terça-feira, 23 de junho de 2009

28 loiras do Regime só na Economia

Viram seguramente o manifesto dos 28 "economistas" contra o Governo, perdão, contra os grandes investimentos, servindo de altifalante às melodias que sobre o mesmo tema nos vêm cantando nos últimos meses, insistentemente, Manuela Ferreira Leite, primeiro, e Cavaco Silva, depois. E repararam certamente que, no afã de ajudar a enterrar o PS depois da derrota nas europeias, o compacto grupo dos 28, veio roubar protagonismo aos actores, e autores, principais desta campanha, tiveram/têm artes de concentrar sobre eles as atenções, "independentemente do que esteja em causa", como a capitosa Anita Eckerg, a bela sueca do filme de Fellini, a tomar banho na Fonte de Trevi, na evocação de Luís Filipe Menezes, na entrevista ao i, a propósto de José Pacheco Pereira. Estes, sim, que foram, são, e como tal ficarão na História, as 28 loiras do Regime, da nossa Economia.

Damos de barato que alguns são tão economistas como eu, meros licenciados em Direito, e é um pau. Mas damos "de caro" que muitos foram ministros, das Finanças e não só, só que falta contar um pouco mais o valor das respectivas prestações governamentais, para julgar da credibilidade ganha nos governos, e tão opulentamente rentabilizada em seguida, nas televisões.

Começando pelo último que foi ministro, Campos e Cunha. Aguentou quatro meses, foi o que se chamou um "desastre", segundo os próprios colegas, e a generalidade dos deputados. Dele disse o deputado António Pires de Lima, do CDS/PP, a última vez que o Ministro passou pelo plenário: "aquilo a que assistimos, sistematicamente, nas suas intervenções aqui na Assembleia da República é um discurso de rendição, um discurso soporífero, um verdadeiro Xanax que nos põe todos a dormir"(DAR Nº 38, Sessão de 06-07-2005, pág 1608). Risos no PS - registou a Acta. "Um desastre", com um discurso de rendição, soporífero, Campos e Cunha só viria a interessar os media depois de ter sido ministro, e por falar mal do Governo de que fez parte.

Há gente assim. Como Medina Carreira, que foi ministro das Finanças em 76-77, no 1º Governo de Mário Soares, no tempo dos grandes empréstimos internacionais, efectivos, e pequenos empréstimos internos, muito enaltecidos, como "o pagamento do 13º mês em parte através de títulos do Tesouro". Visto à distância, o 1º Governo Soares até não foi muito mau. Mas não conseguiu aguentar os embates políticos e a contestação sindical. Caiu no Parlamento pelos votos conjugados do PPD, do CDS e do PCP. Medina Carreira foi substituído no 2º Governo Soares por Víctor Constâncio e as coisas melhoraram, até que Eanes retirou a confiança a Soares e decidiu apostar em governos da sua iniciativa. Medina Carreira, nunca mais ninguém o quis em num lugar de alguma responsabilidade política. Não fosse a paixão que desperta em algumas jornalistas e televisões...

A Eanes deve Silva Lopes o ter sido ministro, uns três meses, de um governo contitucional (o III, de Nobre da Costa, cujo programa chumbou). E a Eanes deve também Silva Lopes o ter sido deputado em 85-87 naquele glorioso grupo do PRD, que se afundou tão depressa como surgiu.

Já o seguinte ministro das Finanças, neste grupo dos 28, Manuel Jacinto Nunes, não se pode dizer que deva tudo a Eanes e a mais ninguém. De facto, Jacinto Nunes foi também secretário de Estado de Salazar, no final dos anos 50. E no IV Governo Constitucional, com Mota Pinto, ele foi mesmo vice-Primeiro Ministro além de Ministro das Finanças. Com pouco sucesso: o seu primeiro Orçamento "chumbou", em Abril de 1978. Em Julho demitiu-se o Governo.

João Salgueiro foi um civilizado ministro das Finanças de Balsemão em 81-83 e terá saído em alta: foi mesmo candidato a líder do PSD em 85: perdeu para Cavaco Silva. Também o irritante Miguel Cadilhe parece ter sido um bom ministro das Finanças de 85 a 89, mas os seus conflitos permanentes com a comunicação social (sobretudo com Paulo Portas) faziam dele (e de Leonor Beleza!) um peso para o Governo. Cavaco Silva livrou-se dele, a tempo de ganhar a sua 2ª maioria absoluta. Miguel Cadilhe nunca mais foi ninguém na política.

Como não foi Miguel Beleza, depois de uma passagem fugaz, e conflituosa, pelo gabinete de Cavaco. De resto, Arlindo Cunha nunca foi ministro das Finanças e não se pode dizer que tenha saído em alta da Agricultura. Daniel Bessa foi ministro três meses, com Guterres. Augusto Mateus aguentou um pouco mais. Nenhum deixou na política marca que se visse.

Nunca é tarde: com a contribuição que todos acabam de dar para a próxima vitória de Cavaco Silva e da sua mais próxima companheira de armas, Manuela Ferreira Leite, pode ser que arranjem ocupação condigna a partir de Outubro.

Todos. Incluindo aquele rapaz, Rui Moreira, do Compromisso Portugal, amigo do peito de Santana Lopes, em cuja campanha participou, e de Jorge Nuno Pinto da Costa. Está todos os dias na RTP, a falar seja do que for. Ontem passei pela RTPN e lá estava ele a perorar perante um painel de jornalistas silenciosos. Defendia que a ligação a Madrid não interessava para nada. Que o que importa é a mancha urbana contínua, única, com 10 milhões de habitantes, que vai da Corunha a Setúbal...

Ninguém lhe disse que manchas urbanas dessas com 600 quilómetros de comprido há centenas no Mundo. Que só lhe faltava dizer que o Porto é que é o centro do mundo. Ninguém lhe diz nada ao Dr. Rui Moreira, tão filho-famílias. A falta que faz o Luís Felipe Scolari no debate nacional!

5 comentários:

  1. meu caro senhor,
    que não esteja de acordo com o que digo, está bem, mas não tem d colorir o seu desgosto...
    nunca fui membro do compromisso portugal nem fiz campanha pelo senhor santana lopes... deve estar enganado. já agora, quanto à mancha de que fala, e segundo as naçoes unidas, é a 33a ior conglomeração urbana do mundo.

    cumprimentos
    rui moreira

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  2. Pois, aparentemente, enganei-me de Rui Moreira, nessa parte do Compromisso Portugal e da campanha de Santana Lopes... As minhas desculpas
    José Teles

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  3. queria dizer, elas... as louras.

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  4. Carlos, eu sei que tu sabes que eu sei que sempre tive muita sorte com as loiras, uma sorte que partilhava irmãmente contigo, fifty-fifty, nos nossos tempos de TJ. A minha sorte, sempre aliás rigorosamente platónica, continua, como vês. Abraço.

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