O que diz Cavaco, ele que nunca se engana e raramente tem dúvidas, assim traduzido por miúdos, nada de tretas e larachas? Isto: "os mercados são nossos amigos", e não se deve atacá-los, são óptimos, assim uma espécie de BPN à escala universal, dão um dinheirão, a alguns, pelo menos a ele e à filha deram, em negócio particular, de amigos, não foi ele, foi Oliveira e Costa, em pessoa, a comprar-lhe e vender-lhe as acções no tempo certo, a preço de amigos, e os outros que se lixem, vem aí o Estado e paga os prejuízos.
Que o Povo quer em Belém alguém como ele, com provas dadas, fino que nem um rato, como naquela inventona das escutas ─ lembram-se? ─ soprada pelo amigo Fernando Lima aos seus amigos do Público, que ele cobriu, e deixou cobrir, até depois das eleições.
Os mercados são nossos amigos ─ defende Cavaco. E são: ainda ontem, noticiava o Jornal de Negócios, os juros da dívida a 10 anos sobem pela décima quarta sessão consecutiva. No mesmo dia em que o Figaro se interessava muito por nós e punha em destaque: La Chine va racheter 5 milliards de dette portugaise. Em suma, e como assinalava o El País (e o El Mundo) tínhamos/temos "Portugal en el disparadero y los mercados con el gatillo siempre a punto", enquanto a Alemanha, dona dos mercados e amiga de Cavaco, registava um crescimento de 4% do PIB, por conta dos lucros dos seus bancos com os países em dificuldade, e também, dos submarinos colocados, pagos a pronto, na Grécia e em Portugal.
Mas a Alemanha, tão nossa amiga, está a pensar numa solução (para nos asfixiar de vez?). Como revelou o Süddeutsche Zeitung, propõe um novo "Fundo de Invdestimento Europeu de Estabilidade", paralelo ao Banco Central Europeu, que concederá empréstimos aos países da zona euro em dificuldade "moyennant des garanties sous forme d'or ou de participation au capital d'entreprises publiques". Diz o Figaro, aqui.
Os mercados são nossos amigos: condenaram-nos à penúria, depois queixam-se que estamos na penúria e aumentam outra vez os juros. E um dia destes, com Cavaco em Belém e os seus homens de mão nos postos de comando (num novo BPN? Não, num novo Governo!), teremos empréstimos pagos a peso de ouro ou participação de capital nas nossas empresas públicas. Como na bancarrota de 1896, que nos arranjou um tal Oliveira Martins.
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