quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Contra Cavaco e quem o apoiar

O problema não é o Presidente ter-se envolvido de forma "ostensiva" nesta campanha, como defende o Carlos Esperança, no Ponte Europa. Outros Presidentes, em França por exemplo, tomam partido, defendem a coincidência de posições entre Governo e Presidente para uma maior eficácia da governação, que a política não é um jogo, como tende a ser em Portugal.

Oxalá que o envolvimento do Presidente nesta campanha eleitoral para o Parlamento fosse ostensiva: suponho que se matavam, não o pai e a mãe, como diz a senhora, mas dois coelhos de uma cajadada. O Presidente era arrastado na queda, que apesar de tudo vem aí, mais dia menos dia, haja Deus.

Juntamente com a "outra senhora", inimiga figadal dos espanhóis, adepta incondicional da democracia à moda da Madeira, que só fala em verdade para dar credibilidade às calúnias que alguns dos seus amigos bolsaram ao longo dos últimos dois anos sobre a pessoa do Primeiro Ministro em exercício. Como bem explicou Miguel Sousa Tavares no seu notável artigo no Expresso Com a verdade me asfixias

O problema é que o Presidente se envolve na campanha com os recados e as confidências, e as manchetes nos jornais, que alegadamente não são suas mas sim dos seus mais próximos companheiros e colaboradores. Como Fernando Lima, que não dá um espirro sem antes pedir licença ao chefe.

Estou a dizer que notícias com base em fontes de Belém são jogadas pessoais queridas e pensadas, embora disfarçadas, pelo próprio Presidente da República? Estou sim senhor.

Nem no tempo do Doutor Soares, que era um bonacheirão, havia no Palácio alguém com autonomia para jogadas próprias, quanto mais com este rígido, autoritário e convencido Presidente, que nunca se engana e raramente tem dúvidas. As primeiras páginas do Sol (lembram-se?) e do Público, a intriga das escutas ou a da má moeda, todos os choradinhos pela Moura Guedes e as pazadas de terra sobre o Governo, a ver se o enterram vivo, o que parece é, fazendo tábua rasa da sua obrigação de solidariedade institucional, enquanto não tem a coragem, nem quer assumir o ónus, de o demitir às claras - pois tudo isso é uma tentativa de abalo geral, "com epicentro", para usar a expressão de José Manuel Fernandes, no próprio Presidente da República.

Em minha opinião não é só Fernando Lima que faz o que o Presidente manda e dá ao diabo o que sabe, Manuela Ferreira Leite também. O problema é que o Grande Comandante entrou nesta guerra de forma encapotada, capciosa, porque não tem a certeza que apesar de todas as ajudas as suas tropas vençam esta batalha. E qualquer que seja o resultado de 27 de Setembro quer continuar a ser ele a ditar as regras.

Esse é que é o grande problema que temos pela frente. Seja qual for o resultado no 27 de Setembro, nada se decide, o pântano continua, nas autárquicas, nas presidenciais, nos artigos dos politólogos, nos sermões dominicais dos professores da política, nas cartas anónimas - que chegam aos (ou partem dos?) jornalistas antes de dar entrada nas polícias.

A menos que... A menos que se erga uma onda gigante? Uma coligação PS, PCP, Bloco de Esquerda? Com base de apoio alargada e determinada a desmontar a reacção e a secar o pântano? Tendo como programa comum o combate à direita, a toda a direita, dos negócios privados e das públicas virtudes? Uma coligação de governo, decidida a não fazer caso da reacção em ordem unida que de imediato se proclamaria em guerra santa contra o regime de esquerda?

E depois? Já não temos o Alberto João a dizer isto todos os dias? Ora, ora: Costa Cabral e a Rainha também foram vencidos, a Regeneração acabou por vingar. O que faz falta é encontrar um Obama, um senhor X, capaz de derrotar Cavaco Silva.

Até lá, ganhe quem ganhar, nada adianta nada. O povo já intuiu isso mesmo e por isso vai deixar tudo empatado. Uma maioria para governar? Com Cavaco em Belém? Give me a break - é o que se diz por aí.

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