quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Debates destes não interessam ao menino Jesus



Não vi o debate entre o Sócrates e o Portas. Primeiro porque era na TVI e eu não vejo a TVI, a não ser à quinta-feira, que tem o Miguel Sousa Tavares. Segundo porque em matéria de espectáculo tinha melhor: uma sessão de homenagem ao Bénard da Costa, na Cinemateca, com o último filme de Manoel Oliveira, as "Singularidades de Uma Rapariga Loura" (nada mau!) com a presença do realizador, do Pedro Mexia (muito formal, com um texto lido, e mal lido) e do Pinto Ribeiro, com um improviso lindo, perfeito!

Disse "espectáculo"? Pois disse. Foi um membro do gabinete Blair que explicou uma vez à SkyNews que estava muito ocupado em governar, não tinha tempo para "entreter" as plateias televisivas. Entendamo-nos: os membros do Governo britânico, que não deixam de ser, são obrigatoriamente, membros do Parlamento, e respondem frequentemente nele a toda a espécie de perguntas. Como em Portugal, isso faz parte da função de governar, em democracia, que tem a sua parte de espectáculo, nasceu na "agora" de Atenas.

O que não vejo em lado nenhum são debates do PM, em igualdade de armas, com todos e cada um dos líderes dos quatro partidos da Oposição. Algum dia viram em Espanha um debate televisivo de Zapatero com o líder da Esquerra Republicana? No Parlamento, sim. Com todos e o tempo que for preciso. Não há por lá um Jaime Gama, feito carraça, a mandar calar as pessoas quando começam finalmente a dizer coisas interessantes.

Disse "em igualdade de armas". Pois disse. Bem sei que com um artista do gabarito de Paulo Portas nunca há "igualdade de armas" possível. Ele é assim como aquele "compère" das revistas que tem sempre um trejeito final para concentrar em si os holofotes. Um mau colega.

Não vi, não li, mas ouvi... dizer. Portas fartou-se de interromper, de "fazer caretas", de fazer piscadelas de olho às câmaras. Não me admira nada: vive disso. E é bem feita: quem é que manda a Sócrates prestar-se a um papel de artista de feira, para "entreter" as plateias da TVI ?
Os jornalistas? Ora os jornalistas! Amam o Paulinho de paixão, ele é um deles, o mais talentoso, um modelo (não é verdade, Manuela Moura Guedes?)!

Se os políticos se prestam... problema deles!


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