terça-feira, 16 de junho de 2009

Bonito, bonito, bonito não é (1)

A primeira confusão do dia pertenceu ao Público e destinava-se em especial a quem siga distraidamente a actualidade nacional - como é o meu caso de momento e me faz chegar ao fim do dia com a cabeça à roda. Ouve-se Sócrates dizer que o objectivo é uma maioria parlamentar que permita ao PS governar e pensamos que não há equívoco possível. Mas há: logo na manhã seguinte o Público titula a toda a largura da primeira página: Sócrates deixa de pedir maioria absoluta.

Onde é que Sócrates tinha dito expressamente, e só assim justificaria uma manchete, que deixava de pedir maioria absoluta? - pergunta-se o cidadão desprevenido. Em lado nenhum. O que se conclui da leitura da grande notícia é apenas que Sócrates não pronunciou aquela palavra, a única palavra, que aqueles jornalistas estavam formatados para entender, daí a confusão.

Mais tarde, o secretário-geral do PS esclarece, mas já não terá ido a tempo de parar a manchete especulativa (será?), que maioria que permita ao PS governar só há uma, a absoluta, e mais nenhuma, como toda a gente sabe. Aí os jornalistas zangam-se: Sócrates confunde maioria parlamentgar com maioria absoluta - queixa-se o Público, atirando para cima do PM uma confusão que foi sua, do jornal.

Bonito, bonito, bonito não é - como dizia aquela cantiga de tempos revoltos.


3 comentários:

  1. na verdade, o que Sócrates disse foi que queria uma maioria parlamentar e que não conhecia outra maioria parlamentar que não fosse a maioria absoluta. julgo que foi o próprio P-M a gerar a confusão com os conceitos. o que o Público devia ter explicado era qual a diferença entre os dois tipos de maioria, já que na realidade uma maioria parlamentar não implica que se tenha uma maioria absoluta. né?

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  2. Implica: maioria parlamentar é metade dos deputados mais um, ponto. Aliás ele disse mais: "uma maioria parlamentar que permita ao PS governar", não disse "mais deputados do que qq outro partido", não disse "uma maioria que permita ao PS governar em coligação com outro partido". Os jornalistas, se tinham dúvidas, deviam confirmar o que queria dizer o homem antes de fazer manchetes com o que ele não disse.

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  3. Acrescento que a impropriamente chamada maioria relativa (partido com mais deputados mas sem atingir a maioria parlamentar) não dá para governar. Aconteceu há pouco no País Basco: o PNV tinha mais deputados do que o PSOE, só que o PSOE basco entendeu-se com o PP e foi o seu líder que foi eleito lehendakari e formou governo. Tb aconteceu em Timor: a Fretilin era o partido mais votado e ficou na Oposição: porque contra uma maioria relativa há sempre uma maioria parlamentar, absoluta, a dos outros.

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