quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Ratificações do Tratado de Lisboa (2) ─ como é, como foi

Dissemos que de uma maneira geral, as votações a favor do Tratado de Lisboa foram esmagadoras. E que, comparativamente, a aprovação do Tratado de Lisboa, em Portugal, onde Lisboa se situa (208 a 22), foi pouco entusiasta, a pior dos "países da coesão".

Hoje seria ainda pior com a subida em flecha do Bloco, que quer "bloquear" a União da Europa e entende-se muito bem porquê, com a consolidação da CDU, contra desde a primeira hora, nunca enganou ninguém, e com o regresso ao poder no PSD dos soberanistas, como Pacheco Pereira, amigo e seguidor de Vaclav Klaus, da República Checa, Lech Kaczynski, da Polónia, e David Cameron, do Reino Unido.

Com Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira, nos lugares de Luís Filipe Menezes e Pedro Santana Lopes, é pouco provável que escapássemos ao referendo. E com a demagogia e as ideias curtas, que são timbre dos políticos anti-europeus, estaríamos agora a sair da crise, como a Irlanda, se entretanto Pacheco Pereira, o grande ideólogo do PSD, não tivesse convencido Cavaco a seguir os exemplos de Kaczynski, Klaus e Cameron.

De todos Cameron é o mais perigoso. Porque foi no Reino que a ratificação do Tratado de Lisboa obteve o seu pior (346 a 206 e 81 abstenções na Câmara dos Comuns, nos Lordes não houve contagem dos votos). E porque o Partido Conservador é declaradamente eurofóbico, neste momento tenta pressionar Kaczynsky e Klaus para que não assinem a ratificação, de maneira a que os conservadores consigam chegar ao poder antes de terminado o processo de ratificação dos 27.

David Cameron já anunciou que se isso acontecer pedirá a devolução dos instrumentos de ratificação depositados pelo Governo de Gordon Brown e promoverá um referendo. Para enterrar de vez o Tratado. Que os conservadores rejeitam com argumentos delirantes: "mil anos da História de Inglaterra que vão pelo cano abaixo". Leia o artigo todo, dê uma olhada pelo Daily Mail, pelo Daily Telegraph, pelo The Times, se pensa que estamos a exagerar. E tudo isto apesar de que tudo o que criticam não lhes ser aplicável porque foram objecto de cláusulas de exclusão.

Mesmo que o regresso ao poder dos conservadores já não vá a tempo de impedir a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, vários conservadores, entre os quais Boris Johnson, presidente da Câmara de Londres, defendeu ainda há dois dias, na Convenção Anual dos no Conservadores reunida em Manchester, que os Conservadores promoveriam uma consulta popular sobre o Tratado de Lisboa, quando chegarem ao Poder e qualquer que seja o estado do processo.

O que é que os súbditos de Sua Majestade fazem na União Europeia – é o que não se entende. Felizmente que no Tratado fica agora prevista e regulamentada a saída da União. Será quando o Reino Unido quiser e não deixa saudades.

Em suma estamos todos neste momento à espera do que fará Kaczynski, da Polónia, mais papista do que o Papa, e Klaus, da República Checa, cuja campanha contra o Tratado conhece todos os dias novas peripécias. A ver se se decidem. A tempo de evitar a bomba atómica com que os britânicos nos ameaçam a todos. Com o perigo aqui tão perto, ainda há quem se preocupe com o poder nuclear do Irão.

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