quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"Liberais de todo o Mundo, uni-vos"

"Não pagamos" ─ clamam neste momento os manifestantes à volta de Westminster. Atenção que isto não são aumentos a brincar, como os das propinas em Portugal nos idos de 90! De uma assentada, as propinas mais do que triplicaram no Reino Unido: sobem de cerca de 3000 libras, em média, para mais de 9 mil libras, por ano (i. é, 10.740 €/ano, 900 €/mês!). Conservadores e liberais britânicos, David Cameron e Nick Clegg, bem tinham avisado que era preciso "emagrecer" o Estado Social. Quem quer Universidade paga-a.

Hoje é o Ensino, amanhã será a Saúde, a Segurança Social, tudo o que gasta... Os liberais, é verdade, também tinham assinalado expressamente que jamais votariam um aumento de propinas porque os estudantes britânicos já vivem essencialmente de empréstimos, estão endividados até aos cabelos, e ainda não começaram ganhar, vivem por conta do que hão-de pagar um dia. Mas votaram.

Por que é que hão-de ser os nossos impostos a pagar os estudos destes senhores ? ─ ouvi nna Sky News, do Murdoch. Abaixo os impostos, viva a Economia. É a palavra de ordem dos "liberais de todo o Mundo, uni-vos", a receita infalível, o abre-te sésamo das vitória eleitorais, em todas as latitudes. Abaixo o Estado! Pim.

Funcionou no Reino Unido e está a chegar até nós: Estado mínimo, propinas máximas, o esplendor de Portugal, desta vez é que é, começa a 23 de Janeiro. "Os nossos impostos" não vão pagar os estudos superiores da canalha, que são caros (os outros também!), "os nossos impostos" não vão pagar as doenças crónicas, as operações caras, os cuidados de saúde custosos, "os nossos impostos" não vão pagar a regulação do sistema bancário, embora paguem os rombos (roubos!) do BPN e amigos (um favor imenso que o PS já fez ao PSD).

O mais tardar lá para Março ficamos livres: um Presidente de direita, uma maioria de direita, um Governo de direita. A ver se nos endireitamos.

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