terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Lá vamos cantando e rindo


Homens há, que gostam tanto deles próprios que nunca hão-de encontrar mulher, ou homem, à sua altura. Por isso se agitam, se exibem, se põem em bicos de pés, se desunham, fazem fila nas televisões, com tantos maneirismos, que se torna aflitivo.

Não, não estou a falar de Paulo Portas, esta foi, só, a única foto que arranjei para ilustrar o carnaval que aí anda. Falo de um tipo com muito mau aspecto, alegado militante do PS, que apareceu ontem na RTPN, todo íntimo do apresentador ─ "olá, Hélder!" ─ a falar das 90 mil assinaturas ─ e não são muitas, há mais gente a ir às missas, todos os domingos ─ que "o José Sócrates como é democrata não pode deixar de ter em conta", a exigir um referendo contra as minorias, homossexuais, que querem é conspurcar a instituição do santo sacramento do matrimónio, maioritária entre nós. "O povo é que manda, não é, Hélder?"

O povo pronunciou-se sobre essa matéria há menos de três meses? "Não, senhor. Só um partido, o PS, falou nisso, mas tão pouco, que as pessoas nem se aperceberam disso. Uma deputada do PS, Teresa Venda, à semelhança de muitos militantes socialistas, assinou a nossa petição a exigir o referendo" ─ defendia o tal socialista, de mau aspecto, triunfante.

O bom do Hélder ouvia enlevado. Não lhe ocorreu dizer que a tal Teresa Venda não é do PS, faz parte de aquele grupito de mulheres muito cristãs, que o António Guterres trouxe para as listas do PS, e aparecem sempre que o PS está em dificuldades a dizer mal do PS, e só para isso é que servem. Foi assim na votação final do Estatuto dos Açores, nas decisões do aborto, na campanha do respectivo referendo, em que foram vedetas e bandeira das correntes mais caceteiras a combater o PS.

São duas senhoras, afectas à extrema direita religiosa ─ Deus, Pátria e Família ─ espécie de 5ª coluna, no grupo parlamentar do PS, em que participam. O tal "amigo íntimo" do Hélder não se lembrou disso, como não terá ocorrido ao tal sujeito mal encarado, e mal informado, sobre a "sua camarada", a deputada Venda, que lástima!

Era um homem de várias caras, todas feias, a agitar-se, exibir-se, fazer o pino, desunhar-se, para os seu 12 a 14 minutos de fama, que a RTP é generosa com os vendedores da banha da cobra, Marcelo Rebelo de Sousa, que o diga.

Não têm vergonha na cara. Preparem-se para o que aí vem. Vão lendo o que dizia dos homossexuais a Santa Inquisição, para justificar algumas condenações à morte. Lá vamos cantando e rindo,/ levados, levados, sim,/ pela voz do som tremendo,/ das turbas, clangor sem fim".

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