domingo, 14 de março de 2010

As perguntas que não foram feitas e deviam ter sido

Com a devida vénia ao Nik para desvendar o que a esfinge nos esconde:

37 perguntas a Cavaco Silva

(continuação)

Senhor Presidente, a circunstância de o senhor enquanto primeiro ministro ter entregue, em 1992, um canal de televisão ao ex-primeiro ministro e militante n.º 1 do PSD, Francisco Balsemão e ter oferecido, em 1993, um canal à Igreja deve ser interpretada como fazendo parte de um plano para controlar a comunicação social portuguesa tanto do ponto de vista político-ideológico como religioso?

Senhor Presidente, a posterior entrada da Media Capital e da Sonae no capital da televisão da Igreja não lhe causou sobressaltos?

Senhor Presidente, a posterior tomada de controlo da TVI pela Media Capital não lhe causou vertigens?

Senhor Presidente, a posterior OPA do grupo espanhol Prisa sobre a totalidade do capital da Media Capital, em 2006, não lhe causou engulhos?

Senhor Presidente, o senhor acha normal ter afirmado, em Junho de 2009, contra a sua norma de não se pronunciar sobre negócios entre empresas, que os responsáveis da Portugal Telecom, uma empresa privada interessada no negócio das telecomunicações e multimédia, deveriam "explicar aos portugueses que motivos levam esta empresa a querer comprar 30% da Media Capital"?

Senhor Presidente, o senhor teve alguma conversa prévia com Manuela Ferreira Leite ou José Eduardo Moniz quando, em Junho de 2009, acusou de falta de transparência o negócio que se encontrava em preparação entre a PT e Prisa para a compra de parte da Media Capital, de que teria resultado o regresso da titularidade desta empresa a mãos portuguesas?

Senhor Presidente, porque é que não lhe oferecia garantias de "transparência e ética" a entrada da PT no capital da Media Capital, sabendo-se, por exemplo, que a mesma PT tinha detido 40% do capital da SIC Notícias durante oito anos sem que ninguém se tivesse queixado de falta de transparência ou de interferência na informação desse canal?

Senhor Presidente, o senhor pensa que o facto de o Estado deter uma golden share na PT e de, por conseguinte, o governo ter influência na nomeação do presidente e dois membros do conselho de administração, põe em causa a transparência e a ética dos negócios que essa empresa decida realizar?

Senhor Presidente, o facto de o governo ser socialista tem alguma influência no juízo que o senhor faz sobre a transparência ou não transparência dos negócios da PT?

Senhor Presidente, se o governo fosse do PSD, o senhor também acharia que o negócio entre a PT e a Prisa era questionável em termos de transparência e ética?

Senhor Presidente, se José Eduardo Moniz ficasse na TVI, como o presidente da PT aliás propôs ao dito Moniz, o senhor já acharia que o negócio entre a PT e a Prisa era transparente e ético?

Senhor Presidente, se em Junho de 2009 não se estivesse em período pré-eleitoral, o senhor também duvidaria da transparência do negócio?

Senhor Presidente, tem consciência de que com as suas declarações de Junho de 2009 sobre o negócio PT/Prisa pressionou o governo para que o negócio não se fizesse?

Senhor Presidente, depois das dúvidas que o negócio PT/Prisa lhe suscitaram, porque lhe ofereceu garantias de transparência e ética a compra de 35% da Media Capital à Prisa pela Ongoing, grupo que na altura era, e ainda hoje é, detentor de 23% do capital do grupo concorrente, a Impresa?

Senhor Presidente, não sente vontade de se pronunciar, contra a sua norma de não se pronunciar sobre negócios entre empresas, sobre a transparência do negócio recentemente celebrado entre a PT e o grupo Impresa para a criação de um novo canal de televisão para o Meo?

Sem comentários:

Enviar um comentário