terça-feira, 7 de julho de 2009

Prós & Contras - Um relatório e contas

Ontem passei pelo Prós & Contras duas ou três vezes mas não consegui aguentar: deu para ver que tínhamos pela frente mais uma sessão de escárnio e maldizer, desesperante, destrutiva, caceteira, cinco contra um, e o que importava era a quantidade de murros e dentadas desferidas. Entendi que ali não tinha notícia, era mais do mesmo, a continuação da campanha violentíssima das europeias, que as oposições ganharam por dez a zero, apesar de algumas jogadas vistosas de Vital Moreira, bem contrariadas pela generalidade da imprensa, nos últimos dias do tempo regulamentar.

Pois bem, vejo por alguns relatos que desta vez o 5 a 1 (com Fátima Campos Ferreira, como sempre, na baliza das oposições unidas que, assim, jamais serão vencidas) poderá não ter dado os resultados esperados. Que Augusto Santos Silva, afinal, poderá ter saído vivo da refrega, ou mesmo ter levado de vencida o inimigo superior em número, agora que o exemplo edificante do Santo Condestável em Aljubarrota voltou ao catecismo, como na religião oficial do Estado Novo. Que, no cômputo final, a notícia pode ter sido, afinal, o homem que mordeu o cão, um clássico exemplo de uma grande notícia. Só por isso não resisto à tentação de vos citar aqui a síntese do debate, segundo Valupi, no Aspirina B:

Santos Silva esmagador é a norma. Ele tem as informações, a boa-fé e a literacia. Não precisa de mais para anular opositores que não comungam destes mínimos. Num Prós & Contras em que estava só contra 4, acabou fresco e a malhar forte e feio em adversários reduzidos à impotência. Desconcertante.

Morais Sarmento é aflitivo. Não faz a menor ideia da imagem de fragilidade e confusão que passa à audiência ao tentar raciocinar em directo. Representa muito bem o PSD pós-Cavaco, e por isso tem feito parte do núcleo duro do partido desde Barroso. É também por comparação com ele, e figuras como Aguiar-Branco, que se louvam as qualidades de Paulo Rangel; ou seja, a sua suposta excelência nasce, afinal, de não ser politicamente indigente como os colegas de partido.

Luís Fazenda é um tractor ideológico. Inútil conversar com este mecanismo, o seu rumo está traçado e há uma batalha da produção demagógica para vencer. Deve deitar-se todas as noites com o sentimento do dever cumprido. Coloca a cassete com cuidado na mesinha de cabeceira e adormece em paz.

Carlos Carvalhas chocou-me pela sua caducidade. Desconheço se há algum quadro clínico que a explique, ou se é fenómeno natural. Seja como for, o PCP ficou muito mal representado.

Nuno Melo é um bronco. O bronco queque, beto, cagão, armado ao pingarelho, rebentando de vaidade e acinte. Fiel sucessor de Portas, é mais um coveiro do CDS.

Pelo que vi, menos de metade, também me pareceu mas não tenho a certeza. Adoro em especial o retrato de Nuno Mello, o justiceiro dos Ferraris, que no CDS o Povo adora carros topo de gama, quem não gostaria, só lhes falta o candidato Vieira a prometer um Ferrari a cada português se o CDS ganhar as próximas eleições! De resto tenho muitas dúvidas que os telespectadores distraídos, que são o público habitual, queiram mesmo saber de quem teve ou não teve razão. A política, à portuguesa (à espanhola também, segundo o António Vitorino) é um espectáculo de porrada e ponto final. Ganha quem der mais. Um contra cinco? Só nos filmes americanos é que Santos Silva podia ter ganho.

2 comentários:

  1. O ministro SS é muito sólido politicamente. Conheço-o bem... é difícil surpreendê-lo porque se prepara até à exaustão quando sabe ao que vai. Falta-lhe qualquer coisa para poder aspirar a voos mais altos - um pouco de carisma e outro alfaiate, já ajudavam. Mas é um osso duro de roer para qualquer adversário político.

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  2. ...Santos Silva só nos filmes americanos podia ter ganho... e...na realidade do debate e confronto político em Portugal... ups... os aversários também escorregavam com frequência...

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