terça-feira, 1 de setembro de 2009

O que Manuela oferece ao PSD é um papel de calço

Diz Bertrand Russel que Aristóteles, enquanto tutor do jovem príncipe Alexandre da Macedónia, só pode ter sido visto por ele como um um “velho pedante e enfadonho” e por isso não se conhece qualquer referência de Alexandre Magno aos ensinamentos recebidos, nem Aristóteles se refere em qualquer das suas obras ao seu ilustre discípulo.

Ser-se “pedante e enfadonho” sempre foi um mau cartão de visita para um jovem, que mesmo quando já não “quer mudar o mundo”, pelo menos não desiste de “querer fazer coisas”. Calculo, por isso, a decepção dos jovens sociais democratas na sua Universidade de Verão quando lhes aparece pela frente uma “líder”, que tem como ponto principal do seu programa “travar” o eng. Sócrates. Que programa tão mobilizador!

Nas metáforas da política há os que querem ser “a locomotiva do progresso”, “o motor do desenvolvimento”, a via directa e necessária para os amanhãs que cantam. Dizem os manuais que o fundamental das mensagens que mobilizam as vontades e conquistam votos é aquilo que os americanos chamam “a televisão do futuro”, as generalidades que aquecem os corações, do género “pelo menos estamos a fazer tudo para que os nossos filhos amanhã possam ser tudo o que sonharem”.

Com Manuela Ferreira Leite, não. O mais empolgante que encontrou, para vender aos jovens, foi um papel de calço. Um calço às quatro rodas para “travar” a vontade de “avançar” que os adversários afixam nos cartazes.

Felizmente que os jovens do PSD, Manuela dixit, “não são como os jovens do PS” e não estão de acordo com tudo o que lhes diz a líder do Partido. Ainda bem que não se satisfazem com a política oficial do Não.

Com o “Não” ao TGV (que ela multiplicava por quatro quando era ministra de Barroso), com o “Não” à nova travessia do Tejo e o Novo Aeroporto, com o “Não” generalizado aos investimentos públicos ou avalizados pelo Estado, como nos Estados Unidos de Obama, tão vilipendiados pelos conservadores e homens de negócios que levaram à crise.

Suponho que os jovens do PSD, como os outros, gostariam mais de ser “aceleradores” de alguma coisa do que “travões”. “Não” aceitam que a avaliação dos professores seja travada para ser cometida de novo e em exclusivo aos camaradas sindicais . “Não” aceitam servir de travões aos pagamentos especiais por conta, no pequeno comércio e profissões liberais que fogem aos impostos, em tempo erigidos em lei pela própria Ferreira Leite.

Uf! Ainda bem. Teria sido "deprimente" se se conformassem com tanta ausência de perspectivas. Haja esperança!

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