Tem de ter paciência, Mário David, sabemos que é uma pessoa importante no PSD e no Parlamento Europeu, mas diga o que disser o Sr. Václav Klaus da Checoslováquia, o Parlamento Europeu em Portugal não manda nada, e o PSD de momento também não. Nem sequer pode anular, ou impedir, um qualquer prémio lhe seja, ou tenha sido, atribuído.
Não estou preocupado com o Sr. Mário David, e Saramago também não, ao que parece. Mas já fiquei absolutamente consternado com o que disse um tal Morujão, porta-voz da Conferência Episcopal, católica apostólica romana: Que Saramago revelava ignorância e a ignorância é muito atrevida.
É que essa expressão sobre a ignorância ser muito atrevida era, ipsis verbis, o que dizia o Padre José Augusto, padre da minha terra há quase 50 anos, quando alguém na paróquia murmurava, em voz muita baixa, alguma objecção remota à virtude de Salazar ou à santidade da guerra colonial, em defesa da civilização cristã e ocidental.
Nessa altura o Padre José Augusto frequentava o café da terra. Ria a bandeiras despregadas com as pilhérias do deputado da União Nacional João Amaral, a verberar aqueles que na Oposição lembravam os evangelhos ou os ensinamentos de João XXIII. "Com papas e bolos se apanham os tolos", dizia Amaral e repetia o Padre, canoro e belicoso, fulminando com o olhar quem parecia duvidar. E era vê-lo no púlpito, citando as pastorais do senhor Bispo de Lamego, as encíclicas dos bispos e do Papa, todos os mandamentos da Santa Madre Igreja. Todos os escritos da Igreja abençoavam Salazar, só os hereges é que não!
─ Sr abade, mas a Bíblia (o Novo Testamento) não diz que...
─ Cuidado, está a ser atrevido. E ignorante. "Sempre a ignorância é muito atrevida". Nem lhe respondo. Não vou gastar cera com ruim defunto.
Fim de papo. A Igreja portuguesa, reaccionária, salazarista, era assim há cinquenta anos lá na minha aldeia, na voz do Padre José Augusto. Pelos jeitos continua na mesma, na voz do porta-voz oficial da Conferência Episcopal. Eles é que sabem, os outros têm o direito de ouvir, a Santa Madre Igreja, e de se calar. Aquele senhor vice-presidente do PPE está pelos estes ajustes, sacrossantos.
Andei num semanário, estudei a Bíblia, a parte que me deixaram ler, com a leitura que dela faziam os frades capuchinhos, salvo erro. Só dezenas de anos depois, ao ler uma entrevista do Padre Felicidade Alves, soube do conteúdo do Livro de Josué, onde o tal Deus mau, vingativo, cruel, manda que os Exércitos de Israel massacrem populações inteiras, homens, mulheres e crianças, até os animais, incluindo o jumento.
O jumento, senhores, que mal tinha feito a Deus o pobre do jumento?
Isto tudo sem o livro ter saido. Imagina quando o lerem... :)
ResponderEliminarseminário, não semanário, embora tb lá tenhas andado...
ResponderEliminarsou o escritor de uma pequena luz, livro na uniblog e na blogspot,e posso dizer que em Saramago encontrei um companheiro que apesar de não conhece-lo, suas ideias e as minhas andam em paralelo na mesma direção, que a Luz sempre o ilumine e atodos nós também.
ResponderEliminarUm aprendiz estagiando pela vida.
Tiago, o Caim já saiu por cá, acabei de ler e vou falar dele. Em Madrid ainda não?
ResponderEliminarCN, tens razão, claro, é gralha, deve ter sido porque o Semanário me continua atravessado, ficaram a dever-me uma nota preta - salários, férias, indemnizações de 15 anos, tudo. Não percebo é como deixaram aquela coisa a vegetar ainda uma data de anos!
Uma Pequena Luz, compreendo onde quer chegar. Eu sou "um convertido" a Saramago, só o comecei a ler depois da "evangélica" condenação de Sousa Lara, que era ajudante de Santana Lopes, e servia num Governo de Cavaco Silva. Foi essa a minha "luz".
Sim, ja saiu
ResponderEliminarfoi publicado no dia 15/Oct segundo a www.fnac.es