domingo, 18 de outubro de 2009

O Marcelo é um chico-esperto

Repararam na maneira como ele chamou estúpidos a todos os líderes da Oposição, menos a Portas, que tem medo dele, por terem falado com José Sócrates? Fácil. Bastou alterar um pouco os factos, dizer que Sócrates propôs a todos que se coligassem com ele, aos que são pelas nacionalizações e aos que são contra, grande aldrabão, esse Sócrates! E a Manuela, e o Jerónimo, e o Francisco, e em certa medida também o Paulo, "caíram na esparrela, a falta que eu faço à frente do PSD, para denunciar estas manigâncias!".

Pequeno pormenor: Sócrates, que se saiba, pelo menos ninguém o disse, não propôs coligações a ninguém". Perguntou a cada um se estava disponível a iniciar um diálogo, sem condições prévias, com vista a assegurar uma solução governativa estável para o País. Iniciar o diálogo, hem? Sem condições prévias? Género o que é que cada um acha importante que o PS transija? E o que é que acha pôr de seu? Com vista à estabilidade do País?

Logo alguns responderam que a estabilidade não interessava nada, pelo contrário. Deixando à vista que... a luta continua, o Sócrates para a rua, política é espectáculo e estamos aqui para isso.
E foram francos. Marcelo, não: para se fazer passar por inteligente, o único, o bom, o da Bayer, chamou burro a toda a gente.

Marcelo sempre foi assim, quando está sozinho em cena, sem contraditório, como naquelas pretensas entrevistas, na RTP. Lembro-me dele na Constituinte, foi discreto e reservado, absolutamente insignificante. Foi ministro dos Assuntos Parlamentares de Balsemão, passava a vida a convidar os jornalistas para o seu gabinete, fugia a sete pés de dizer o que pensava no plenário, podiam cair-lhe em cima e ele tem horror de apanhar.

Marcelo, para brilhar na sentença, já idealizada antes do julgamento, ajeita os factos provados às suas conveniências prévias. Conheci juízes assim. Brilhantes. E tenebrosos. Porque... "ajeitam os factos", e dos factos provados só excepcionalmente cabe recurso. É por isso que foge do contraditório como o diabo da cruz. Deus nos livre de nos calhar um juiz assim!

Com Marcelo não se pode falar a sério. Só pode ser desmascarado se se usar o mesmo método, simplista, sem se incomodar com a realidade dos factos, caricatural, a rir. O único que chegou para ele foi Ricardo Araújo Pereira, com aquelas palermices gloriosas, no debate sobre o aborto. Porque se recusou a falar a sério com ele. Vendo bem, até lhe respondeu na mesma moeda, que aquilo que Marcelo dizia não tinha ponta por onde se lhe pegasse.
Então como agora, Marcelo não se pode levar a sério, é um chico-esperto e não passa disso.

1 comentário:

  1. Pois é, amigo. Tens razão. Mas a bimbalhada baba-se a ouvir os ensinamentos do professor, o que se há-de fazer? E olha que se a RTP pensasse em terminar com aquilo, iria criar-se um facto político desestabilizante e a SIC acabaria por lhe dar abrigo... a não ser que as audiências fossem abaixo de cão, aí, o Balsemão acabaria por mandar calar o amigo.

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