Grandes houve que votaram entusiasticamente o Tratado, praticamente por unanimidade, como a Itália (551 a 0, na Câmara dos Deputados, e 286 a 0, no Senado, 0 abstenções em ambas). Pois é: a Itália tem defeitos, a começar pelo seu Primeiro Ministro Berlusconi, só não é mal-agradecida.
Tem neofascistas e neocomunistas, eurocépticos e eurocomunistas, comunistas ortodoxos e comunistas convertidos à democracia burguesa, socialistas e democratas cristãos, radicais, nacionalistas, internacionalistas, separatistas e liberais. A Itália tem de tudo, só não tem caspa anti-europeia na cabeça. Agradece à Europa, sem complexos, toda a solidariedade que tem recebido dela desde o Tratado de Roma. Quer instituições renovadas e funcionais. Votou o Tratado de Lisboa sem o único voto contra.
A Itália é um grande País e o Tratado de Lisboa favorece os grandes? É o que dizem os antieuropeístas primários portugueses do nosso Bloco Comunista, mas não é verdade. Também há/houve pequenos Estados absolutamente pró-europeus e nada desconfiados, como Malta (65 a 0) e o Luxemburgo (47 a 1).
Idêntica maioria obteve o Tratado de Lisboa no Senado da Alemanha (65 a 0), onde estão representadas as 17 regiões, e onde os comunistas da antiga RDA, que obviamente se opõem à União Europeia, preferiam o Pacto de Varsóvia, ainda não conseguiram entrar.
De uma maneira geral, as votações a favor do Tratado de Lisboa foram esmagadoras ─ em Espanha (322 a 6, no Congresso, e 232 a 6, no Senado), na Roménia (387 a 1), na Estónia (91 a 1). Até mesmo na Irlanda, no segundo referendo, após longa reflexão, a semana passada: 67,1% a favor do Tratado de Lisboa, isto é mais de dois terços do sufrágio popular.
Em Portugal, o Tratado de Lisboa não mereceu mais do que uma aceitação mitigada (208 a 22), provavelmente porque a ele surgem associados os nomes de Sócrates e Barroso e porque sem a Europa teríamos sido presa fácil de todos os extremismos. Progredimos com a Europa, a Europa Connosco serviu-nos de protecção suplementar.
Os vencidos do PREC nunca hão-de perdoar. De facto, toda a extrema esquerda portuguesa, a mais numerosa e mais bem representada no parlamento nacional de toda a União Europeia (em alguma coisa havíamos de ser os primeiros!) esteve contra desde o primeiro dia: a 19 de Outubro de 2007.
Ainda não estava terminada a negociação na cimeira do Parque das Nações e todos os comunistas portugueses, os mais estalinistas tanto como os menos, já desciam à rua a clamar vingança. Obtiveram-na, em parte, dois anos depois, nas últimas eleições para o Parlamento Europeu.
Reforçaram-se nas legislativas. Têm boa imprensa. Amigos bem colocados em todas as televisões e rádios. O combate continua. Mas ou me engano muito ou os próximos tempos provarão que não vão a lado nenhum. Que não servem para nada. Nem os revolucionários portugueses nem os reaccionários polacos ou britânicos. Como veremos amanhã.
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