sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pois separemo-nos então

Disse "espécie de Rei-Sol"? Falei de regabofe, destempero, mania das grandezas? Já lá vou: os exemplos são mais do que muitos, tropeçamos com eles, por toda a Ilha. Só mesmo um Jaime Gama ou um Almeida Santos é que não vêem. Mas hoje queria deter-me ainda um pouco neste jardim florido que constituem os jornais da Madeira.

São baratos w o dito Jornal da Madeira, o primeiro que nos veio ter às mãos, custava 0,10 €. O que tem pouca importância: de qualquer maneira o Governo Regional é proprietário de jornais, um privilégio que o Presidente Cavaco Silva fez questão em garantir-lhe quando vetou aquela Lei do PS que visava pôr cobro à concentração.

E mesmo que não fossem baratos eles são "impagáveis". Desde terça-feira que o Diário de Notícias, da Madeira, descobria que Sócrates impunha o adiamento, mais uma vez, da votação da "Nova Lei das Finanças Regionais" (como se Sócrates tivesse em relação à agenda da Assembleia da República os poderes que tem Alberto João Gonçalves Jardim no Parlamento regional).

Mais impagável do que isso só a edição do mesmo DN Madeira desta sexta-feira: por um lado descobre (não sabia?) que a dívida real da Região é alarmante: 4.600 milhões de euros, só nos últimos 11 anos, contando o que deve aos bancos o Governo da Madeira, as câmaras municipais da Madeira, as empresas públicas da Madeira, as parcerias público-privado criadas pelo Governo da Madeira.

Será que estes números justificam algum mea culpa de Jardim e seus apoiantes. Nem por sombras. No mesmo jornal, Miguel de Sousa, um dos mais próximos companheiros de armas do Grande Líder, publica um contundente artigo de opinião a acusar Sócrates de "separatista". Que "em Espanha qualquer autonomia assim ofendida apresentava a sua proposta de separação" w diz o destaque.

Pois por isso não seja a dúvida: separemo-nos, meus senhores, que diabo, proponho mesmo um divórcio por mútuo consentimento. O que faz falta é uma pequena alteração na Constituição (que pode ser feita nesta legislatura!) e um bom referendo no Continente que promete ser o mais mobilizador de sempre.

Ah, e já agora, levem convosco os 4.600 milhões da dívida e as vossas RTP e RDP Madeira, que nos custam os olhos da cara. Vai cada um à sua vida, amigo não empata amigo, e que sejam muito felizes os madeirenses!

Cubanos como nós

Chegámos a Madeira com as finanças regionais, e Guilherme Silva, em todos os noticiários: hipocrisia, vingança, perseguição… pelos cubanos do Continente

cubanos como nós!

e qual é a grande manchete que nos atiram desde o Aeroporto? Duas linhas a toda a largura da primeira página por cima do cabeçalho do Jornal da Madeira:
Líder histórico do Partido Socialista
vem à Madeira elogiar Jardim

A foto é de Almeida Santos, que quanto a ser "líder histórico" também é um exagero. Só aderiu ao PS em 78 ou 79, depois de duas ou três eleições gerais, quando foi manifesto que o PS era um partido de Poder. Lembro-me de Mário Soares a chamar por ele no Congresso da Reitoria em Dezembro de 1974: "o nosso amigo Almeida Santos!... "que deve estar por aí" (sic). Não estava. Era um risco ser do PS naqueles dias em que a grande notícia era, mais do que o 1º Congresso do PS em liberdade, a prisão dos "capitalistas sabotadores da economia nacional", por mandato directo de Vasco Gonçalves dizia –se com o MDP/CDE a promover na rua a caça aos fugitivos.

Almeida Santos não é bem "um líder histórico" do PS nacional, embora seja de facto o seu Presidente honorário. Mas sobretudo o título do Jornal da Madeira peca por defeito: é que o homem não foi só "elogiar Jardim", foi "pregar mais um prego" no caixão do PS/Madeira, que já tinha baixado de três para um deputado (ao "Parlamento nacional"!) desde que Jaime Gama passou por cá a elogiar o Grande Político Alberto João.

Agora mais do que Grande Político e ele atinge o invejável estatuto de "economicamente sério", exactamente o título que lhe faltava, quando volta a ser notícia o regabofe, o destempero, a mania das grandezas, os gastos sumptuários desta espécie de Rei-Sol, que sustentam os parvos dos cubanos do Continente,

cubanos como nós.

Já explicaremos isso tudo, ainda estamos no primeiro dia.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

É mentira, eu publico mas tu não desmentes


Passei o dia a ouvir as escutas a Pinto da Costa, a Tavares Teles, a Pinto de Sousa, a Valentim Loureiro, ao "empresário" António Araújo, ao "árbitro" Augusto Duarte... É um fartar, vilanagem, ah pois é! Pior: é "a verdade desportiva" a que temos direito há uma data de anos!

"Vai ser publicado isto amanhã mas tu não desmentes, pá! Não dizes nada, ok?" ─ é a voz de Pinto da Costa a instruir Deco depois de receber um pedido de Tavares Teles (também há gravação), um chico-esperto que acabara de inventar uma notícia, tão boa, tão sensacional, que o director de "O Jogo" queria pô-la em manchete!

Genial, uma obra de arte, sensacional, mas... falsa. Deco não dissera a ninguém que abandonava a selecção se a comissão disciplinar da Liga continuasse com um processo que lhe tinha aberto por causa de uma bota atirada na direcção de um árbitro ─ lembram-se? Era um frete, uma "combine", um acto de "coacção", uma mentira.

Mas eu queria reservar este post ao tema das inventonas; "Eu publico isto mas tu não desmentes, hem!". Não é só no futebol. Lembram-se daquele senhor que se sentou ao lado de Pinto da Costa, a cumprir pena de suspensão, numa final da Taça de Portugal? Não estão a ver?! É o mesmo que assinou a petição do Rui Santos pela verdade desportiva. "Poi$ poi$ J. Pimenta", queria dizer, Cavaco Silva! (o Fernando Lima não é para aqui chamado, faz o que lhe mandam, com zelo e dedicação, e por isso é assessor principal em Belém)

Repararam como surgiu a inventona das escutas em Belém? Com a garantia dada pela Casa Civil que o Presidente da República não desmentiria coisa nenhuma, o José Manuel Fernandes fartou-se de explicar que o Público só tinha avançado com a notícia de que o Presidente, pelo menos num primeiro tempo, calaria, e consentiria, no despropósito.
Era o contributo do Presidente em pessoa para "a campanha negra"!

E por todas aquelas semanas, antes das eleições, em que José Manuel Fernandes sugeria que o PR em pessoa convalidara as manchetes do Público, continuava seguramente a ter a garantia de que não seria desmentido. E não foi.

Cinco meses depois da bronca, quando as pessoas já se esqueceram e o PR volta a subir nas sondagens, é "Fernando Lima" (ou o Presidente por ele) que vem vender a tese que afinal o Público inventara a coisa.

Desmente José Manuel Fernandes? Ofende-se Luciano Alvarez de estar a ser chamado mentiroso. Que não se encontrou com o homem de Belém, e "a pedido" do PR, num café da Avenida Roma? Que não recebeu dele um dossier sobre um adjunto do Primeiro-Ministro que se tinha infiltrado naquela visita triunfal de Cavaco Silva e da sua Dama, à terra de Alberto João Jardim? Não desmente. Combinaram que não havia desmentido, está na cara. Mais uma vez.

Poi$ poi$ J. Pimenta! Cavaco Silva aprendeu com Pinto da Costa. Dizia o António Aleixo que uma calúnia para ter impacto "tinha de trazer à mistura qualquer coisa de verdade". Poeta, era o que ele era! Uma boa inventona ter de ser combinada. Ora agora não desmentes tu ora daqui a uns tempos não desminto eu.

Ao que isto chegou!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pat Robertson: terramoto do Haiti é consequência de um pacto com o diabo


O terramoto do Haiti? Obra do diabo! Os antepassados dos haitianos fizeram um pacto com o diabo, para se verem livres dos franceses. Desde então, estão ao serviço do maligno e por isso levaram com o terramoto em cima. É a tese de Pat Robertson, "confessor" de Bush, o mais famoso dos pregadores televangélicos dos EUA. No fundo, o pastor Robertson segue as pisadas do nosso Padre Malagrida, depois do terramoto de 1755, que o Marquês de Pombal denunciou à Inquisição por heresia e morreu na fogueira. Robertson tem sorte de não ter nascido no tempo e no pais do Marquês.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Manuel Alegre passou o Rubicão

Os dados estão lançados: Alegre lançou a sua candidatura a PR esta noite em Portimão. Cedo? Tarde? Bem? Mal? Vamos a ver o que dá. Para já o que se pode dizer é que foi um discurso interessante. Que vale a pena ser lido na íntegra aqui. Ou se preferir aqui. Para ler devagar e ponderar com tempo. Voltaremos ao assunto, olá se voltaremos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O bispo espanhol mais bem cotado no Vaticano

Um santo, um herói, um mártir dos socialistas, este D. José Ignacio Munilla, anteriormente bispo de Palência onde deu nas vistas pelas suas condenações do Governo Zapatero e dos homossexuais "todos pederastas", diz.

Pois Bento XVI terá gostado muito deste bispo combativo, que lhe terá lembrado S. Cirilo, santo da sua devoção, por ter erradicado o paganismo de Alexandria, seguramente, e por isso o nomeou novo Bispo de Santander, apesar de todas as críticas e oposições do próprio clero da sua nova diocese. Pois o Bispo Munilla mal chegou ao País Basco logo foi notícia em todos os jornais de Espanha. Uma começa assim:


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Contra a Unicidade Sindical - foi há 35 anos!


Acho extraordinário o que vai para aí nos blogues e nos jornais sobre uma manifestação feminista há 35 anos no Parque Eduardo VII, onde sem pingo de originalidade se terão queimado alguns soutiens. Não dei por ela. É que precisamente há 35 anos, naquele 13 de Janeiro, no Parque Eduardo VII, havia "electricidade no ar ", como constatava Francisco Salgado Zenha e por isso começou o melhor discurso da sua vida em tom contido: "eu vou-vos falar com toda a serenidade".

Dois dias antes a Intersindical promovera uma manifestação avassaladora a celebrar a vitória da unicidade sindical - ficava proibida a existência de mais de um sindicato por profissão e/ou por sector de actividade, o qual inevitavelmente seria controlado pelo PCP, como acabava de acontecer em todos os plenários da Cintura Industrial de Lisboa, de braço no ar, em que as posições contrárias nem aos microfones conseguiam chegar.

E, naquela mesma noite, três porta-vozes autorizados do MFA, liderados por Vasco Lourenço, tinham comparecido na RTP, a ameaçar o PS, que a unicidade tinha sido aprovada pelo MFA, e não ia voltar atrás, combatê-la era fazer o jogo da reacção. Manuel Alegre, que aderira ao PS um mês antes na Reitoria, ele não é fundador, fez o segundo melhor discurso da noite: "O PS não tem medo de sobrolhos carregados, sejam eles civis ou militares".

Parece-vos banal hoje? Pois foi histórico. Nos dias anteriores o DN, então dirigido por um velho republicano (José Ribeiro dos Santos) tinha consentido em publicar uma troca de artigos sobtre a questão sindical, em que se digladiaram Carlos Carvalhas, secretário de Estado do Trabalho, que na altura dizia não ser do PCP (!), e Salgado Zenha, então ministro da Justiça !

A publicação desses artigos de Zenha no DN fora uma lança em África - os jornalistas, os tipógrafos, e demais "classe operária", foram apanhados desprevenidos. Não tinham tido tempo para correr com o director "socialista", fizeram-no depois.

Como foi uma lança em África a convocação daquela manifestação do PS ─ a primeira contra uma decisão política do MFA, com respaldo de milhares de plenários sindicais, contra a chamada União POVO - MFA, que compreendia PCP/MDP/FSP/MES. É/foi uma data fundamental na marcha para a democracia, numa altura em que nem as eleições para a Constituinte estavam garantidas.

Esteva na sede do PS naquele dia 11 de Janeiro, quando apareceu Lopes Cardoso a dizer: "Vamos convocar uma manifestação contra a unicidade, é o momento de sabermos o que valemos como Partido". Anda naquele dia 11, na sede da FAUL, interinamente dirigida pelo António Guterres (a FSP de Manuel Serra, vencida, por pouco, no Congresso da Reitoria um mês antes acabava de abandonar o PS com enorme estardalhaço mediático).

Fizeram-se os cartazes no próprio dia e foi mesmo possível arranjar uma tipografia que os imprimisse. E numa única noite, o PS mobilizou-se para cobrir todas as ruas de Lisboa: "Contra a Unicidade Sindical, Pela Unidade e Liberdade dos Trabalhadores".

No dia 13, no Pavilhão dos Desportos, o único apoio exterior ao PS era o dos anarquistas que distribuíam "A Batalha". Pois, mesmo assim, naquela noite histórica, tiveram que se retirar todas as cadeiras do Pavilhão para caberem mais pessoas. Nem assim, não cabia uma agulha lá dentro, transpirava-se à farta, arranjaram altifalantes para que o comício pudesse ser ouvido cá fora. Como um dos organizadores, achei que me devia sacrificar: saí para dar lugar a outros.

Havia ajuntamento cá fora, nunca tinha visto tanta gente num comício nocturno, a meio de uma semana de trabalho. Claro que apareceram meia dúzia de provocadores: "aquilo eram os fascistas a levantar cabelo", "aquilo não podia ser o PS que não tinha tanta gente", "O PS aliava-se à reacção, era uma traição aos trabalhadores", "Fascismo, nunca mais!". Aguentámos a pé firme.

Naquele dia o PS começou a marcar as suas diferenças da restante esquerda. Como é que alguns só se lembram de uma manifestação atípica de meia dúzia de feministas, que naquele dia de "electricidade no ar" queimaram uns soutiens? Tiveram uns contratempos?! O PS também, por toda a cidade!

O 13 de Janeiro de 1975 é uma data que o PS e todos os democratas deviam celebrar.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MRPP - Marcelo Regressa Pedimos-te Perdão

O Povo quer e nós lançamos, aqui e agora, um movimento para Marcelo, como na foto, ter um lugar activo, e cativo, no estúdio de onde é emitido o Telejornal. Para poder interromper, comentar, telefonar, acrescentar, jogar ao rapa-tira-deixa-põe... sempre que lhe apetecer. Porque, meus irmãos, o que se prepara é o saneamento de Marcelo, sem tirar nem pôr.

Com um pretexto fútil: que Vitorino ao fim de 5 anos cansou-se e vai-se embora. Que é que Marcelo tem com isso? Esteve lá uma data de anos sem ninguém que lhe fizesse sombra. E quer continuar sozinho, pois então. Já começou a fazer queixinhas pelos jornais. Um pouco como Mirabeau nos Estados Gerais de 1789: Estou aqui por vontade do meu povo e só saio daqui pela força das baionetas.

Como diz o Luís Novaes Tito, na Barbearia, a questão é esta: Pode a RTP viver sem Marcelo? Pode mas não é a mesma coisa.

E podemos nós? Não podemos, que parece mal. Por isso nos lançamos de cabeça nesta iniciativa patriótica para o regresso de Marcelo, todos os minutos que quiser, aos écrãs da RTP, o MRPP ─ Marcelo Regressa Pedimos-te Perdão. Precisamos de 92 mil assinaturas. Precisamos de um referendo. Precisamos de uma vaga de fundo. E exigimos que sempre que ele decidir intervir, todos os dias que seja, deve enviar-se SMS a todos os telespectadores, como Rodrigo Guedes de Carvalho sugeriu nos Gato Fedorento.

E sobretudo não me venham dizer que em matéria de entretenimento há quem prefira o Governo Sombra da TSF, com o Carlos Vaz Marques, o Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares. O qual, como já ouvi por aí, é mais divertido, mais credível, e sobretudo mais equilibrado.


Cuidado com eles

O que mais me impressiona nesta foto, arranjada pelo Porfítio Silva, é a "ambiance" proletária: comboios, linhas emaranhadas, cores escuras, ares carrancudos, sobrolhos carregados, com duas formosas excepções que confirmam a regra, a Regra do Jogo. Luís Novaes Tito, Porfírio Silva, Cláudia Köver, Eduardo Graça, Paulo Ferreira, Idália Moniz, Francisco Clamote, Joaquim Paulo Nogueira e José Teles. Como em tempos dizia o Avante: "Cuidado com eles!"

domingo, 10 de janeiro de 2010

Estou preocupado é com o aquecimento global

De Norte a Sul, de Leste a Oeste, imagens do dia.
E o Inverno ainda está a começar.

Quando os cristãos se apoderaram do Império

Espero que já tenha ido ver o filme Ágora, de Alexandro Amenabar, o realizador hispano-chileno que fez aquela mariavilha do Mar Adentro, óscar para melhor filme estrangeiro em 2004, com a sublime Rachel Weiz no papel da filósofa Hypatia de Alexandria (na foto).

Não lhes vou contar o filme nem é preciso. Digo-lhes só que retrata a tomada do poder pelos cristão no império romano, no sec. IV, quando o Imperador Teodósio proclamou o cristianismo religião oficial do Império. Da vida e obra de São Cirilo, Bispo de Alexandria, Padre e Doutor da Igreja, um dos santos da especial devoção do Papa Bento XVI.

São Cirilo é contemporâneo de Santo
Ambrósio, Bispo de Milão, outro Grande Doutor da Igreja, que na mesma época liderava a ofensiva "talibã" contra os "ídolos pagãs" e defendia, contra o próprio imperador cristão, o direito dos cristãos destruírem as sinagogas.

Vale a pena lembrar alguns episódios daquela revolução cultural decretada cristã. Que se inicia em 19 de Fevereiro de 356, quando o Imperador Constantino II promulga um decreto a mandar fechar todos os templos pagãos do Império.

Só em Roma havia então 424 templos a múltiplos deuses, pelo que “em cada bairro de Roma a sensibilidade dos cristãos era ofendida pelos fumos dos sacrifícios idolátricos”, como conta o clássico de Edward Gibbon, Declínio e Queda do Império Romano, profusamente citado por Daniel J. Boorstyn, n’Os Criadores, e n’Os Pensadores, entre os quais se encontra Hypatia de Alexandria, ambos publicados em Portugal pela edições Gradiva.

Este foi só o início de um prec cristão que havia de durar uns 40 anos, levaria ao saque e destruição da Biblioteca de Açlexandria, de que o filme também trata, e estender-se aos confins do Império. Mas só em 391 o Imperador Teodósio acrescentou à ordem de encerramento “a destruição dos ídolos”, equiparando o crime de idolatria ao de lesa-majestade, punível com a pena da morte.

O cristianismo acabava de ser proclamado a Religião oficial do Império e não permitia tibiezas. Como os talibans hoje em dia. Como relata Gibbon:
Muitos desses templos eram dos mais esplêndidos e belos monumentos da arquitectura grega e o Imperador não estava interessado à partida em desfigurar o esplendor das suas cidades ou diminuir o valor das suas propriedades. Aqueles edifícios públicos poderiam ser tolerados como troféus da vitória de Cristo (…) Porém, enquanto durassem, os pagãos alimentariam a secreta esperança que uma revolução auspiciosa, um segundo Juliano, pudesse restaurar de novo os altares dos deuses, e o ardor com que dirigiam as suas vãs orações ao trono exacerbou o zelo dos reformadores cristãos decididos a extirpar, impiedosamente, a superstição pela raiz.
Voltaremos a este assunto.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"Jornalistas embedded" com o Ministério Público


Lembram-de da impressão que causou na 2ª guerra do Golfo o aparecimento da figura de jornalistas "embedded" com as tropas americanas em acção? Que vergonha, dizia-se. Embedded, srs telespectadores, quer dizer "na cama com"... Como é possível, senhores ? Que independência, que isenção, que credibilidade? Era o que dizia, indignado, o grande Carlos Fino, o primeiro jornalista a dar conta da ofensiva, sitiado, num hotel de Bagdad, obrigado, também ele, a ouvir todos os dias o Ministro da Informação do Iraque, a debitar inanidades.

Pois agora em Portugal temos também jornalistas na cama com o Ministério Público, a assisti-los nas suas tarefas legais. Ó meus mestres Fiqueiredo Dias e Costa Andrade, constituintes, jurisconsultos, deputados do PSD: a acusação deixou de ser exclusivo do Ministério Público e passou a ser partilhada com os "jornalistas embedded", guerra é guerra, contra o Primeiro Ministro marchar, marchar?!

É uma obscenidade ? É. So what?

Eu devo dizer, em abono da verdade, que já estava à espera. Conheci algumas das estrelas actuais do Ministério Público, no PREC e a seguir ao PREC, na Faculdade de Direito de Lisboa e Coimbra. Eram todos adeptos daqueles regimes que tinham polícias políticas, que tinham promovido os processos de Praga, que achavam que vale tudo contra os inimigos do Povo. Eles tomaram conta do Ministério Público e dos sindicatos de magistrados para fazer apostolado. Chegou a hora, chegou, chegou.

Ora não é o Primeiro Ministro José Sócrates "objectivamente" um inimigo do Povo, tão sinistro e perigoso, que por mais escândalos que lhe criem o Povo não se cansa, vota nele. Não é mesmo uma questão de saúde pública correr com um Primeiro Ministro deste quilate?

Que eles se aliem à extrema direita do PP, a senhora ex-deputada do PP Manuela Moura Guedes, também era de esperar, os extremos tocam-se.

os gulags,

Como limpar um País de lés-a-lés



Foi a Sofia Baumberg que me chamou a atenção para esta iniciativa da sociedade civil na Estónia. Que está a inspirar em Portugal esta rapaziada.

Acrescenta a Sofia e estou de acordo com ela, que é uma iniciativa que
merece o apoio e a colaboração de todos. Basta inscreverem-se no site e descobrir a forma como podem participar e colaborar activamente. Dá algum trabalho, muito mais do que ficar sentado a criticar tudo e todos. Mas o esforço vale a recompensa de vivermos num país mais limpo.


Oxalá! Vou fazer isso também. E depois conto-vos o que houver para contar.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Afinal o Presidente está preocupado com futebóis

Rui Santos, tu cá tu lá com as mais altas autoridades da Nação, o Presidente da Assembleia e o Presidente do Benfica, os outros são uns penetras como os da Casa Branca, foram apanhados nos Passos Perdidos. Que raio de democracia é esta? - repetia o artista, parecia um anúncio da SIC. É grave, mas há mais sobre esta estranha petição.

Ontem o Presidente da República estava preocupado era com o desemprego (vade retro casamentos homossexuais!). Apoiou alguma petição à Assembleia da República sobre o desemprego? Não, que se saiba. Pois hoje apoia a petição para que sejam introduzidas novas tecnologias nas arbitragens da bola.

Afinal o homem está preocupado é com o futebol e não dizia a ninguém. Um dia num pequeno almoço com jornalistas em S. Bento, era ele Primeiro Ministro, perguntei-lhe qual era o seu clube. Cavaco teve uma reacção semelhante àquela personagem do Jô Soares que respondia a tudo, mesmo às perguntas mais inocentes, com um aflito "não me comprometa". E disse que o seu clube era o Olhanense.

Insisti, não tirei nada dele. Hoje tudo mudou. "Afinal havia outra" paixão do PR, além do combate ao desemprego, e eu, nós, sem nada sabermos.

Dr. Nunes Liberato! Prof. Fernando Lima! Alguém em Belém, que explique ao PR que o futebol é o ópio do Povo. Que é absolutamente subversivo o envolvimento do Presidente da República nesse "raio de democracia" que é futebol. Só o Internacional Board tem autoridade para alterar as leis do jogo ─ insistiu a FIFA, citada pelo Público online.

E agora pessoal? Declaramos guerra à FIFA? Entramos em greve e não vamos à África do Sul, onde as leis celeradas nos irão por certo ser aplicadas?

Declaração de interesses: Estou perfeitamente de acordo com a introdução das novas tecnologias nos jogos de futebol. Mas eu sou do Benfica, assumo-o, nunca enganei ninguém, preocupo-me com a bola que entra ou não entra, com os fora de jogo mal assinalados, com a sorte de um clube perseguido e humilhado pelos árbitros incompetentes ao longo dos últimos vinte anos, pelo menos.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lá vamos cantando e rindo


Homens há, que gostam tanto deles próprios que nunca hão-de encontrar mulher, ou homem, à sua altura. Por isso se agitam, se exibem, se põem em bicos de pés, se desunham, fazem fila nas televisões, com tantos maneirismos, que se torna aflitivo.

Não, não estou a falar de Paulo Portas, esta foi, só, a única foto que arranjei para ilustrar o carnaval que aí anda. Falo de um tipo com muito mau aspecto, alegado militante do PS, que apareceu ontem na RTPN, todo íntimo do apresentador ─ "olá, Hélder!" ─ a falar das 90 mil assinaturas ─ e não são muitas, há mais gente a ir às missas, todos os domingos ─ que "o José Sócrates como é democrata não pode deixar de ter em conta", a exigir um referendo contra as minorias, homossexuais, que querem é conspurcar a instituição do santo sacramento do matrimónio, maioritária entre nós. "O povo é que manda, não é, Hélder?"

O povo pronunciou-se sobre essa matéria há menos de três meses? "Não, senhor. Só um partido, o PS, falou nisso, mas tão pouco, que as pessoas nem se aperceberam disso. Uma deputada do PS, Teresa Venda, à semelhança de muitos militantes socialistas, assinou a nossa petição a exigir o referendo" ─ defendia o tal socialista, de mau aspecto, triunfante.

O bom do Hélder ouvia enlevado. Não lhe ocorreu dizer que a tal Teresa Venda não é do PS, faz parte de aquele grupito de mulheres muito cristãs, que o António Guterres trouxe para as listas do PS, e aparecem sempre que o PS está em dificuldades a dizer mal do PS, e só para isso é que servem. Foi assim na votação final do Estatuto dos Açores, nas decisões do aborto, na campanha do respectivo referendo, em que foram vedetas e bandeira das correntes mais caceteiras a combater o PS.

São duas senhoras, afectas à extrema direita religiosa ─ Deus, Pátria e Família ─ espécie de 5ª coluna, no grupo parlamentar do PS, em que participam. O tal "amigo íntimo" do Hélder não se lembrou disso, como não terá ocorrido ao tal sujeito mal encarado, e mal informado, sobre a "sua camarada", a deputada Venda, que lástima!

Era um homem de várias caras, todas feias, a agitar-se, exibir-se, fazer o pino, desunhar-se, para os seu 12 a 14 minutos de fama, que a RTP é generosa com os vendedores da banha da cobra, Marcelo Rebelo de Sousa, que o diga.

Não têm vergonha na cara. Preparem-se para o que aí vem. Vão lendo o que dizia dos homossexuais a Santa Inquisição, para justificar algumas condenações à morte. Lá vamos cantando e rindo,/ levados, levados, sim,/ pela voz do som tremendo,/ das turbas, clangor sem fim".

domingo, 3 de janeiro de 2010

Portugal, Irlanda ─ contra a blasfémia homossexual



A Irlanda recuperou uma lei medieval que pune a blasfémia, alargou-lhe o âmbito (a todas as religiões, dizem, mas é uma desculpa) e subiu-lhe a pena: a multa para quem blasfeme vai até aos 25 mil Euros. Entrou em vigor neste dia 1 de Janeiro. Portanto, cuidado com a língua, se viajar na Irlanda. Uns amigos meus espanhóis, que passam a vida a dizer "hostia" e a brincar com essas coisas, saem de lá depenados.

É mais uma originalidade irlandesa. E apresso-me a dizer que esse "direito à diferença" a Irlanda ganhou-o numa guerra santa e já ninguém lho tira. É/deveria ser um exemplo e um incentivo para muitos dos nossos concidadãos - defensores da moral e dos bons costumes, militantes do "Deus, Pátria e Família", que esse malvado do 25 de Abril veio abalar mas não conseguiu destruir.

Os irlandeses no seu fervor patriótico interno isolaram-se: não têm ligado o suficiente aos seus aliados internacionais, que os têm, espalhados por toda a Europa pecadora, e sobretudo pela Grande Nação Fidelíssima (aos ensinamentos da Santa Madre Igreja), que é Portugal.

Vem aí nova cruzada. Aqui, pela Família e pela Pátria, contra os casamentos homossexuais referendar, referendar. Lá, por Deus e pela Pátria, contra as blasfémias marchar marchar. Irlanda, Portugal ─ o mesmo combate ! Devíamos unir-nos, que os católicos irlandeses sabem ganhar referendos, os portugueses ainda estão a aprender.

Mas temos os mesmos problemas olá se temos. E enquanto não se apuram por cá os mecanismos de combate à blasfémia, vejam esta lista de blasfémias, que a partir deste 1 de Janeiro constituem crime na Irlanda. Copiei do Guardian. E não traduzo para português, assim pode ser que escape, num tribunal canónico, se for chamado:

List of 25 Blasphemous Quotes Published by Atheist Ireland

1. Jesus Christ, when asked if he was the son of God, in Matthew 26:64: “Thou hast said: nevertheless I say unto you, Hereafter shall ye see the Son of man sitting on the right hand of power, and coming in the clouds of heaven.” According to the Christian Bible, the Jewish chief priests and elders and council deemed this statement by Jesus to be blasphemous, and they sentenced Jesus to death for saying it.

2. Jesus Christ, talking to Jews about their God, in John 8:44: “Ye are of your father the devil, and the lusts of your father ye will do. He was a murderer from the beginning, and abode not in the truth, because there is no truth in him.” This is one of several chapters in the Christian Bible that can give a scriptural foundation to Christian anti-Semitism. The first part of John 8, the story of “whoever is without sin cast the first stone”, was not in the original version, but was added centuries later. The original John 8 is a debate between Jesus and some Jews. In brief, Jesus calls the Jews who disbelieve him sons of the Devil, the Jews try to stone him, and Jesus runs away and hides.

3. Muhammad, quoted in Hadith of Bukhari, Vol 1 Book 8 Hadith 427: “May Allah curse the Jews and Christians for they built the places of worship at the graves of their prophets.” This quote is attributed to Muhammad on his death-bed as a warning to Muslims not to copy this practice of the Jews and Christians. It is one of several passages in the Koran and in Hadith that can give a scriptural foundation to Islamic anti-Semitism, including the assertion in Sura 5:60 that Allah cursed Jews and turned some of them into apes and swine.

4. Mark Twain, describing the Christian Bible in Letters from the Earth, 1909: “Also it has another name – The Word of God. For the Christian thinks every word of it was dictated by God. It is full of interest. It has noble poetry in it; and some clever fables; and some blood-drenched history; and some good morals; and a wealth of obscenity; and upwards of a thousand lies… But you notice that when the Lord God of Heaven and Earth, adored Father of Man, goes to war, there is no limit. He is totally without mercy – he, who is called the Fountain of Mercy. He slays, slays, slays! All the men, all the beasts, all the boys, all the babies; also all the women and all the girls, except those that have not been deflowered. He makes no distinction between innocent and guilty… What the insane Father required was blood and misery; he was indifferent as to who furnished it.” Twain’s book was published posthumously in 1939. His daughter, Clara Clemens, at first objected to it being published, but later changed her mind in 1960 when she believed that public opinion had grown more tolerant of the expression of such ideas. That was half a century before Fianna Fail and the Green Party imposed a new blasphemy law on the people of Ireland.

5. Tom Lehrer, The Vatican Rag, 1963: “Get in line in that processional, step into that small confessional. There, the guy who’s got religion’ll tell you if your sin’s original. If it is, try playing it safer, drink the wine and chew the wafer. Two, four, six, eight, time to transubstantiate!”

6. Randy Newman, God’s Song, 1972: “And the Lord said: I burn down your cities – how blind you must be. I take from you your children, and you say how blessed are we. You all must be crazy to put your faith in me. That’s why I love mankind.”

7. James Kirkup, The Love That Dares to Speak its Name, 1976: “While they prepared the tomb I kept guard over him. His mother and the Magdalen had gone to fetch clean linen to shroud his nakedness. I was alone with him… I laid my lips around the tip of that great cock, the instrument of our salvation, our eternal joy. The shaft, still throbbed, anointed with death’s final ejaculation.” This extract is from a poem that led to the last successful blasphemy prosecution in Britain, when Denis Lemon was given a suspended prison sentence after he published it in the now-defunct magazine Gay News. In 2002, a public reading of the poem, on the steps of St. Martin-in-the-Fields church in Trafalgar Square, failed to lead to any prosecution. In 2008, the British Parliament abolished the common law offences of blasphemy and blasphemous libel.

8. Matthias, son of Deuteronomy of Gath, in Monty Python’s Life of Brian, 1979: “Look, I had a lovely supper, and all I said to my wife was that piece of halibut was good enough for Jehovah.”

9. Rev Ian Paisley MEP to the Pope in the European Parliament, 1988: “I denounce you as the Antichrist.” Paisley’s website describes the Antichrist as being “a liar, the true son of the father of lies, the original liar from the beginning… he will imitate Christ, a diabolical imitation, Satan transformed into an angel of light, which will deceive the world.”

10. Conor Cruise O’Brien, 1989: “In the last century the Arab thinker Jamal al-Afghani wrote: ‘Every Muslim is sick and his only remedy is in the Koran.’ Unfortunately the sickness gets worse the more the remedy is taken.”

11. Frank Zappa, 1989: “If you want to get together in any exclusive situation and have people love you, fine – but to hang all this desperate sociology on the idea of The Cloud-Guy who has The Big Book, who knows if you’ve been bad or good – and cares about any of it – to hang it all on that, folks, is the chimpanzee part of the brain working.”

12. Salman Rushdie, 1990: “The idea of the sacred is quite simply one of the most conservative notions in any culture, because it seeks to turn other ideas – uncertainty, progress, change – into crimes.” In 1989, Ayatollah Khomeini of Iran issued a fatwa ordering Muslims to kill Rushdie because of blasphemous passages in Rushdie’s novel The Satanic Verses.

13. Bjork, 1995: “I do not believe in religion, but if I had to choose one it would be Buddhism. It seems more livable, closer to men… I’ve been reading about reincarnation, and the Buddhists say we come back as animals and they refer to them as lesser beings. Well, animals aren’t lesser beings, they’re just like us. So I say fuck the Buddhists.”

14. Amanda Donohoe on her role in the Ken Russell movie Lair of the White Worm, 1995: “Spitting on Christ was a great deal of fun. I can’t embrace a male god who has persecuted female sexuality throughout the ages, and that persecution still goes on today all over the world.”

15. George Carlin, 1999: “Religion easily has the greatest bullshit story ever told. Think about it. Religion has actually convinced people that there’s an invisible man living in the sky who watches everything you do, every minute of every day. And the invisible man has a special list of ten things he does not want you to do. And if you do any of these ten things, he has a special place, full of fire and smoke and burning and torture and anguish, where he will send you to live and suffer and burn and choke and scream and cry forever and ever ’til the end of time! But He loves you. He loves you, and He needs money! He always needs money! He’s all-powerful, all-perfect, all-knowing, and all-wise, somehow just can’t handle money! Religion takes in billions of dollars, they pay no taxes, and they always need a little more. Now, talk about a good bullshit story. Holy Shit!”

16. Paul Woodfull as Ding Dong Denny O’Reilly, The Ballad of Jaysus Christ, 2000: “He said me ma’s a virgin and sure no one disagreed, Cause they knew a lad who walks on water’s handy with his feet… Jaysus oh Jaysus, as cool as bleedin’ ice, With all the scrubbers in Israel he could not be enticed, Jaysus oh Jaysus, it’s funny you never rode, Cause it’s you I do be shoutin’ for each time I shoot me load.”

17. Jesus Christ, in Jerry Springer The Opera, 2003: “Actually, I’m a bit gay.” In 2005, the Christian Institute tried to bring a prosecution against the BBC for screening Jerry Springer the Opera, but the UK courts refused to issue a summons.

18. Tim Minchin, Ten-foot Cock and a Few Hundred Virgins, 2005: “So you’re gonna live in paradise, With a ten-foot cock and a few hundred virgins, So you’re gonna sacrifice your life, For a shot at the greener grass, And when the Lord comes down with his shiny rod of judgment, He’s gonna kick my heathen ass.”

19. Richard Dawkins in The God Delusion, 2006: “The God of the Old Testament is arguably the most unpleasant character in all fiction: jealous and proud of it; a petty, unjust, unforgiving control-freak; a vindictive, bloodthirsty ethnic cleanser; a misogynistic, homophobic, racist, infanticidal, genocidal, filicidal, pestilential, megalomaniacal, sadomasochistic, capriciously malevolent bully.” In 2007 Turkish publisher Erol Karaaslan was charged with the crime of insulting believers for publishing a Turkish translation of The God Delusion. He was acquitted in 2008, but another charge was brought in 2009. Karaaslan told the court that “it is a right to criticise religions and beliefs as part of the freedom of thought and expression.”

20. Pope Benedict XVI quoting a 14th century Byzantine emperor, 2006: “Show me just what Muhammad brought that was new and there you will find things only evil and inhuman, such as his command to spread by the sword the faith he preached.” This statement has already led to both outrage and condemnation of the outrage. The Organisation of the Islamic Conference, the world’s largest Muslim body, said it was a “character assassination of the prophet Muhammad”. The Malaysian Prime Minister said that “the Pope must not take lightly the spread of outrage that has been created.” Pakistan’s foreign Ministry spokesperson said that “anyone who describes Islam as a religion as intolerant encourages violence”. The European Commission said that “reactions which are disproportionate and which are tantamount to rejecting freedom of speech are unacceptable.”

21. Christopher Hitchens in God is not Great, 2007: “There is some question as to whether Islam is a separate religion at all… Islam when examined is not much more than a rather obvious and ill-arranged set of plagiarisms, helping itself from earlier books and traditions as occasion appeared to require… It makes immense claims for itself, invokes prostrate submission or ‘surrender’ as a maxim to its adherents, and demands deference and respect from nonbelievers into the bargain. There is nothing-absolutely nothing-in its teachings that can even begin to justify such arrogance and presumption.”

22. PZ Myers, on the Roman Catholic communion host, 2008: “You would not believe how many people are writing to me, insisting that these horrible little crackers (they look like flattened bits of styrofoam) are literally pieces of their god, and that this omnipotent being who created the universe can actually be seriously harmed by some third-rate liberal intellectual at a third-rate university… However, inspired by an old woodcut of Jews stabbing the host, I thought of a simple, quick thing to do: I pierced it with a rusty nail (I hope Jesus’s tetanus shots are up to date). And then I simply threw it in the trash, followed by the classic, decorative items of trash cans everywhere, old coffeegrounds and a banana peel.”

23. Ian O’Doherty, 2009: “(If defamation of religion was illegal) it would be a crime for me to say that the notion of transubstantiation is so ridiculous that even a small child should be able to see the insanity and utter physical impossibility of a piece of bread and some wine somehow taking on corporeal form. It would be a crime for me to say that Islam is a backward desert superstition that has no place in modern, enlightened Europe and it would be a crime to point out that Jewish settlers in Israel who believe they have a God given right to take the land are, frankly, mad. All the above assertions will, no doubt, offend someone or other.”

24. Cardinal Cormac Murphy-O’Connor, 2009: “Whether a person is atheist or any other, there is in fact in my view something not totally human if they leave out the transcendent… we call it God… I think that if you leave that out you are not fully human.” Because atheism is not a religion, the Irish blasphemy law does not protect atheists from abusive and insulting statements about their fundamental beliefs. While atheists are not seeking such protection, we include the statement here to point out that it is discriminatory that this law does not hold all citizens equal.

25. Dermot Ahern, Irish Minister for Justice, introducing his blasphemy law at an Oireachtas Justice Committee meeting, 2009, and referring to comments made about him personally: “They are blasphemous.” Deputy Pat Rabbitte replied: “Given the Minister’s self-image, it could very well be that we are blaspheming,” and Minister Ahern replied: “Deputy Rabbitte says that I am close to the baby Jesus, I am so pure.” So here we have an Irish Justice Minister joking about himself being blasphemed, at a parliamentary Justice Committee discussing his own blasphemy law, that could make his own jokes illegal.

Finally, as a bonus, Micheal Martin, Irish Minister for Foreign Affairs, opposing attempts by Islamic States to make defamation of religion a crime at UN level, 2009: “We believe that the concept of defamation of religion is not consistent with the promotion and protection of human rights. It can be used to justify arbitrary limitations on, or the denial of, freedom of expression. Indeed, Ireland considers that freedom of expression is a key and inherent element in the manifestation of freedom of thought and conscience and as such is complementary to freedom of religion or belief.” Just months after Minister Martin made this comment, his colleague Dermot Ahern introduced Ireland’s new blasphemy law.