Louçã contra Manuela Ferreira Leite e vice versa: deu gosto ver. Tenho que dar a mão à palmatória: se pusermos de parte os debates em que intervém Paulo Portas, um vendedor de banha da cobra, hiper activo, inspirado no BNP britânico, todos os outros, os que vi, têm sido correctos e esclarecedores.
É verdade - manda que se diga uma boa "política de verdade", e não a do manifesto do partido nazi - que a D. Manuela meteu os pés pelas mãos, designadamente quando afirmou: "Nunca falei em privatização da Segurança Social". Claro que falou, toda a gente se lembra. E o Carlos Santos, do Valor das Ideias, logo encontrou a prova escarrapachada num jornal da TVI, um dos muitos jornais da TVI, todos tão zelosos em promover a senhora. Vejam só o que ela disse nas Jornadas Parlamentares do PSD em Vilamoura:
«Não existe margem de redução de receita para conseguir colmatar qualquer tipo de aumento [de despesa]», alegou, apontando a eventualidade, por exemplo, de um crescimento das despesas com desemprego face ao valor previsto.
Redução da receita e aumento da despesa ? A baixa da contribuição das empresas para a segurança social é o quê? E o pagamento da diferença pelo Orçamento de Estado é ou não aumento da despesa? Diga-nos a verdade, não minta, apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo, como se vê pelo seguimento da notícia da TVI no seu "diário" digital:
«Questionada depois pelos deputados do PSD sobre as funções do Estado, Manuela Ferreira Leite respondeu que começaria por privatizar «aqueles sectores em que os privados já estão, como a saúde a educação».
«São dois sectores em que não vejo porque é que o Estado não se retira», disse, referindo que «antes pelo contrário, [o Estado] cada vez está a entrar mais».
Começaria por privatizar. Agora diz que quer "diferenciar", Como sublinhou "o Francisco Louçã", tão familiar que ela estava, "a Manuela Ferreira Leite" fugia do seu programa, de generalidades, como o diabo da cruz.
Mas, valha a verdade, a tal verdade, iria agarrar-se à cruz, contra o diabo, quando veio à baila aquela "modernice" do casamento de homossexuais. Francisco Louçã, até estranhei, pôs a questão em termos correctos: a quem é que isso incomoda? que direito "temos nós" de impor aos outros as nossas próprias concepções do que é bom e mau? quem se arroga o direito de interferir no "direito à felicidade" de quem quer que seja?
Esteve bem, Louçã, nesta matéria, porque não falou do "direito à adopção" por casais homossexuais. Que aqui, eventualmente, "o direito à felicidade" das crianças, no mundo em que vivemos, recomenda em nosso entender prudência, muita prudência.
Globalmente, à vista de todos, ganhou Louçã, o que não quer dizer nada: também ganhou a Cavaco Silva, 10-0, no debate das Presidenciais, e Cavaco foi eleito, e todos os dias revela os seus tiques de dono da verdade, de todas as verdades. Mas o estranho é... o verdadeiro "excesso de zelo" que parece ter atingido alguns dos seus amigos e eventuais aliados. E já não falo de Alexandre Relvas, de António Borges, de Pacheco Pereira, ou de qualquer "assessor" do Presidente da República.
Falo de Teresa Caeiro, do CDS, que no mesmo artigo do Sol Online dá a vitória no debate a Ferreira Leite sobre Louçã por 39 a 26 - ah a vontade de voltar ao Governo a quanto obrigas! E falo de António Filipe, que entre os dois aparentemente também preferiria Ferreira Leite: dá-lhe a vitória por 27 a 25 - ah como o medo, de perder para o Bloco, está a perturbar o raciocínio dos dirigentes do PCP!
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