sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Uma campanha alegre

Todos os partidos da Oposição ganharam as eleições de Setembro, não se podiam agora ir aliar à Situação, que foi punida, vendo bem só ela é que perdeu, em sufrágios e números de deputados, que importa isso de, apesar de tudo, ter tido mais votos, desde quando é que "ter mais do que os outros" é virtude, em Portugal?

A Situação não tem virtude e não é de fiar. Portou-se mal no passado, portar-se-á mal no futuro. Como é que ousa pedir namoro à gente, e para governar o quê?

─ Eu já te digo o que é governar!

Lembras-te como foi quando tinhas maioria no Parlamento mas minoria na rua, minoria nas televisões, minoria nas rádios e nos jornais? Agora vais ter minoria também no Parlamento. E ainda tens a lata de nos dizer: vamos dialogar?

─ Eu já te digo o que é dialogar!

Ainda o Governo não saiu da casca e já tem pela frente um campo de minas. A primeira delas: o PCP logo apresentou uma resolução para parar com a avaliação dos professores: "para testar a vontade de diálogo" ─ diz Bernardino a sério . O BE uma resolução para parar apresentou já: "para o diálogo provar" ─ ameaça Pureza a rir.

Aliás uma coisa dessas nem é preciso o PS votar a favor. Basta que as iniciativas do PCP e do BE tenham o acordo do PSD e do CDS, que o que mais querem da vida é... parar com a avaliação. Na tropa, no meu tempo, dizia-se: "ordinário, marche!" Aqui é mais: "ordinário, pare!

E tem contrapartidas, fáceis e deliciosas: na actual composição do Parlamento, para fazer avançar uma iniciativa do PSD e do CDS, e assim humilhar o Governo, o que dá gozo a todos, basta apenas que o PCP e o BE se abstenham. Amor com amor se paga.

Isto é: ninguém na Oposição quer governar com o PS, mas todos podem... fazer parar o que o PS governar. A morte deste Governo é uma questão anunciada.

Que nos partidos da Oposição são todos homens honoráveis e todos vão querer dar a sua facada a César no Senado. Para já, onde divergem um pouco, é no tempo e no modo de o fazer. Assim como naquele debate que contava o Eça na Campanha Alegre:
(...) tratava-se de decidir, a sangue frio, com argumentos e boa gramática ─ se os maridos deviam matar suas mulheres. O Sr. Dumas tinha dito com o charuto na boca, folheando a Bíblia ─ mata-a! Outros, fechando a navalha no bolso (que a tinham!) diziam generosamente: não a mates! Alguns vaudevillistas, entre uma bock e uma pilhéria ─ vai-a matando sempre! E outros acrescentavam, expondo que era necessário estudar mais a questão e consultar dicionários: por ora não a mates!
Nesta parábola, é evidente que a mulher adúltera é o Governo. O sr. Dumas é o Portas, está na cara. Os vaudevillistas são os do Bloco, uns artistas. Os outros, os outros... por ora não a mates, vamos estudar?! Só se for o Pacheco Pereira! E os que para já preferem guardar a faquinha no bolso? Gente generosa! Só mesmo o PCP.

1 comentário:

  1. Pois é, governar é uma chatice, dá muito trabalho. O mais divertido é mandar umas bocas, o mais odiosas que for possível, e assim brilhar nos palcos da opinião pública.É bem pago e não traz responsabilidades.

    ResponderEliminar