quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em França há justiça, em Portugal não

Um tribunal de Toulouse acaba de condenar a três meses de prisão um jovem de 21 anos que há um ano mandou à ministra da Justiça Rachida Dati dois SMS, um a insultá-la outro a ameaçar "de rebentar com tudo em Toulouse". A ministra apresentou queixa e em menos de 48 horas descobriu-se o autor das mensagens, um jovem de 21 anos, e a maneira como tinha o jovem descoberto aquele número do telemóvel reservado.

A defesa do jovem foi que "tinha querido divertir-se", mas o procurador francês não se deixou convencer: estigmatizou "a asneira e a imaturidade" deste tipo de comportamento. E o juiz condenou, sem contemplações, o jovem que mandou as SMS e a amiga que lhe tinha arranjado o número privado da ministra.

Ah como é diferente a Justiça em Portugal! No dia 3 de Março um jornalista (e por isso obrigado ao cumprimento do seu código deontológico), de 35 anos (e não de 21 como o brincalhão que insultou Rachida), publicou/publicitou num jornal (e não por SMS, privado, entre duas pessoas) um artigo que começava assim: "Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte da Cicciolina". E continuava no mesmo tom pelo artigo inteiro a bolsar insultos soezes e difamações notórias sobre a "licenciatura manhosa" do PM (que os tribunais já tinham decidido com trânsito em julgado não ter nada que se lhe apontar), sobre o comprometimento na corrupção do Freeport (que ainda hoje resta a provar) e por aí adiante.

O PM apresentou queixa, como fez Rachida Dati em França. Que fez o MP português, que decidiram os tribunais da Pátria ? Que o sr. João Miguel Tavares, grande vedeta dos media e da blogosfera, com amigos extremosos no Blasfémias, no Delito de Opinião, no Cinco Dias, no Arrastão (ou não fosse ele destacado militante do Bloco de Esquerda!) mais não tinha feito do que exercer o seu direito à liberdade (de insultar o Primeiro Ministro legítimo do seu País? O tribunal não deu o insulto, nenhum dos insultos, como provado, sequer).

João Miguel Tavares saiu em ombros. Ainda não foi condecorado pelo Presidente Cavaco Silva, mas essa falha não tardará a ser reparada, estamos em crer. Tem já a admiração ( o aplauso e o incentivo sindicais?) dos juízes e dos procuradores. É adorado na extrema esquerda. Cantado na extrema direita, do PSD e do CDS. Vedeta nas rádios e televisões. Depois do que aconteceu ao Nuno Álvares Pereira não me admirava nada que acabasse canonizado.

Assim vai a Justiça em Portugal. E quem disser que a há é porque que não tem mesmo nenhuma vergonha na cara.

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