sábado, 27 de junho de 2009

PS regressa ao tempo de Almeida Santos

A campanha de demolição em curso, com dois pretextos em ouro, esta semana, faz lembrar aquela que em 1985, de Junho a Outubro, moveu Cavaco Silva, pujante de agressividade (até comparou a governança do Bloco Central à de Salazar, com vantagem para o ditador, em todos os anos que governou depois da II Grande Guerra) a um Almeida Santos intimidado, a meter os pés pelas mãos na defesa do Bloco Central (que fora obra tanto do seu partido como do partido de Cavaco Silva!) e do seu Primeiro Ministro Mário Soares.

Mutatis mutandis, Manuela Ferreira Leite e os seus muchachos podem dizer o que lhes apetecer, têm o apoio e impulso de Cavaco Silva (como o PSD de Cavaco teve o de Eanes em 1985), e da generalidade da imprensa e das televisões. Acabo de ver o Expresso da Meia Noite, com Ricardo Costa, o Picareta Falante II, a mandar calar Nicolau Santos e a impedir de falar o director do Diário Económico, António Costa, que mal conseguiu notar a gravidade da posição assumida contra um negócio privado por Cavaco Silva, em nome da ética e da transparência, logo ele.

De repente, todo o debate era deles - do hiperactivo Ricardo Costa, do histérico Eduardo Cintra Torres (convidado a que propósito?), de um "prejudicadissimo" representante do Público, de um jesuítico Martim Avillez, director do i, o herói do momento. Uma genuína sessão de bota-abaixo, que nem as campanhas de dinamização do MFA durante o PREC.

Sócrates ao inviabilizar o negócio da PT com a TVI (para afastar suspeitas? suspeitas de quê?) só arranjou lenha para se queimar. Como quando anunciou que adiava para depois das eleições as decisões sobre os grandes investimentos (por "escrúpulo democrático" - diz ele; falta de coragem - dirá o Povo).

Como quando decidiu não contrariar os vetos do Presidente, que voou em socorro de Alberto João Jardim, um Prof. Cavaco Silva amigo dos seus amigos, como sempre. Entretanto o MP faz render o peixe no caso Freeport, constituindo um arguido por semana (de preferência à sexta feira? como convém ao jornal nacional da TVI? que ideia! a independência e isenção do Ministério Público ficou bem patente quando os seus líderes sindicais - ou os seus líderes, "tout court"? - foram recebidos em audiência pelo PR).

Por este andar o MP deverá indiciar José Sócrates, quando o PS já não tiver tempo de o substituir e afirmar um novo líder. Deu resultado até agora: quem subir mesmo nas europeias foi o PCP e o BE. Não há razão para que não continue a dar resultados.

Assim temos, que as acometidas pela esquerda e pela direita, em ambos os casos bem sintonizadas com o Presidente da República, já começaram a ver-se nas sondagens. O PSD já está a frente, no barómetro da Marktest. Ce n'est qu'un début...

O drama disto tudo é que o PS está a deixar de ter espaço, sequer, para se defender: quando aparece num programa de TV é um contra cinco, incluindo o jornalista, não consegue fazer-se ouvir dez segundos seguidos, falam-lhe em cima, impedem que se oiça o que ele diz - aconteceu com Marcos Perestrello ontem, aconteceu hoje com Elisa Ferreira.

Quem no PS inventou essa nova táctica do falar suave, comer e calar, sejamos humildes meus irmãos, se nos batem na face direita demos a esquerda... pode limpar as mãos à parede.

terça-feira, 23 de junho de 2009

28 loiras do Regime só na Economia

Viram seguramente o manifesto dos 28 "economistas" contra o Governo, perdão, contra os grandes investimentos, servindo de altifalante às melodias que sobre o mesmo tema nos vêm cantando nos últimos meses, insistentemente, Manuela Ferreira Leite, primeiro, e Cavaco Silva, depois. E repararam certamente que, no afã de ajudar a enterrar o PS depois da derrota nas europeias, o compacto grupo dos 28, veio roubar protagonismo aos actores, e autores, principais desta campanha, tiveram/têm artes de concentrar sobre eles as atenções, "independentemente do que esteja em causa", como a capitosa Anita Eckerg, a bela sueca do filme de Fellini, a tomar banho na Fonte de Trevi, na evocação de Luís Filipe Menezes, na entrevista ao i, a propósto de José Pacheco Pereira. Estes, sim, que foram, são, e como tal ficarão na História, as 28 loiras do Regime, da nossa Economia.

Damos de barato que alguns são tão economistas como eu, meros licenciados em Direito, e é um pau. Mas damos "de caro" que muitos foram ministros, das Finanças e não só, só que falta contar um pouco mais o valor das respectivas prestações governamentais, para julgar da credibilidade ganha nos governos, e tão opulentamente rentabilizada em seguida, nas televisões.

Começando pelo último que foi ministro, Campos e Cunha. Aguentou quatro meses, foi o que se chamou um "desastre", segundo os próprios colegas, e a generalidade dos deputados. Dele disse o deputado António Pires de Lima, do CDS/PP, a última vez que o Ministro passou pelo plenário: "aquilo a que assistimos, sistematicamente, nas suas intervenções aqui na Assembleia da República é um discurso de rendição, um discurso soporífero, um verdadeiro Xanax que nos põe todos a dormir"(DAR Nº 38, Sessão de 06-07-2005, pág 1608). Risos no PS - registou a Acta. "Um desastre", com um discurso de rendição, soporífero, Campos e Cunha só viria a interessar os media depois de ter sido ministro, e por falar mal do Governo de que fez parte.

Há gente assim. Como Medina Carreira, que foi ministro das Finanças em 76-77, no 1º Governo de Mário Soares, no tempo dos grandes empréstimos internacionais, efectivos, e pequenos empréstimos internos, muito enaltecidos, como "o pagamento do 13º mês em parte através de títulos do Tesouro". Visto à distância, o 1º Governo Soares até não foi muito mau. Mas não conseguiu aguentar os embates políticos e a contestação sindical. Caiu no Parlamento pelos votos conjugados do PPD, do CDS e do PCP. Medina Carreira foi substituído no 2º Governo Soares por Víctor Constâncio e as coisas melhoraram, até que Eanes retirou a confiança a Soares e decidiu apostar em governos da sua iniciativa. Medina Carreira, nunca mais ninguém o quis em num lugar de alguma responsabilidade política. Não fosse a paixão que desperta em algumas jornalistas e televisões...

A Eanes deve Silva Lopes o ter sido ministro, uns três meses, de um governo contitucional (o III, de Nobre da Costa, cujo programa chumbou). E a Eanes deve também Silva Lopes o ter sido deputado em 85-87 naquele glorioso grupo do PRD, que se afundou tão depressa como surgiu.

Já o seguinte ministro das Finanças, neste grupo dos 28, Manuel Jacinto Nunes, não se pode dizer que deva tudo a Eanes e a mais ninguém. De facto, Jacinto Nunes foi também secretário de Estado de Salazar, no final dos anos 50. E no IV Governo Constitucional, com Mota Pinto, ele foi mesmo vice-Primeiro Ministro além de Ministro das Finanças. Com pouco sucesso: o seu primeiro Orçamento "chumbou", em Abril de 1978. Em Julho demitiu-se o Governo.

João Salgueiro foi um civilizado ministro das Finanças de Balsemão em 81-83 e terá saído em alta: foi mesmo candidato a líder do PSD em 85: perdeu para Cavaco Silva. Também o irritante Miguel Cadilhe parece ter sido um bom ministro das Finanças de 85 a 89, mas os seus conflitos permanentes com a comunicação social (sobretudo com Paulo Portas) faziam dele (e de Leonor Beleza!) um peso para o Governo. Cavaco Silva livrou-se dele, a tempo de ganhar a sua 2ª maioria absoluta. Miguel Cadilhe nunca mais foi ninguém na política.

Como não foi Miguel Beleza, depois de uma passagem fugaz, e conflituosa, pelo gabinete de Cavaco. De resto, Arlindo Cunha nunca foi ministro das Finanças e não se pode dizer que tenha saído em alta da Agricultura. Daniel Bessa foi ministro três meses, com Guterres. Augusto Mateus aguentou um pouco mais. Nenhum deixou na política marca que se visse.

Nunca é tarde: com a contribuição que todos acabam de dar para a próxima vitória de Cavaco Silva e da sua mais próxima companheira de armas, Manuela Ferreira Leite, pode ser que arranjem ocupação condigna a partir de Outubro.

Todos. Incluindo aquele rapaz, Rui Moreira, do Compromisso Portugal, amigo do peito de Santana Lopes, em cuja campanha participou, e de Jorge Nuno Pinto da Costa. Está todos os dias na RTP, a falar seja do que for. Ontem passei pela RTPN e lá estava ele a perorar perante um painel de jornalistas silenciosos. Defendia que a ligação a Madrid não interessava para nada. Que o que importa é a mancha urbana contínua, única, com 10 milhões de habitantes, que vai da Corunha a Setúbal...

Ninguém lhe disse que manchas urbanas dessas com 600 quilómetros de comprido há centenas no Mundo. Que só lhe faltava dizer que o Porto é que é o centro do mundo. Ninguém lhe diz nada ao Dr. Rui Moreira, tão filho-famílias. A falta que faz o Luís Felipe Scolari no debate nacional!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Assim não vai lá: Sócrates não pode recuar mais

Em política quando se põe uma pistola em cima da mesa é para se usar, não se pode fazer bluff. Ouvi esta máxima, nestes termos exactos, se bem me lembro, do ministro José Sócrates quando toda a Oposição, incluindo alguns dos seus camaradas e amigos, como Manuel Alegre e Vital Moreira, diziam o piorio da coincineração. Sócrates enfrentou manifestações, providências cautelares, insultos e campanhas visando abatê-lo. Aguentou-se, não vacilou. É verdade que perdeu o primeiro assalto, quando Ferro Rodrigues perdeu para Durão Barroso, e ele foi substituído no Ambiente por Isaltino de Morais. Mas cimentou a sua reputação de homem determinado, contra o facilitismo, e o populismo, e a demagogia.

Pode agradecer à guerra sem quartel que lhe fizeram na coincineração (e aos apoios que teve dos cientistas independentes e da opinião não escrita) as vitórias que dois anos e meio depois teve no PS, e em seguida no País, quando à campanha da coincineração se seguiram contra ele as primeiras campanhas negras, do Freeport à sua vida privada.

Sócrates, quando resistiu e contra-atacou, devolvendo os golpes recebidos na mesma moeda, ganhou força e respeito, populares. Perdeu as europeias? Acontece: lembram-se dos resultados de Cavaco Silva nas europeias de 1987? No mesmo dia em que averbou a primeira maioria absoluta de um só partido, com 2.850.784 e 50,22% dos votos, registou nas europeias 2.111.828 e 37,45% dos votos: menos 740 mil votos, no mesmo dia e com a mesma baixa abstenção, 27,5%.

As europeias não servem como barómetro do estado do País. Devia saber disso o CDS que naquele mesmo dia de 1987 fez o mais brilhante resultado a nível europeu, 4 em 25 deputados, e ficou reduzido à dimensão interna do "partido do táxi". Sócrates fez mal em deixar-se intimidar.

Sócrates está a "descaracterizar-se" - Luís Filipe Menezes tem razão nesse ponto - a olhos vistos. É verdade que as forças que se movem contra o PS são poderosas: vão de Belém à S. Caetano, e vice-versa, assentaram arraiais nas televisões e nos jornais, vetam, puxam para trás, param, bloqueiam, são reaccionárias até ao tutano.

Por isso mesmo. Sócrates devia pôr a pistola em cima da mesa e dispor-se a usá-la, se for preciso. Dizer, como Cavaco Silva em 1991, que "o País não pode parar". Que se não ganhar as eleições, se lhe faltar um deputado que seja para a maioria parlamentar, não poderá continuar a fazer frente a um Presidente da República adverso, mancomunado com uma líder "deprimente" da Oposição, a braços com os extremistas de esquerda, para quem o voto é apenas uma forma de luta e nem sequer a mais importante.

Sócrates deve dizer que ou ganha ou vai-se embora. Fica o País à mercê de Manuela Ferreira Leite ou de Francisco Louçã - o Povo que decida.





terça-feira, 16 de junho de 2009

Bonito, bonito, bonito não é (2)

A segunda confusão do dia é do Presidente da República e é menos inocente do que a confusão dos jornalistas sobre aquela palavra que Sócrates não pronunciou e por isso ganhou uma manchete. A quantidade de manchetes que irá merecer daqui a Outubro, cada vez que não disser uma palavra, qualquer que seja, que os jornalistas esperem dele.

É a confusão do PR é aquela que serve de base ao título Presidente defende adiamento de decisão sobre o TGV. Dizemos que não é inocente a confusão porque parte de uma manipulação notória: "Vi hoje nos jornais que as decisões finais podem ser adiadas" - diz S. Exª.

Ora o que disse Mário Lino, cito do DN, foi que "o andar normal das coisas leva a que só na próxima legislatura - lá para Outubro -, haja condições, nunca antes, para assinar o contrato de concessão" do troço Poceirão-Caia, o primeiro concurso lançado.

O ministro falou do andar normal das coisas, o qual, se o PS não tiver medo, levará a que continue a "fase final de apreciação de propostas e negociação com os dois [consórcios] concorrentes", liderados pela Brisa/Soares da Costa e pela Mota-Engil. Que desta negociação resultará um relatório "que estará pronto em Julho".
Que os concorrentes serão depois notificados da decisão e têm de dizer se estão de acordo ou não.

Que o Governo, este Governo, tomará então uma decisão sobre a adjudicação. Que decidida a adjudicação, são elaboradas as bases de concessão que têm de ser aprovadas em Conselho de Ministros e promulgadas pelo Presidente da República. Ou não.

Só depois, já "na próxima legislatura - lá para Outubro", é que poderá ser assinado o contrato de concessão. O Ministro não falou de "adiar decisões finais", pelo contrário. Só o Presidente - a mesma pessoa que pouco se preocupou com prazos, e concursos, e reparos da Oposição, quando lançou o Centro Cultural de Belém e outras obras emblemáticas do cavaquismo, que ainda hoje nos custam os olhos da cara- é que fala agora em "adiar as decisões finais". Ainda por cima, dizendo que é isso que está nos jornais e louvando o bom senso.. do adiamento.

Era assim que se manipulava no PREC, agora dá mais nas vistas. Até pode acontecer que o Governo se assuste com a avassaladora manipulação, a que Cavaco Silva dá voz e percorre os jornais. Agora...

... bonito, bonito, bonito não é.

Bonito, bonito, bonito não é (1)

A primeira confusão do dia pertenceu ao Público e destinava-se em especial a quem siga distraidamente a actualidade nacional - como é o meu caso de momento e me faz chegar ao fim do dia com a cabeça à roda. Ouve-se Sócrates dizer que o objectivo é uma maioria parlamentar que permita ao PS governar e pensamos que não há equívoco possível. Mas há: logo na manhã seguinte o Público titula a toda a largura da primeira página: Sócrates deixa de pedir maioria absoluta.

Onde é que Sócrates tinha dito expressamente, e só assim justificaria uma manchete, que deixava de pedir maioria absoluta? - pergunta-se o cidadão desprevenido. Em lado nenhum. O que se conclui da leitura da grande notícia é apenas que Sócrates não pronunciou aquela palavra, a única palavra, que aqueles jornalistas estavam formatados para entender, daí a confusão.

Mais tarde, o secretário-geral do PS esclarece, mas já não terá ido a tempo de parar a manchete especulativa (será?), que maioria que permita ao PS governar só há uma, a absoluta, e mais nenhuma, como toda a gente sabe. Aí os jornalistas zangam-se: Sócrates confunde maioria parlamentgar com maioria absoluta - queixa-se o Público, atirando para cima do PM uma confusão que foi sua, do jornal.

Bonito, bonito, bonito não é - como dizia aquela cantiga de tempos revoltos.


segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Tratado de Lisboa foi ontem a enterrar


As eleições foram uma catástrofe política para a Europa em quase todos os países. Porque simplesmente, à esquerda e à direita, ganharam sobretudo os cépticos, os adversários, os ressabiados, os inimigos, do ideal europeu. E não falamos sequer da extrema direita, que arrasou na Grã-Bretanha, consolidou-se em Itália, impôs-se na Holanda. Falamos dos ideais proteccionistas que prosperaram, da desconfiança e do primarismo político que os eleitores premiaram. Neste sentido é que estas eleições europeias são sobretudo um triunfo da extrema direita antieuropeia, mais do que uma normal vitória da direita moderada, e muito menos da extrema esquerda, como se poderia pensar, vistas as coisas aqui do quintal.

De facto, tirando Portugal, a extrema esquerda europeia não saiu das covas em que tem vegetado nos últimos vinte anos. Besancenot, o mais próximo companheiro de armas de Louçã em França, depois de ter tido nas sondagens uns 15% para o seu Novo Partido Anticapitalista - "os ricos que paguem a crise" - ficou-se por menos de 5% e um deputado.

Quem ganhou muito em França e ficou a uma unha negra de bater os socialistas foram os centristas e altermundialistas da Europe Ecologie - liderados pelo alemão Daniel Cohn-Bendit, líder de Maio de 68, pela norueguesa Eva Jolie, uma magistrada anti-corrupção do gabarito, e com o mesmo insucesso, de uma Maria José Morgado, entre nós, e pelo campónio José Bové.

Claro que também ganhou o populista, proteccionista, nacionalista (será ainda gaullista?), partido do Presidente Sarkozy, o UMP. E ganhou, precisamente, por ter desencadeado o proteccionismo francês contra a europeia liberdade de circulação de pessoas e bens. Ganhou contra a Europa e isto é uma catástrofe política, pior do que a subida imprevista do UK Independence Party que reclama a saída da União Europeia. Ou a dos alegados fascistas do BNP que fazem uma entrada triunfal no PE com 2 deputados.

Acontece que os conservadores, que também ganharam nestas europeias e se preparam para arrasar a concorrência nas próximas legislativas britânicas, são contra o Tratado de Lisboa, propõem-se voltar atrás na ratificação parlamentar que já ocorreu e submeter o Tratado ratificado à humilhação de um referendo, o que deverá fazer estremecer de emoção os nossos Pachecos Pereiras domésticos. Mais do que Irlanda, o Reino Unido quer-se fora da Europa, não avança nem deixa avançar, melhor seria que saísse de uma vez, o UKIP é mais honesto do que o Partido de David Cameron.

De facto, que é que o Reino Unido está a fazer na Europa? Não é do Espaço Shenghen. Está fora do euro. Excluiu-se da Europa Social. A Suiça partilha mais das vantagens e inconvenientes das leis da União Europeia do que a Grã-Bretanha.

UKIP, BNP, Conservadores, vão unir-se para a machadada final no Tratado de Lisboa, para fazer a vida negra ao euro, para deitar abaixo o que restar da União Europeia, depois da guerrilha que agora começa. Com Durão Barroso ao leme da Comissão, ungido por Berlusconi e Sarkozy, com um Executivo amolecido, que não teve, nem terá, autoridade para contrariar os proteccionismos que aí estão, não saímos da cepa torta. Iremos de recuo em recuo até à debandada final.

Para a Europa é sobretudo esta falta de força, esta inanição, da Comissão Europeia, que constitui o problema. Como naquela parábola profética do genial Georges Pérec:
Trois cardinaux, un rabbin, um amiral franc-maçon, un trio d'insignificants politicards soumis au bon plaisir d'un trust anglo-saxon, ont fait savoir à la population par radio, puis par placards, qu'on risquait la mort par inanition. On crut d'abord à un faux bruit. Il s'agissait, disait-on, d'intoxication. Mais l'opinion suivit. Chacun s'arma d'un fort gourdin. "Nous voulons du pain", criait la population, conspuant patrons, nantis, pouvoirs publics. Ça complotait, ça conspirait partout. Un flic n'osait plus sortir la nuit. À Mâcon, on attaqua un local administratif. À Rocamadour, on pilla un stock: on y trouva du thon, du lait, du chocolat par kilos, du maïs par quintaux, mais tout avait l'air pourri. À Nancy, on guillotina sur un rond-point vingt-six magistrats d'un coup, puis on brûla un journal du soir qu'on accusait d'avoir pris parti pour l'administration. Partout on prit d'assaut docks, hangars ou magasins.
Plus tard, on s'attaqua aux Nord-Africains, aux Noirs, aux juifs. On fit un pogrom à Drancy, à Livry-Gargan, à Saint-Paul, à Villacoublay, à Clignancourt. Puis on massacra d'obscurs trouffions, par plaisir...
E por aí adiante, foi assim que começou... La disparition, a desaparição da Europa, que passou logo a chamar-se Uropa, após a proscrição do amaldiçoado quinto signo... Tudo arrancou num domingo, não muito acalorado, num próximo post conto-vos tudo, na forma trabalhada, ímpar, do autor.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Previsões europeias: nossas e não só (3)

Depois das novidades dos seis grandes, e da análise das eleições nos países do meio tabela, entre os quais Portugal, apresento agora uma vista de olhos, do meio da tabela para baixo, sempre com o critério do número de habitantes em ordem decrescente:

14 – Suécia: não à Europa perde terreno (Pop 9.045.389, elege 18 dep.) – Os suecos, que em referendo recusaram a adesão ao euro, fazem agora figura de euroentusiastas segundo as sondagens.  Perde o Movimento do Não à Europa, parceiros do PCP e do Bloco no GUE/EVN e perdem os independentes eurocépticos. Há 8 partidos com hipóteses de eleger deputados. Vantagem do PSD sueco (SOC), com 31% dos votos e 7 deputados.

15 – Áustria: alterações mínimas (Pop 8.205.533, elege 17 dep.).  O Partido Liberal, do finado Haider, duplica a sua representação: de 1 para 2, como o nosso Bloco. Os sociais democratas (SOC) deverá passar de 33,4% a 28,0% e perder 2 deputados, ficando quase empatados com os democratas cristãos, 28% contra 27%.

16 – Bulgária: cristãos a subir (Pop 7.262.675, elege 17 dep.) – Tiveram eleições europeias pela primeira vez em 2007. Em dois anos, segundo as previsões, os liberais perdem 3 deputados. Ganham os democratas cristãos, do PPE, que avançam 10 pontos e deverão ter 6 deputados mais um do que os socialistas.

17 – Dinamarca: afundam-se os do contra (Pop 5.484.723, elege 13 dep.) – Era uma vez um  Movimento do Povo dinamarquês contra a União Europeia, companheiro de luta, e de grupo, do PCP e do BE,  que chegou a ter 4 deputados no PE. Desaparece desta vez, segundo as sondagens. O não à União, por vezes disfarçado de não a esta União, só ganha terreno em Portugal e em França.

18 – Eslováquia: 3 partidos no PPE (Pop 5.455.407, elege 13 dep.) – Os cristãos de 3 partidos búlgaros com assento no PPE tinham maioria absoluta 8/14, agora perdem 3, empatando com os socialistas, que deverão recolher 35 % dos votos e eleger 5 deputados.

19 – Finlândia: 7 partidos num pequeno país (Pop  5.244.749, elege 13 dep.) – Perdem os liberais (ALDE) que terão menos 2 deputados. De resto, a notícia é que haverá 7 partidos a partilhar os 13 lugares da Finlândia, com o PPE com 25% e 4 deputados.

20 – Irlanda: pequenina e bailarina (Pop 4.156.119, elege 12 dep.) – Bloqueou o Tratado de Lisboa, com menos de um milhão de votos contra. Agora, com a crise a bater-lhes forte e feio, são “os mais interessados” nestas eleições no reino dos maus. O Fine Gael, do PPE, perde 1 mas continua à frente com  32% e 4 lugares.

21 – Lituânia: liberais afundam-se (Pop 3.565.205, elege 12 dep.) – Os liberais da ALDE tinham ganham as eleições em 2004 com 30% e 5 deputados. Aparentemente, a época está mal para liberalismos, também na Lituânia, onde os liberais devem perder 4 dos seus 5 eleitos. Ganha o PPE com 21% e 3 deputados.

22 – Letónia: 8 partidos para 8 lugares (Pop 2.245.423, elege 8 dep.) – Os eurocépticos letões, na Europa das Nações, foram em 2004 o partido mais votado, com 30% dos votos e 4 representantes. Perdem 3. Prevê-se que desta vez oito partidos obtenham representação europeia, 1 deputado para os que ganham, 1 deputado para os que perdem.

 23 – Eslovénia: país de resistentes (Pop 2.007.711, elege 7 dep.) – A pequena república dos Alpes sobreviveu à ex-Jugoslávia e aprende agora a sobreviver aos grandes da União. Os subsídios de Sarkozy a uma multinacional automóvel foram para se tiver de fechar fábricas o fazer na Eslovénia. SOC e PPE empatados com 25% e 2 deputados, cada.

24 – Estónia: Socialistas perdem (Pop 1.307.605, elege 6 dep.). Os socialistas tinham ganham por muitos em 2004 com 36% e 3 deputados: perdem agora 20 pontos e 2 lugares. De resto espalham-se os votos por 5 partidos, só os liberais têm 2.

25 – Chipre: Socialistas entram (Pop 792.604, elege 6 dep.) – Só 1 PPE muda de mãos: deverá passar aos SOC que não tinham nenhum, o que já é muito quando há apenas 6 a repartir e tão poucos votos. O partido centrista, também do PPE, lidera com 32% e 2 deputados.

26 – Luxemburgo: tudo na mesma (Pop 486.006, elege 5) – Panorama inalterado na sede oficial (administrativa) do PE. Os democratas cristãos (PPE) garantem mais uma vez 3 dos 6 eleitos luxemburgueses.

27 – Malta também não muda (Pop 403,532, elege 5 dep.) – Tudo inalterado: os democratas cristãos (PPE) deverão manter os 2 deputados que têm, os trabalhistas (SOC) deverão conseguir uma maioria de votos, 51%, e de deputados, 3.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Previsões europeias: nossas e não só (2)

Vimos as previsões dos seis grandes - Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Espanha, Polónia (os países do Directório?) Continuamos pela mesma ordem, do mais populoso para o menos, com os chamados médios Estados da União Europeia, da Roménia à Hungria, com Portugal, em 10º (sabia?), com destaques da última hora.

7 - Roménia: empate à vista (Pop 22.246.862, elege 33 dep.) – Os democratas-cristãos (que eram dois partidos na Roménia, chamados, respectivamente, liberais-democratas e democratas-liberais, unem-se nestas eleições, mas deverão perder cada um 3 deputados. Socialistas em alta, pelo que até ontem PPE e SOC estavam empatados a 30% dos votos e 11 lugares cada. Mas os socialistas na última sondagem desfaziam o empate: 12 a 10.

8 – Holanda: convivência genética (Pop. 16.645.313, elege 25 dep.) – Perdem socialistas, menos 3 lugares, e os Verdes, menos 2. A grande notícia é que haverá 9 partidos que elegem deputados europeus. A Holanda é um Estado pluralista, habituado a viver e conviver, sem dramas, em coligação – uma questão de tolerância genética, de raiz protestante, toldada apenas pelos movimentos racistas de extrema direita, em recessão. O Partido Cristão Social (PPE) deverá continuar o mais votado com  20% e 4 deputados.

9 – Grécia: PASOK resiste (Pop 10.722.816, elege 22 dep.) – Os cristãos da Nova Democracia (PPE) deverão perder terreno, menos  4 deputados. Ganham os Verdes, os comunistas ortodoxos e os independentes, mais 1, cada. Mas o PASOK (SOC) deverá continuar à frente com cerca de 36% dos votos e 8 lugares no PE. 

10 – Portugal: PSD e Bloco vencem 1ª batalha? A guerra é para continuar (Pop 10.676.910, elege 22 dep.) – O PS baixa de 12 deputados em 2004 para 9, ou 8, segundo a última sondagem da Marktest, e assim o partido da adesão, do euro e do Tratado de Lisboa perde 3 ou 4 deputados. Ganha o partido do Presidente da República, do Presidente da Comissão Europeia, da TVI, do Público, dos Negócios, do Privado. Ave César! Ganha o PSD mas não só: ganham os professores, ganham os magistrados, ganha a CGTP, ganha o PCP e ganha sobretudo o Bloco de Esquerda, da extrema de esquerda não democrática – “o voto é apenas uma forma de luta” –, promotor de ocupações e arruaças, no próprio Parlamento português e lá fora, parceiro e amigo de todos os inimigos desta Europa. Seguem-se as legislativas, que como em 87 tinham todas as razões para coincidir com as europeias, mas assim não quis o PR que preferiu prolongar por mais cinco meses o confronto, mediático, justicialista, professoral, em que todos os golpes são permitidos, rumo à vitória, sempre. Vae victis!

11 – Bélgica: a mesma confusão (Pop 10.403.951, elege 22 dep.) – Se destas eleições decorresse a formação de um Governo, não se vê qual fosse, como habitualmente. Os belgas distribuem-se por partidos francófonos, flamengos e germânicos, de todas as confissões, menos a comunista, e é a única vantagem que têm. Desta feita perdem os socialistas, tanto os da Valónia como os da Flandres e também os liberais. Mas os que ganham, os cristãos flamengos, também não vão longe: 12% dos votos e 3 deputados. 

12 – Chéquia: comunistas em baixa (Pop 10.220.911, elege 22 dep.) – Dos países do antigo Pacto de Varsóvia é o único na União Europeia que tem um partido comunista assumido (os da ex-RDA juntaram-se a um grupo de dissidentes do SPD), com o nome empolgante de Partido Comunista da Chéquia e Morávia. Causa espanto num País em que se atiraram ministros pela janela, no pós-guerra, e se chamaram os tanques soviéticos em 1968 para esmagar qualquer veleidade de “democracia socialista”. Pois os orgulhosos (de quê?) comunistas checos deverão perder terreno desta vez: menos 3 deputados. Ganham os socialistas, mais 7 lugares no PE.

13 – Hungria: maioria absoluta cristã  (Pop 9.930.915, elege 22 dep.) – Os socialistas perdem 1 deputado, o PPE ganha 2. A grande notícia é que o PPE húngaro deverá atingir os 53% dos votos e os 14 deputados.

Arruaça parlamentar é outra forma de luta do BE


Já cá se sabia que "o voto é apenas uma forma de luta", e não a única maneira legítima de tomada do poder. E que as ocupações são mais eficazes do que os votos - na opinião de Miguel Portas. Agora descobre-se, pelo comportamento de Ana Drago na Assembleia, que há mais uma forma de luta legítima para o BE: a arruaça parlamentar, evitar que a Ministra burguesa responda calmamente à sua interpelação proletária.

Lembram-se daquela afirmação de Álvaro Cunhal a Oriana Falacci, que "a democracia burguesa não interessava ao PCP"? Foi em 1976, Miguel Portas era um dos principais dirigentes da UEC, e foi um burburinho de todo o tamanho. Como é que agora está tudo tão calado perante o Bloco insurrecto?

Por essa e por outras que se tivesse de votar nos parceiros portugueses dos ex-comunistas da RDA, ou do dinamarquês Movimento do Povo contra a União Europeia, eu, feitas as contas, ainda preferiria o partido da Ilda Figueiredo. É mais previsível. 

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Previsões europeias: nossas e não só (1)


Nestas eleições europeias, somos parte, um 22/736 avos, não faz sentido fazermos de conta que tudo gira à volta dos nossos pequeninos problemas internos. Vale a pena acompanharmos o resto das eleições europeias, o que dizem as sondagens, lá fora, Estado a Estado, nos 27. Achamos que o melhor dos instrumentos desta análise é o Predict09, um site de referência, nesta campanha, aqui e lá fora. Esta são algumas das notícias que nos esperam, a menos que todas as sondagens se enganem, domingo à noite, nas televisões.


Alemanha: Merkel batida (População: 82.428.000, 99 dep. a eleger) – As últimas previsões apontam para a perda de 11 lugares no PE pela CDU (PPE), de Angela Merkel, actual chanceler. Perdem também os Verdes,  menos 2. Ganha o Die Linke (GUE/EVN), partido de Oskar Lafontaine e dos antigos comunistas da ex-RDA, mais  2, ganham também os liberais (ALDE), mais  4, e, mais do que todos, ganha o SPD (SOC), mais 9, que poderá subir ao 1º lugar na Alemanha, com 30% dos votos e 32 deputados.

França: triunfo trotsquista (População: 62.886.000, elege 72 dep.) – Perdem os socialistas, que se dividiram no referendo da Constituição Europeia e na aprovação do Tratado de Lisboa: menos 10 lugares no PE. O grande fenómeno desta campanha é o NAP – Novo Partido Anticapitalista , do carteiro Olivier Besancenot, trotsquista internacionalista da mesma tendência que Francisco Louçã, que se prevê eleja 9 deputados. A UMP de Sarkozy, que governa, e se fez notada por medidas proteccionistas, deverá ficar em 1º lugar, com 27% e 27 lugares no PE.

Reino Unido: menos antieuropeus (População: 60.422.000, elege 72 dep.) – Perde eleitores o UK Independence Party, partido que luta por que o Reino Unido saia de imediato da União Europeia e por leis anti-imigração,   6 deputados, segundo as sondagens.  Os liberais, que são os britânicos mais leais ao projecto europeu, ganham 5% e um deputado. Trabalhistas e conservadores mantêm as suas posições relativas no PE, com os Tories na liderança:  31% dos votos e 26 lugares em perspectiva.

Itália: um "duce” nas alturas  (População: 58.752.000, elege 72 dep.) –  Quem mais perde é a Rifundazione Comunista (GUE/EVN), que deverá ter menos 3 lugares. A Lista Bonino, da carismática antiga comissária Emma Bonino perde os seus 2 representantes, tantos como os adeptos oficiais de Mussolini. Os socialistas sobem 3 lugares. Mas a grande vedeta continua a ser Berlusconi, que encabeça o seu Povo pela Liberdade em todos os círculos eleitorais e se mantém à frente, com  33% dos votos e 25 deputados/as, algumas muito giras, no seu séquito.

Espanha: 11 partidos em Bruxelas (População: 43.758.000, elege 50 dep.) – Perde o PSOE de Zapatero, no Governo, menos 7 lugares. No seu eleitorado surge a UPyD, de Rosa Diez, dissidente socialista, por causa das passadas negociações com a ETA, com dois lugares em perspectiva. E regressam em força os partidos regionais: as sondagens indicam que 11 partidos espanhóis vão eleger representantes seus no PE. O Partido Popular, de Rajoy, que perdeu as legislativas, deverá vencer agora as europeias, com 42% e 22 eleitos.

Polónia: “famílias polacas” à deriva  (População: 38.157.000, elege 50 dep) - A Liga das Famílias Polacas, um partido conservador, de inspiração fortemente católica, frontalmente anti- EU,  – que se tornou notado em 2001 por negar o pogrom anti-judeu de 1941, deverá perder os seus deputados europeus por não atingir o limiar dos 5%. Os socialistas também perdem: 2 deputados. Ganham os democrata-cristãos, no  PPE, que sobem para os 49% dos votos e deverão contar com 25 deputados.

(Continua)

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Grupo do PCP e do BE no Parlamento Europeu



Estalinistas de sempre, como o PCP, gente para quem o voto é apenas uma arma do Povo, como o BE, saudosistas da Stasi e do Muro de Berlim, como o Die Linke (que reune os comunistas da ex-RDA), os que chamaram os tanques soviéticos para repor a legalidade socialista e esmagar a Primavera de Praga, como os comunistas checos, fundamentalistas italianos, como a Refundazione Comunista, o braço político dos bombistas do IRA, como SInn Fein da Irlanda do Norte, o dinamarquês Movimento do Povo contra a União Europeia, o sueco Movimento pelo Não à Europa, o brejnevista PCF, uma espécie em vias de extinção, todos combatem o Tratado de Lisboa, todos fazem parte do mesmo grupo político no Parlamento Europeu.


Chama-se Esquerda Europeia Unitária/ Esquerda Verde Nórdica e, repete-se, dele fazem parte, sem divergência que se tenha visto no passado, os eleitos do PCP tanto como os do Bloco de Esquerda, 3 representantes, aqui.


O grupo é liderado por Francis Wurtz, do Partido Comunista Francês, que já foi o maior partido de França, tem uma posição dúbia sobre a Europa, é contra o Tratado de Lisboa como foi contra todos os tratados europeus anteriores (não contando com o Pacto de Varsóvia!), e tem vindo a afundar-se eleição após eleição: em 2004 elegeu 3 deputados dos 78 franceses.

 

As maiores representações nacionais na Esquerda Unitária Europeia são os antigos comunistas da ex-RDA (Die Linke, 7 eleitos), a par dos comunistas checos, tão anti-europeus como o seu Presidente, que são 6, seguidos  pelos comunistas portugueses, 3 deputados, do PCP e do BE, que podem passar a 4 no domingo, e fazer de nós, proporcionalmente, a representação nacional com mais vozes contra o Tratado de Lisboa na Europa do Sul.  

 

Aliás a palavra de ordem do grupo não é nada do género “contra a Europa, marchar, marchar”  é só que se vive “uma crise de legitimidade do actual modelo europeu” – disse-o Francis Wurtz, do PCF, no seu último discurso no plenário esta legislatura e já ouvi fórmula idêntica na boca de Miguel Portas, do BE.

 

Menos dissimulados, honra lhes seja, são os aliados do PCP e do BE da chamada “Esquerda Verde Nórdica”: o deputado dinamarquês Soendergaard é do Movimento Popular contra a UE (um célebre partido na Dinamarca que só existe para as eleições europeias e já teve melhores resultados), a deputada  sueca Eva-Britt Svensson é a secretária-geral do Movimento pelo Não à Europa, o deputado-jornalista finlandês Esko Seppänen é de um partido indecifrável no site do PE mas vê-se bem que move campanha contra apoios da comissão a organizações não governamentais de jovens, que defendam o voto nas eleições para o PE.


Facto é que todos estes partidos e movimentos anti-europeus entraram em recessão acelerada nos últimos dez ou vinte anos. A excepção é Portugal, onde um Partido terceiro-mundista, como o BE, deverá duplicar o seu número de deputados. Não é por isso que vamos passar a ser um país atrasado. Limitar-nos-emos a continuar a sê-lo cada vez com mais suporte popular.

 

Diz-me com quem andas...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Novos próximos futuros grandes investimentos

Andam tão distraídos os nossos jornalistas em campanha, com as enchentes do PSD em Barcelos, um concelho enorme e um feudo social democrata, desde sempre...
Quem é que está para aí a dizer que hora e meia depois da hora marcada ainda não conseguiam dar um ar composto ao salão paroquial ? 
…caluda, podiam era dizer que um brilharete do PSD em Barcelos era tão lógico e natural, como as pessoas como a Ana Gomes quererem saber dos milhões, muitos milhões, que algumas “figuras gradas” do grande PSD do passado meteram ao bolso nos BPNs e nos BPPs, descobertos e a descobrir.

Andam tão distraídos os jornalistas em campanha que ainda não se lembraram de indagar por que estranha razão ficaram de repente tão nervosos, com o pouco que se vai sabendo do passado, algumas figuras gradas do PSD do presente. Estão preocupados com quê? 

Se o que importa é o interesse nacional (e eu não assino por baixo, que também é nosso, e muito de enaltecer, o interesse europeu) qual é o passo seguinte nesta campanha toda virada para temas internos? Os novos próximos futuros grandes investimentos privados (já vimos que de grandes investimentos públicos não gosta o PSD e não gostam os seus mais altos apoiantes) nos BPNs, nos BPPs, nas CGDs, que vão ser privatizadas?