sábado, 27 de junho de 2009

PS regressa ao tempo de Almeida Santos

A campanha de demolição em curso, com dois pretextos em ouro, esta semana, faz lembrar aquela que em 1985, de Junho a Outubro, moveu Cavaco Silva, pujante de agressividade (até comparou a governança do Bloco Central à de Salazar, com vantagem para o ditador, em todos os anos que governou depois da II Grande Guerra) a um Almeida Santos intimidado, a meter os pés pelas mãos na defesa do Bloco Central (que fora obra tanto do seu partido como do partido de Cavaco Silva!) e do seu Primeiro Ministro Mário Soares.

Mutatis mutandis, Manuela Ferreira Leite e os seus muchachos podem dizer o que lhes apetecer, têm o apoio e impulso de Cavaco Silva (como o PSD de Cavaco teve o de Eanes em 1985), e da generalidade da imprensa e das televisões. Acabo de ver o Expresso da Meia Noite, com Ricardo Costa, o Picareta Falante II, a mandar calar Nicolau Santos e a impedir de falar o director do Diário Económico, António Costa, que mal conseguiu notar a gravidade da posição assumida contra um negócio privado por Cavaco Silva, em nome da ética e da transparência, logo ele.

De repente, todo o debate era deles - do hiperactivo Ricardo Costa, do histérico Eduardo Cintra Torres (convidado a que propósito?), de um "prejudicadissimo" representante do Público, de um jesuítico Martim Avillez, director do i, o herói do momento. Uma genuína sessão de bota-abaixo, que nem as campanhas de dinamização do MFA durante o PREC.

Sócrates ao inviabilizar o negócio da PT com a TVI (para afastar suspeitas? suspeitas de quê?) só arranjou lenha para se queimar. Como quando anunciou que adiava para depois das eleições as decisões sobre os grandes investimentos (por "escrúpulo democrático" - diz ele; falta de coragem - dirá o Povo).

Como quando decidiu não contrariar os vetos do Presidente, que voou em socorro de Alberto João Jardim, um Prof. Cavaco Silva amigo dos seus amigos, como sempre. Entretanto o MP faz render o peixe no caso Freeport, constituindo um arguido por semana (de preferência à sexta feira? como convém ao jornal nacional da TVI? que ideia! a independência e isenção do Ministério Público ficou bem patente quando os seus líderes sindicais - ou os seus líderes, "tout court"? - foram recebidos em audiência pelo PR).

Por este andar o MP deverá indiciar José Sócrates, quando o PS já não tiver tempo de o substituir e afirmar um novo líder. Deu resultado até agora: quem subir mesmo nas europeias foi o PCP e o BE. Não há razão para que não continue a dar resultados.

Assim temos, que as acometidas pela esquerda e pela direita, em ambos os casos bem sintonizadas com o Presidente da República, já começaram a ver-se nas sondagens. O PSD já está a frente, no barómetro da Marktest. Ce n'est qu'un début...

O drama disto tudo é que o PS está a deixar de ter espaço, sequer, para se defender: quando aparece num programa de TV é um contra cinco, incluindo o jornalista, não consegue fazer-se ouvir dez segundos seguidos, falam-lhe em cima, impedem que se oiça o que ele diz - aconteceu com Marcos Perestrello ontem, aconteceu hoje com Elisa Ferreira.

Quem no PS inventou essa nova táctica do falar suave, comer e calar, sejamos humildes meus irmãos, se nos batem na face direita demos a esquerda... pode limpar as mãos à parede.

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