uma vaga extra como pede a Federação Irlandesa ded Futebol ─ nem pensar. "Somos todos potenciais prejudicados" ─ deve ser a palavra de ordem em cada um dos 32 apurados. E como dizer isso à Irlanda de maneira que eles se sintam reconfortados. Simples: Put it on a referendum! Digo isto em inglês, para ter a certeza de que eles entendem do que estou a falar, lembro-me dessa frase num dos tablóides britânicos, que são de longe os jornais mais lidos na República de Irlanda.

Um referendo em cada um dos 32 e a Irlanda que espere, que sabe o que isso é. Se em algum dos países apurados ganhar o Não, pois adia-se o Campeonato, repete-se a votação, daqui a dois ou três anos, quem sabe, talvez cheguemos alguma conclusão. Não é assim na Irlanda? Pois será assim também em cada um dos 32.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O negócio do segredo de justiça

Palavras para quê? O que faz falta é imaginação. Imaginação como esta do Ministério Público a desviar as atenções (sei do que falo, andei por lá, dezenas de anos, a fazer a cobertura de vários processos para a RTP e para o Semanário). Por isso também dei "a merecida gargalhada com esta "notícia" do Jumento:

ESTA É MESMO PARA RIR

«Melchior Gomes, advogado de Manuel Godinho, foi hoje constituído arguido no âmbito do processo 'Face Oculta' por violação do segredo de justiça, avançou a TVI.

A Procuradoria-Geral da Republica diz que o advogado terá passado informações no dia 28 de Outubro, a uma televisão.» [Diário de Notícias]

Parecer:

No meio de toda esta bandalhice de fugas ao segredo de justiça o MP arranjou um culpado, é mesmo para rir à gargalhada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»


Ce n'est qu'un début: cortaram-lhe a mão

Imagem original, a de cima, cada um dos artistas segura o seu instrumento de trabalho. A imagem de baixo, sem a mão na bola, é do site francês da Gillette - uma revelação na edição de hoje do britânico The Sun. Supõe-se que na Irlanda a campanha será adaptada. O crime não compensa. O valor de Henry no mercado publicitário desceu a pique.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quando a Montanha vem a Maomé

Imagine, dentro de uns dez-vinte anos, naqueles terrenos do Aeroporto da Portela, enfim desactivado, uma montanha de mil metros de altura, com
  • neve e estâncias de ski de Outubro a Março,
  • escarpas rústicas com cabrinhas a saltitar de rocha em rocha,
  • falésias com dezenas de metros prontas para serem escaladas,
  • algumas quedas de água, especialmente concebidas para amenizar o clima nos picos do Verão,
  • um riacho a cantar pelo monte abaixo,
  • carreiros pelo monte acima para passeios pedonais,
  • um teleférico, para os preguiçosos, ou um bondinho, como no "Cristo-Rei do Brasil", a serpentear por entre as árvores agarradas às rochas a levar-nos lá acima,
  • miradouros, que nem o de Santa Luzia,
  • casas de artes e convívio, a ver a cidade, que nem o Santiago Alquimista,
  • e tudo o mais que lhe passa pela cabeça como parte de uma montanha afável a construir por homens bem dispostos e não pelos míseros e mesquinhos, que dizem mal de tudo, que falam de cátedra, dos púlpitos do escárnio e mal-dizer, nos "mentideros" das rádios e das televisões.

Imagine, uma vez sem exemplo, pense pela sua cabeça, sonhe, que diabo, não custa nada! Bem sei que a Helena Roseta não deixa, e muito menos o Sá Fernandes, que combateram o túnel do Marquês, que ia ser uma tragédia, lembram-se?, quanto mais uma ideia dessas, arrojada que se farta!

Pois uma ideias dessas esta a fazer o seu caminho em Berlim. Abriu-se um concurso de ideias, já começaram a circular as fotografias de como vai ser. Delicie-se com elas. Envie-se a si próprio um postal de Berlim, com o futuro à vista. Agora que erigiram todos aqueles edifícios fantásticos naquela parte dos bairros destruídos para que os berlinenses não pudessem aproximar-se do Muro de Berlim, os berlinenses não param de sonhar, não param de sonhar, camaradas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

...não foi ela (Lima), fui eu (Cavaco)

Não entendo o coro dos ofendidos contra a promoção do Fernando Lima na hierarquia de Belém depois do grande sucesso mediático que foi a operação das escutas. Nem podia ser de outro modo: "feitos relevantes em combate". Aposto que não sai de Belém sem a cruz de guerra.

Acho bem. Fica bem claro do que a casa gasta! Para mim, desculpem se pareço gabar-me, sempre defendi, designadamente aqui e aqui, que em Belém ninguém larga um traque sem o Cavaco mandar.

Por isso o Público avançou com as manchetes das escutas dois dias seguidos com a garantia explícita de que não seria desmentido.

Por isso o Expresso fez aquela manchete de que o Presidente ia dar um puxão de orelhas aos deputados (coisa que afinal depois não fez que já não era preciso!), como se tivéssemos voltado ao tempo do Professor de Santa Comba.

A promoção, vendo bem, faz lembrar aquela anedota do Bocage e desculpem o vernáculo: "O peido que aquela senhora deu não foi ela, fui eu". Sem ofensa para o Bocage, que não estava a falar a sério. Cavaco está. Por isso promoveu aquela senhora.

domingo, 22 de novembro de 2009

As saudades que eles têm do Muro e da RDA (2)

PCP defende manutenção das escutas para processos futuros. Como as da Stasi, um dia, nunca se sabe. Por isso, por isso, aquela catilinária do Avante contra as comemorações da queda do Muro, lembram-se?

A mão de Henry e a honra da França

Não estou a brincar. A mão de Henry ─ que o árbitro não viu e deu o apuramento à França para a África do Sul ─ está a provocar um debate dramático, que caiu em voo rasante, como mosca na sopa, na grande questão da política francesa do momento: a preservação e o reforço da identidade nacional. La main de Thierry Henry et l’identité nationale! Como se vê.

Sarkozy ao proclamar o primado da identidade nacional francesa, lançou a primeira pedra, a bem dizer, deste debate. E vale a pena lembrar que o fez quando um grupo de energúmenos ─ jovens franceses, de origem magrebina ! ─ vaiou a Marselhesa num outro desafio de futebol, um França-Argélia, no Parque dos Príncipes, salvo erro, e não mais parou, até hoje. Que dá votos. E Sarkozy sabe tocar cordas sensíveis e chamar os bois pelos nomes. Como nos distúrbios das "banlieues" há dois anos quando "a canalha" incendiou milhares de carros durante dez dias.

A "a ideia da França", como dizia De Gaulle no seu tempo, é "virtude", é "coesão", é "grandeza" e o seu hino nacional, respeitado em todo o mundo, celebra valores que honram os franceses: a noção de justiça, uma vida partilhada de honestidade, exemplaridade, para o resto do mundo. É uma espécie de "França, ame-a ou deixe-a" e Martine Aubry, líder do PS francês, considera que é uma vergonha por parte de Sarkozy opor a identidade francesa à imigração.

Que é que isso tem a ver com a mão de Henry? Tudo é política. Foi jogo sujo e a lisura de procedimentos é, ou pretende-se que seja, uma marca identitária da França. Como se viu nas repetições, o jogador desvia com a mão a bola do alcance do guarda-redes, atirando-a para o pé, e centrando para Gallas, que faz o golo. Claro que é batota! Claro que é uma vergonha a França ser apurada desse jeito.

É um exagero dar-se importância nacional a um episódio de futebol? Sou dos que acham que o jogo devia ser repetido e que a Federação Francesa devia ter a coragem de aceitar a proposta da Irlanda, e do próprio Henry, envergonhado, cujo valor de mercado desceu em flecha com a batotice, e contrariar o treinador Domenech, o qual, segundo Cantona, é "o pior que a França teve desde Luis XVI". A comparação só prova que tudo é política, porque Luís XVI, a jogar futebol, só se foi com a própria cabeça depois do episódio da guilhotina.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Todo o poder aos sovietes de professores!


E esta, hem?! Ministério pede às escolas para cancelarem a avaliação. Quem o anuncia é Mário Nogueira, líder sindical e dirigente do PCP. A Ministra? Não diz nada, entrega-se. Bem me parecia que ela era/é um erro de casting. Com muito jeito para contar histórias da carochinha, eventualmente. Uma nulidade a conduzir uma politica de educação que sirva os interesses do País, capaz de resistir aos lobies. Qual PREC nem meio PREC ! O que temos é o poder dos sovietes.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Solene corno" ─ diz o juiz ao marido queixoso

Luiz Henrique Castro da Fonseca Zaidan é um "juiz leigo" (estagiário?), de muito mérito literário, sólida cultura e personalidade forte. Confrontado com uma demanda cível por parte de um marido traído que requer uma indemnização por danos do ex-amante da mulher, nega-lhe provimento, argumentando culpas do autor, que seguramente terá falhado na assistência à esposa e assim terá dado azo à situação em que se encontra de... "solene corno". Um juiz sem papas na língua, como pode ver por este extracto da sentença:

(...)Vale dizer que é cultural, no Brasil, que os homens ´possam´ trair e as mulheres (esposas) não - porque tem o dever moral de serem ´santas´ ou submissas, porque serão as mães dos filhos deles. Há um ditado antigo da época dos senhores de engenho, que diziam: ´pais, prendam suas ´cabras´ que meu ´bode´ está solto, só que, com o passar dos séculos a mulher deixou de ser submissa e está atuante no mercado de trabalho, recebendo o mesmo salário do homem quando ocupa uma função pública. Porém, isso não acontece ainda no trabalho privado.

A mulher está recuperando milhares de anos na escravidão e dependência do homem, ou seja, atualmente ela está se emancipada e indo à luta, batalhando e trabalhando ´como um homem´ (no dizer dos machistas) - ela conquistou o ´direito´ de querer e até de exigir um tipo de relacionamento e de sexo satisfatório e um ótimo desempenho do parceiro e não mais ficar na condição passiva - ela não é mais a que espera e obedece.

O homem de hoje não é mais o ´substrato econômico de uma fêmea insignificante´ e, com alguns homens, no início da ´meia idade´, já não tão viris, o corpo não mais respondendo de imediato ao comando cerebral/hormonal e o hábito de querer a mulher ´plugada´ 24hs, começam a descarregar sobre elas sua frustrações, apontando celulite, chamando-as de GORDAS (pecado mortal) e deixando-lhes toda a culpa pelo seu pobre desempenho sexual. E aí, há o descompasso - mulheres, às vezes, já na pré-menopausa, quase livres do ´fantasma´ da gravidez, no geral com mais tempo livre, com a revolução dos hormônios, carência, fragilidade, desejam um sexo com maior freqüência, melhor qualidade e mais carinho - que não dure alguns minutos apenas, mas que se inicie num olhar, num beijo, numa promessa p/ mais tarde - a arte da conquista - o macho que mostra suas ´plumas´ bem antes do acasalamento. Quando isso vai morrendo, há dois caminhos mais comuns - umas se fecham, ficam deprimidas, envelhecem, ´murcham´ - outras, buscam o prazer em outros olhos (que não as viram jovens), outros braços, outros beijos e se sentem felizes, amadas, desejadas, poderosas! e traem - não traem simplesmente como homens que, no geral, buscam quase somente a satisfação carnal do momento, traem de coração, rejuvenescem, desabrocham.

As mulheres se apaixonam e, principalmente, sentem o ´doce sabor da vingança´ - meu marido não me quer, não me deseja, me acha uma ´baranga´ - (azar dele!) mas o meu amante me olha com desejo, me quer - eu sou um bom violino, há que se ter um bom músico p/ me fazer mostrar toda a música que sou capaz de oferecer!!!! Daí um dia o marido relapso descobre o que outro teve a sua mulher e quer matá-lo - ou seja, aquele que tirou sua dignidade de marido, de posseiro e o transformou num solene corno! quer ´lavar a honra´ num duelo de socos e agressões, isso nos séculos passados, porém hoje acabam buscando o Poder Judiciário para resolver suas falhas e frustrações pessoais. Mas se esquece que ele jogou sua mulher nos braços de outro que soube ouvi-la, acarinhá-la e fez renascer o viço, a alegria, a juventude e, que, principalmente, não a coagiu, não a violentou, não exigiu o ´debitum conjugale´ e, sim, a levou pela mão por caminhos floridos talvez nunca percorridos.

Por isso, depois, num ato de arrependimento o traído resolve ser magnânimo e ´perdoar a adúltera´, recebê-la de ´volta ao lar´ como se nada fora - é como se ele houvesse permitido a ela um vôo solo - ´mais linha na pipa?´ Como fica o outro, que não matou, não roubou, não tripudiou, apenas fez alguém feliz, alguém que precisava dele como de água no deserto.... ele será difamado, execrado, sua profissão abalada, seus valores perderão o sentido??? Acredito que não, aí não cabe ônus ao outro - ele apenas satisfez o desejo de uma pedinte - é crime? não; pecado, não!!!! e se houve a violência da parte da vítima da infidelidade, o outro deverá ser ressarcido por danos morais e sair de cena como entrou - com dignidade - e a vítima da infidelidade que vá a um psiquiatra aprender a lidar com seus fantasmas, que cuide de sua saúde física e mental, que nunca ´jogue na cara´ dela o ´perdão´ concedido - deixe-a com sua auto-estima renovada e não perca de vista que ´a nega é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro´ é apenas a letra de um samba e que um pássaro que aprende a voar livremente não se adapta mais à gaiola.... só se muito bem cuidado.

As pessoas, principalmente as mulheres, acreditam muito no casamento e no ´casaram e viver felizes p/ sempre´ - esse é um bom final p/ filmes, livros, histórias da carochinha.... porém, na vida real, isso é quase impossível - o amor tem que ser cultivado, alimentado, sempre! como bem dizem os chineses, em sua sabedoria ´levar avante um bom casamento é como administrar uma fazenda - é preciso começar tudo de novo, todas as manhãs.

(...)

Brilhante! O "juiz togado" (titular?) homologou o projecto de sentença do juiz estagiário Fonseca Zaidan, um nome a reter, na magistratura judicial, do Brasil. A notícia e o texto integral da sentença podem ser lidos aqui.

Ah como é diferente a Justiça em Portugal!


Mau tempo na Justiça

Vale a pena ler a análise de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa sobre "Os inimigos do Estado de Direito". Na negra hora que passa, em que uma santa aliança de magistrados sindicais com jornalistas escolhidos se coloca em estado de insurreição militante, ostentatória, designadamente contra uma ordem do Presidente do STJ que ordenou a destruição de escutas ilegais e ilegítimas, eis o que vemos, ouvimos e lemos, e não podemos ignorar.
Assino por baixo e recomendo.
Talvez também valha a pena interrogarmo-nos por que razão a ordem do Presidente do STJ, proferida há mais de dois meses, ainda não foi cumprida. Ainda estarão a ser feitas cópias e montagens seleccionadas, a distribuir pelos jornalistas amigos, para jorrar como "fontes negras" nos próximos tempos, sem possibilidades de desmentidos, uma vez que já terão sido então destruídos os originais? E haverá justiça contra mais essa campanha previsível de calúnias quando para acabar com as violações actuais a melhor solução que se tem, por parte de quem tem o dever de fazer respeitar a lei, é que... os políticos que alterem a lei, eu se dependesse de mim divulgava as escutas?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As saudades que eles têm do Muro e da RDA

Referido Entre as Brumas da Memória: eis o que os militantes do PCP devem pensar sobre a queda do Muro e tudo o que se lhe seguiu, as saudades eles têm da RDA, 20 anos depois:
...voltámos aos tempos da guerra-fria. Não é inocente que passados 20 anos o capital se mostre tão agressivo e se lance numa intensa campanha sobre a «queda do muro». Particularmente a burguesia alemã que ao longo da História tem recorrido sistematicamente ao militarismo, ao assassínio de democratas e revolucionários, ao trabalho escravo, inventou a industrialização da morte e o extermínio em massa nas câmaras de gás, pretende agora apresentar os acontecimentos de 1989-1990 que conduziram ao fim do socialismo e da República Democrática Alemã como um processo «revolucionário» ou «libertador» e aproveitar a ocasião para representar a farsa do seu «amor à democracia».

Vem tudo no Avante, jornal oficial do PCP.

Mais vale olhar a asperatus alterosa

uma nuvem nova à sua espera, como relata o obvious. Irá chamar-se asperatus alterosa? Voto que sim.

"Lavoisier e as escutas", segundo Valupi

Cito do Aspirina B, um blog "antianalgésico, pirético e inflamatório", que não lhe doam as mãos:

Na Justiça portuguesa nada se prova, mas também nada se perde, pois o PSD tudo transforma em miserável chicana política.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Governo de juizes com "jornalistas" por dentro

Ao que isto chegou! Um "governo de juízes" é isto mesmo: Não se pode escutar, sem mais nem menos, as três mais altas figuras da hierarquia do Estado, incluindo o Primeiro-Ministro legítimo e legitimado? Por isso não seja a dúvida: arranja-se um processo de primeira instância em que seja suspeito um amigo do PM, coloca-se sob escuta, e há-de encontrar-se um juiz que valide essas escutas. E um corpo de agit-prop, com antenas privilegiadas junto do processo, bem experimentado, que inunde os jornais de confiança com carradas de especulações.

Não tardará haverá jornalistas e deputados, em uníssono, a sugerir/exigir ao Primeiro-Ministro, a este e a todos os que hão-de vir, mas quando vierem já ninguém se lembra, que dê um prémio aos prevaricadores revelando a ele próprio o teor das conversas, ilegalmente gravadas. Que estará em causa, dirá um qualquer jornalista, de preferência já condenado e bem condenado por violação do segredo de justiça, que "o regime joga a sua própria cara e dignidade". O regime, nem Alberto João Jardim diria mais.

Tudo porque juizes e procuradores, e alguns jornalistas, puseram a pata na poça e não sabem como esconder esta estranha ideia que neste governo de coligação juizes-jornalistas vale tudo, e quando a violação da Lei não for suficiente, exige-se das vítimas que estendam o pescoço à degola, invertendo alegremente, jornalistas e deputados, o ónus da prova.

Há que dramatizar, está dado o mote, ao director-ajunto do Correio da Manha (disse manha, sim senhor), aliam-se dois vice-presidentes do PSD, Aguiar-Branco e Mota Pinto, a própria Manuela Ferreira Leite, enfim. Nada de mais: que o PM se imole no altar dos sacrifícios, que a Justiça está à rasca e os jornalistas também com a campanha que lançaram e caiu num impasse.


domingo, 8 de novembro de 2009

Não dou nada por este Governo

Estava à vista com a formação do Governo, como notou Miguel Sousa Tavares a semana passada no Expresso: este Governo fica a perder por comparação com o anterior, foram sacrificados praticamente todos os ministros que não tiveram dúvidas em fazer frente aos lóbies, que eles, sim, põem e dispõem na governação.

O "agachamento" do Executivo já tinha começado com a promoção de Ana Jorge, a ministra da Gripe C, a Gripe da Comunicação, que ela promove há meses com as suas aparições dia sim dia não na Televisão e é tudo o que faz. Sócrates promoveu-a a cabeça de lista por Coimbra. E foi em Coimbra, não sei se repararam, que o PS teve o seu pior resultado: perdeu metade, 3 em 6, dos seus deputados. Como "prémio" continua ministra. Imposta pela Ordem dos Médicos e por Manuel Alegre, que estranha aliança!

O "agachamento" perante os lóbies já começou a vir ao de cima na Educação, onde a ministra Alçada, contradizendo o Primeiro-Ministro durante o próprio debate do programa de Governo, não se coibiu de disparar, e disparatar, contra a equipa em que é suposto jogar. A Ministra Alçada é em minha opinião um erro de "casting", não tarda a enterrar, de vez, o pouco que resta das marcas de carácter, coragem e determinação que deram duas vitórias a José Sócrates.

Este Governo é fraco, como se viu, o Presidente está cada vez mais abespinhado, agressivo e dissimulado, a tentar cavar a sepultura do Governo e a insistir nas suas teses económicas "únicas e exclusivas". Pode ser que receba um Nobel da Economia, mas depois de empurrar o País para um buraco de que não sairemos tão cedo.

A guerrilha anterior às eleições está a regressar a todo o vapor. Ouviram as diatribes de João Palma contra o PGR e as reacções exacerbadas de António Martins contra "o seu" (nosso é que não é!) Conselho Superior da Magistratura? Dá medo! Hoje em Portugal qualquer cidadão sabe que não basta ser sério, cumpridor, amigo de todos, generoso e exigente, consigo próprio, tolerante, justo. Se cair nas "malhas da Justiça" pode ser destruído num ápice! Que a Justiça é uma lotaria, senão é que... está entregue aos bichos!

Quando os sindicalistas fazem a lei, como acontece na Justiça (e se prepara na Educação, numa aliança histórica da extrema esquerda com a extrema direita parlamentares, com o aval do extremo Presidente que temos) o que os cidadãos podem fazer é mesmo... meter-se em casa, que a rua ocupa-a quem as TVs querem, e ter medo.

Talvez seja isso a tal "asfixia democrática" que como na fábula do lobo alguns começaram por atribuir aos outros.

De qualquer maneira, em Janeiro, se lá chegarmos com vida, "chumba" o Orçamento e, embora isso não seja automático, cai o Governo, três meses são suficientes para desgastar este governo flagelado. Sobretudo se, como lhe recomendou Francisco Assis, entre a espada e a parede preferir a espada, que sempre é uma morte mais digna e a preferida de Sócrates, ouvi-o dizer, na longa marcha da co-incineração.

Portas e Louçã já começaram a queixar-se desta potencial tentação do Governo para resistir de cabeça alta às manigâncias que ambos lhe preparam. Se preferir morrer como touro na arena, em vez de ficar bandarilhado, a sofrer, por tempo indeterminado, é certo e sabido que... a culpa será do touro... O que povo quer é espectáculo.

sábado, 7 de novembro de 2009

Festival de Cinema do Estoril


Estou em todas neste Festival do Estoril, que comecei ontem e recomendo vivamente.
Uma amostra: hoje, sábado, temos entre outros O Laço Branco, de Haneke, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, a antestreia do último de Fernando Lopes, Os Sorrisos do Destino, o mais completo documentário sobre a Guerra Civil Espanhola, La Guerra Filmada (que não vou ver), um intrigante filme catalão Le Petit Indi, que já vi. Para al´
em das Robert Frank Sessions, da retrospectiva de Juliette Binoche e do mais que aí vem.
O problema é não se poder estar em dois lugares ao mesmo tempo e ter este vício burguês de comer uma ou duas vezes por dia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pacheco Pereira ─ diz-me com quem andas!

Estes são os livros que Pacheco Pereira anda a estudar: panfletos da Democracia Nacional, associação da extrema-direita espanhola, contra a União Europeia.
Como se vê, no seu blog .

Leva o caminho de Jacques Doriot, que começou radical de extrema-esquerda, nas juventudes comunistas francesas no princípio dos anos 20, e acabou fascista e colaboracionista no final dos anos 30, no chamado Partido Popular francês? Veja-se esta apreciação, muito a propósito, de João Pinto e Castro, assinalada pela Câmara Corporativa:

SEXTA-FEIRA, NOVEMBRO 06, 2009

Da série "Frases que impõem respeito" [377]

    Pacheco Pereira promete ser a voz do Jornal do Crime na Assembleia da República.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Outra vez?! Ao Everton?! Sem problemas no túnel?!

Saviola (right) was superb as an attacking force for Benifica

Javier Saviola and Oscar Cardozo scored as Benfica deservedly defeated Everton in the Europa League ─ diz a BBC e tem razão.

É o que acontece quando não nos expulsam ao intervalo
o nosso ponta-de- lança.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Juncker e Fischer: os melhores para a Europa!

O Tratado de Lisboa vai entrar em vigor no dia 1 de Dezembro. Finalmente! Do que conheço, e nos meus tempos de jornalista conheci praticamente todos os Estados-membros, o que faz falta agora é eleger para os dois altos cargos duas personalidades pró-europeias, capazes de dar voz à Europa e fazer avançar a solidariedade e a coesão social.

Por mim se houvesse sufrágio universal na União Europeia para a designação dos dois altos cargos previstos na Tratado de Lisboa, votaria sem a mínima hesitação em...
  • Jean-Claude Juncker, para Presidente do Conselho Europeu e
  • Joschka Fischer, para Alto Representante para a Política Externa e de Segurança.

E se fosse na RDA a rejeição chegava aos 99,9%

A facilidade com que os gajos do PCP e do BE fazem seus os votos do PSD e do CDS.! Vejam aqui e pasmem:

Infelizmente para o autor do post, o Muro caiu, faz agora vinte anos, e deixou de ser possível juntar os votos todos no mesmo saco.


terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Democracia tem regras

Não vejo como o Parlamento pode impor numa suspensão da avaliação dos professores. Trata-se de uma medida governativa em curso. A Assembleia não governa, legisla, controla o Governo (pode fazê-lo cair, pode mesmo impedir que entre em pleno funcionamento, basta-lhe rejeitar o programa), pode chumbar o Orçamento de Estado (o que seguramente vai fazer em Janeiro) mas não pode suspender ou anular actos avulsos do Governo. ´

Por isso se diz que não temos um "governo de Assembleia", como no tempo de Robespierre, nem "um governo dos sovietes", como na época de Lenine, de Trotsky e de Estaline.

A Oposição tem maioria, é verdade. E entende-se com facilidade, está unida. Mota Soares, do CDS, diz exactamente o mesmo que Helena Pinto, do BE, a qual dá o mote para o que vai dizer Aguiar-Branco, do PSD, apenas Bernardino Soares, na forma, diverge ligeiramente dos demais. Ouviram as reacções ao programa do Governo?

Entende-se com facilidade, a Oposição está unida, "e jamais será vencida", na condenação da avaliação dos professores, que entra na segunda fase se o Programa do Governo não for rejeitado. Pois rejeitem o Programa do Governo. Isso a Oposição pode fazer. Não pode é governar e continuar a ser Oposição.

Há regras. A Oposição, mesmo estando unida no Parlamento, não pode, como se fez uma vez no tempo de Salazar, aprovar uma lei a anular uma sentença de um tribunal. O Salazar também não podia, e era ditador. Lembro-me como, quando comecei os meus estudos de Direito, antes do 25 de Abril, na Faculdade de Direito de Lisboa ─ na qual os professores eram todos "salazaristas", com a excepção do Palma Carlos e do Olavo, "especialistas" convidados ─ como a grande (única?) crítica ao Governo em várias cadeiras era aquela decisão judicial que tinha sido anulada por decreto!

Que Paulo Portas, mau aluno de Direito, já esteja a publicitar o decreto que tem em mente para resolver a avaliação ─ não me admira nada. Portas não tem escrúpulos.

Que o Bloco de Esquerda também ache que a coisa se resolve por decreto - está-lhes no sangue. Ainda recentemente apoiaram o Manuel Zelaia, das Honduras, que pretendia levar a referendo, e não podia, a possibilidade de se recandidatar ao lugar de Presidente. O Bloco aceita a Constituição enquanto não puder acabar com ela. Do que ele gosta mesmo é de um "governo dos sovietes", da "revolução permanente". O voto é apenas "uma forma de luta", como disse Miguel Portas, na "luta" que o levou a Bruxelas.

Agora que o PSD alinhe nisso é que causa impressão. Os governos de Assembleia acabam geralmente mal.