Ao princípio da noite, na contagem dos votos, confirma-se a baixa popularidade de Chirac que não chega aos 20% dos votos validamente expressos: 19,88% é o score do líder da Direita. Mas, surpresa das surpresas, Jospin não é segundo, perde para o candidato da extrema-direita por 0,68%: Le Pen atinge os 16, 86%, Jospin não passa dos 16,18%.
A extrema direita obtinha o seu melhor resultado desde os anos 30; a extrema esquerda conseguia o seu melhor resultado de sempre:
- Arlette Laguiller, trostsquista, Lutte Ouvrière, fazia 5,72%;
- Jean Pierre Chevenement, ex-ministro de Jospin, juntava 5,33%,
- Noel Mamère, dos Verdes, também no Governo, congregava 5,25%;
- Olivier Besancenot, trotsquista, da mesma tendência que Louçã, subia aos 4,25%;
- Robert Hue, do Partido Comunista Francês, obtinha 3,45%;
- Christiane Taubira, do Partido Radical, faz 2,32%.
Isto é, se um só destes candidatos, ou todos em conjunto, tivesse menos 0,70% e Jospin os mesmos 0,70% a mais, a esquerda passava à segunda volta e provavelmente ganhava a Chirac. Não passou. A esquerda perdeu e nunca mais voltou à esfera do Poder. Foi humilhada. Pelaextrema direita. Muitos se declararam em estado de choque.
Porquê ? Como se apurou em seguida, muitos votantes do PS, incluindo militantes na campanha de Jospin, daqueles que andaram a distribuir panfletos e a colar cartazes, deram por garantido o resultado para que apontavam as sondagens, a ida de Jospin à segunda volta, e divertiram-se a votar Besancenot, um carteiro, jovem bonito, bem falante, ou Chevenement, o apóstolo dos movimentos de cidadãos, ou Taubira, uma simpática militante negra moderada, ou Mamère, um antigo jornalista televisivo muito popular, oráculo dos Verdes. E ao votar nos alternativos, deram cabo da única alternativa que a Esquerda tinha.
No dia 27 de Setembro, se Sócrates, porque lhe fugiram os votos, tiver um a menos do que Manuela Ferreira Leite, que é politicamente feia, mesquinha, má pessoa (um Pacheco Pereira de saias! um nojo de política!) temos a direita a governar sem partilha, no Governo e na Presidência, por muitos e muitos anos. Uma democracia, à imagem e semelhança da Madeira de Alberto João Jardim, com Cavaco como guardião.
Então é que vão ver o que a outra senhora queria dizer com a "asfixia democrática", eles bem avisaram. Em França, a direita ganhou em 2002, num bambúrrio de sorte, e nunca mais perdeu, mas mantiveram-se as práticas democráticas. Será assim em Portugal com uma aliança Jardim, Manuela e Cavaco? Não tenho a certeza. Você tem?
E se o PS ganhar mas não tiver maioria vamos ter manifestações permanentes, o cerco a S. Bento, ocupações em série, c'est la lutte finale!, os extremistas andam eufóricos, com as vitórias populistas na América Latina, com a o seu triunfo nas europeias, ninguém os pára, a "revolução permanente" tem uma ocasião única, em Portugal, novamente, como em 75, escapámos por uma unha negra. Pois não ouviram o que disse Miguel Portas sobre a superioridade da "forma de luta" das ocupações em relação à forma de luta, apenas isso, dos votos?
Nada a fazer? Anda toda a gente cega com o charme discreto dos nossos "radicais pequeno-burgueses de fachada socialista", como disse o Alvarinho, e na altura também se referia à minha pessoa? Vem aí um PREC que nem em 74-75?
Pois com o meu voto, não. Eu voto Sócrates. Que tem carácter. Que como Primeiro Ministro foi, e deverá continuar a ser, o melhor que anda aí.
Um novo PREC? Cruzes canhoto! Vire essa boca p'ra lá.
ResponderEliminarIsto do PREC, parece que traumatizou... tanto fantasma, que por aí anda e quem nos faz mal, são os vivos! os que estão no poder, a empenhar o País contínuamente. 15.000 euros, que já deve cada português que nasce?!
ResponderEliminarSe isto não fosse um País, cujas maiorias se alimentam de histórias fantasmagóricas e dessem a atenção, aos problemas reais, já estávamos com o mesmo desenvolvimento que a Dinamarca!
Temos de vir com fantasmas, para evitar a todo o custo, o desenvolvimento?! É o mesmo que dizer:- eles que nos roubem tudo, tudinho, que temos medo do PREC! APRE!!
Continuem a apoiar Barroso, pró bendito Neoliberalismo... afinal, não rouba tanto como o PREC! Isto agora também pouco mais há para roubar... já nem as consciências.
Zé, mais eucaliptos, não. Já nos chegam os da Portucel. Que venha a direita, estamos cá para a porrada. Em 2005 votei PS, como fiz tantas vezes já. Não gostei do resultado... e, descontando as campanhas negras e as urdiduras (que las hay, las hay), acho que Sócrates é um gajo "desenrascado", digamos assim, um tipo que toma atalhos sempre que pode.
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