PS: 36,6%;PSD: 29,1%;CDS/PP: 10,5%BE: 9,9%;CDU: 7,9%
Ainda falta contar essa coisa ridícula (só existe em Portugal!) que são os deputados pelos emigrantes, uma espécie de consolação para o facto de os emigrantes serem impedidos de votar, como devia ser seu direito, nas suas terras de origem. Isto é que a composição do Parlamento português na próxima legislatura deverá ser a seguinte:
PS: 97-98;PSD: 80-81;CDS/PP: 21;BE: 16;PCP: 15.
Curiosidades e consequências lógicas (depois falaremos das outras):
Primeira: A vitória do PS, por si, não serve para nada. Porque não pode governar sozinho e seria bem imprudente que o tentasse, depois da agitação permanente, as sabotagens e os bloqueios, a que está sujeito. Mesmo que o seu programa passasse na Assembleia. Os poderes que se lhe opuseram ─ no Parlamento, na Presidência, nos tribunais, nas corporações, nos sindicatos, nas ruas, nas televisões ─ ganharam um novo fôlego, como se viu nos discursos "de vitória", do Bloco, do PCP, do CDS e da maioria dos comentadores encartados.
Segunda: Ninguém se quer coligar com o PS e foi o que expressamente proclamaram o PSD, o CDS, o BE e a CDU. Todos fizeram sua a célebre máxima daquele anarquista espanhol: Hay gobierno? Soy contra. E como são todos homens e mulheres honrados vão manter o que disseram. Em resumo: não me admiraria nada que como na Bélgica daqui por oito ou nove meses ainda estivéssemos à espera da formação de um novo governo.
Terceira. É a vontade do Povo, que é soberano, imensamente sábio, infinitamente bom. Está tudo bem quando acaba bem, ou, como dizia o Candide, se o Povo votou assim tinha as suas razões e o futuro provará como está tudo bem no melhor dos mundos. "Há Paz em Varsóvia!" durante algum tempo (quanto?) pelo menos.
A prazo, eu bem avisei, como sabem os poucos que me lêem, vem aí... "o estoiro da boiada". Na URSS, em 1917, ocorreu num 7 de Novembro, depois de eleições que tinham dado a vitória a partidos moderados. Em Portugal, em 1910, foi num 5 de Outubro, depois de eleições que o Partido Republicano tinha perdido em todo o País excepto em Lisboa. Suponho que nas condições actuais, estando nós na Europa (contra a vontade de alguns!) "o estoiro" final ainda vai demorar algum tempo. O mais tardar, e bruscamente, no Verão, quente, quente, como nós, portugueses, gostamos tanto!
Até lá, gozemos da vida: hoje vou bicicletar no Paredão se os esbirros de Capucho me deixarem. E como está um sol bom, isso ninguém nos tira, talvez dê mesmo um mergulho no Tamariz. Carpe diem! Louvado seja o Povo nosso Senhor! E Deus me livre de dizer mal do soberano.
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