sexta-feira, 31 de julho de 2009

Um Presidente guerrilheiro contra os partidos todos

Toda estas tricas do Estatuto dos Açores podiam ter sido resolvidas há um ano sem dramas nem polémicas. Bastava que o PR em vez da comunicação dramátiera à Nação (parecia que ia demitir o Governo) tivesse levado os seus problemas quanto ao Estatuto dos Açores, todos de uma vez, ao Tribunal Constitucional. O TC ter-lhe-ia dado rapidamente razão (dá sempre, e com toda a rapidez, como agora se viu) e o País teria ido para férias descansado (talvez nem chegássemos a entrar em crise de desconfiança, psicológica, como aconteceu em Setembro).

O Presidente preferiu o show off, mobilizando os seus peritos em agitação e propaganda, que é para isso que os pagamos, apostando numa guerrilha que sabia de antemão que não podia perder, tendo em conta as circunstâncias: um TC centralista e desconfiado com as autonomias, disposto a tudo para impedir que o Presidente tivesse de perder cinco minutos a ouvir o presidente da Assembleia Regional dos Açores no caso de querer dissolver aquele órgão regional. A tanto o queriam obrigar, que desaforo, felizmente que temos este Tribunal Constitucional tão cioso dos privilégios, e tão guardião, do seu querido Presidente da República.

O Presidente sabia que ia ganhar e podia tê-lo feito há um ano e ninguém falava mais no assunto. Preferiu prolongar a guerrilha durante um ano inteiro: é assim que ele entende o regular funcionamento das instituições. Sabia que ia ganhar não apenas porque sabia tinha o TC no bolso, mas porque tinha um partido, o seu, disposto a fazer-lhe o frete de submeter as dúvidas remanescentes ao mesmo TC, mesmo depois de ter votado afirmativamente uma vez, na Assembleia Regional dos Açores, duas vezes, na primeira versão na Assembleia da República, três vezes, na segunda vez na AR, e de se ter abstido, na quarta vez que o diploma, revisto e alterado, acabou por ser votado.

O PSD portou-se como um partido sem carácter. Aprova, aprova, aprova, abstém-se por fim, e a seguir, com total má fé e absoluta desfaçatez, faz queixinhas ao TC das decisões que ajudou a tomar. A mando de quem?

A mando da mesma pessoa que prolongou inutilmente esta polémica de lana caprina durante um ano inteiro. E que no final da guerrilha, ao passar sob o Arco do Triunfo, com todos os jornalistas a aplaudir, ainda teve o topete de atacar todos os partidos em bloco, que deviam pensar mais no que andam a fazer.

Podia ao menos ter absolvido expressamente o partido, que lhe fez o frete, o seu, quando condenou todos os outros, todos. Paulo Rangel já o fizera aliás a noite passada nas rádios e televisões. Com todo o despudor. PSD e PR estiveram bem um para o outro nesta guerrilha de trazer por casa. Uma vergonha.


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