quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Caminha resignado ao matadouro

Às vezes a manada, seguindo a passos conformados em direção ao abate, súbito entra em explosão a partir da reação atordoada de apenas uma rês. E irrompem todas as reses em direção ao nada, arrastando tudo pela frente e chifrando-se entre si. A frase é de Emir Larangeira, um escritor brasileiro, que descobri há pouco. Muito interessante, digo-vos eu.

Pois, meus amigos, esta é uma parábola que assenta como uma luva ao Governo de Portugal, desde que Cavaco Silva promulgou o adiamento sine die do Código Contributivo, com argumentos dignos do deputado da UDP Américo Duarte, "os ricos que paguem a crise", ou "o Governo que se desenrasque e arranje dinheiro para me pagar as minhas múltiplas e chorudas reformas".

O mais estranho de tudo é a mansidão (ia dizer a reacção de corno manso mas contive-me) com que o Governo e o PS reagiram à promulgação pressurosa de Cavaco daquela Lei Travão, que lhe corta os meios de fazer o que se propunha e o condena a vegetar por aí mais uns tempos, cercado e impotente. É assim como no poema de António Miranda Fernandes, que o Emir Larangeira, também ele, me revelou:

Saía a boiama confusa e cadenciada
Ruminando e olhando para o chão...
E de sinos dispersos, as badaladas,
Iam tocando a massa em procissão.
Em balada profética de triste agouro...
Com pegadas de sofrimento no sertão,
Caminhando resignada ao matadouro
Mugindo! Entoando, estranha oração.

O Governo caminha resignado ao matadouro, senhores ouvintes, a Oposição Unida jamais será vencida, e com esta evocação fechamos o ano de 2009. Mas atenção, o poema continua, o Primeiro Ministro vai regressar das suas férias na neve, amanhã é um novo dia, até mesmo um novo ano.
Voltarei ao assunto.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Benfica a nadar em... comissões


Os dirigentes do Benfica, tal como os adeptos e os jogadores, gostam de ganhar? Suponho que também, um pouco, às vezes. Mas gostam ainda mais de comprar jogadores. É uma doença, obsessiva-compulsiva, a que chamam oniomania, de que padecem geralmente esposas ociosas.

A oniomania atingiu os dirigentes do Benfica com mais força este Natal. Mas é justo reconhecer que não é de agora. Vem do tempo de Manuel Damásio e do Artur Jorge. Todos os males começaram aí: nas vagas sucessivas de compras, na desmoralização militante das equipas que prometem. Até hoje, sempre, sem descontinuar. Está a degenerar em doença crónica.

Das duas três:
A culpa é do Jorge Jesus que pede sempre mais, mais, mais jogadores?
Ou a culpa é dos que facturam a cada compra, boa ou má, que importa, o que conta é a comissão que se recebe?
Ou a culpa é dos bancos, dos Madoff's do futebol, da especulação sem freio e sem controlo, dos Rendeiros, dos Oliveiras e Costa, dos que recebem acções a preços de amigo, tão de amigo que dos cheques de compra não fica rasto, mas fica das vendas opulentas, ao melhor preço?

Não sei. O que sei, porque sou sócio contribuinte e vou ver os jogos, é que
  • o Urreta jogou bem e merecia mais oportunidades, assim como o Júlio César,
  • o Weldon foi um mouro de trabalho a última vez que lhe deram uns minutos e era preciso aguentar o resultado,
  • o Rúben Amorim já merecia ter sido chamado à selecção, apesar do pouco tempo que o deixam jogar,
  • o Carlos Martins das duas vezes que jogou nos últimos meses esteve ao nível do Pablo Aimar,
  • o Luís Filipe, apesar dos adeptos, até jogou bem, quando o deixaram,
  • o Roderick Miranda idem idem,
  • o Fábio Coentrão aspas aspas, sempre,
  • o Luís Menezes tem pinta e só precisa que acreditem nele,
  • um tal Diego de Souza que emprestámos a um clube brasileiro (ainda é nosso?) foi convocado para equipa A do Brasil.
  • o Makukula está farto de marcar golos na Turquia...
  • e por aí adiante.

Pois nenhum é titular do Benfica, nem vai ser tão cedo. E não estou a criticar o JJ pelas equipas que faz alinhar, e muito bem, apenas pelos jogadores a mais, que, seguramente, não pára de exigir. Ou não?

Anda moiro na costa, olá se anda! O Benfica não tem poços de petróleo e não compra jogadores por comprar - não precisávamos que Pinto da Costa no-lo viesse dizer. O que isto me faz lembrar é o primeiro ano de Vale e Azevedo com Graeme Souness à frente do Benfica. Estávamos "quase lá" pelo Natal. Vale e Azevedo substituiu metade da equipa e viemos por aí abaixo. Viemos nós, o Benfica. Alguns, dizem as más línguas, safaram-se bem.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Proteja a cabeça com uma almofada se puder

"Estamos a assistir ao desmoronar total das instituições, ao seu descrédito".

Maldição, é um terramoto que aí vem, se não fizerem a vontade ao PR e não puserem de lado essa ideia maligna de permitir o casamento a pessoas do mesmo sexo.
Que causa "fracturas", diz ele, "desmoronamentos", diz ela. E ainda não viram nada: esperem pelo próximo artigo do Vasco Graça Moura e pelo uso que dele fará o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O candidato que faz falta para bater Cavaco

“A candidatura de Alegre é imparável” e quem lhe lança a candidatura é o Sol esta sexta-feira. É mau: que Alegre se ponha assim em bicos-de-pés disposto a forçar a nota e evitar que alguém apareça a ocupar o terreno e que para “avisar a malta” recorra ao Sol, que nos últimos anos mais não tem feito do que combater o PS.

Por várias razões. Antes de mais e acima de tudo, porque as próximas presidenciais vai fazer-se sentir a necessidade premente de bater Cavaco Silva, que a cada dia que passa se torna mais intriguista e dissimulado.

Dissimulado Cavaco: Viram-no hoje a proclamar que não está interessado nos casamentos homossexuais porque não está interessado em assuntos que dividam os portugueses. É um argumento rasteiro: tudo o que mexe com o statu quo provoca resistências.

Sobretudo quando logo a seguir vem o golpe baixo: “Eu procuro empenhar-me fortemente na união dos portugueses e nada fazer que provoque fracturas na sociedade portuguesa”.

Com um Presidente assim empenhado na “união dos portugueses” ainda estaríamos hoje na “União Nacional”, o que nos teria evitado a maior fractura que já atingiu a sociedade portuguesa: o 25 de Abril.

Intriguista Cavaco: O que ele insinua é que quem não pensa como ele, e como os seus, o que quer é dividir, o que se propõe é fracturar. E não liga ao que é importante, diz ele: o desemprego, o endividamento, o desequilíbrio das contas públicas, a falta de produtividade e de competitividade.

O que é que o cu tem a ver com as calças? Em que é que a proibição destes casamentos civis (que nem são verdadeiros casamentos, segundo os católicos) ajuda a reduzir os males do desemprego, do endividamento, da falta de produtividade…?

Cavaco Silva é um dissimulado, um intriguista, um manipulador, um arrogante, um bota-de-elástico, e tem de ser corrido nas próximas eleições que tem feito tudo para merecê-lo. Mas para o vencer precisa-se de um candidato empenhado na boa governação do País, com provas dadas no activo, sem teias de aranha ideológicas, que saiba falar mas também fazer, avesso a guerras de alecrim e manjerona, que nos momentos difíceis tenha estado com o PS e não contra ele.

Eu sei de um nome capaz de fazer frente a Cavaco Silva e batê-lo no seu terreno e não é Manuel Alegre de maneira nenhuma.

Há carros eléctricos? Também quero


Pois não é que já chegaram ao Mónaco? E que bonitos que eles são os primeiros smart fortwo electric drive que sairam da fábrica de Hambach da da Mercedes-Benz. Em dia de Cimeira de Copenhaga sobre as alterações climáticas esta é seguramente uma boa notícia.

Prova que desta vez a produção de carros eléctricos é a sério e têm razão os que apostam em novas fontes de energia e na produção de automóveis movidos a electricidade. Diz a a notícia que "a partir de 2012, o smart fortwo eléctrico, equipado com uma bateria de iões de lítio, capazes de alimentar o motor eléctrico de 41 cavalos, e proporcionar uma autonomia de 115 km, sairá da linha de produção em larga escala".

Em larga escala? Também em Portugal? O meu próximo carro vai ser um carro eléctrico.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Desvendada a face oculta de uma Super Terra

A descoberta é do ESO, Observatório do Sul da Europa, que reúne cientistas de 14 países europeus, incluindo Portugal, e foi anunciada hoje: a menos de 40 anos luz ─ aqui bem perto, em termos cósmicos - existe uma Super-Terra, com uma atmosfera imensa (200 quilómetros de altura) e muito gelo, até ao coração do Planeta. Habitável? Não de imediato: tem 200 graus de temperatura e ar parece ser demasiado denso. De qualquer modo, que descoberta! Conheça os pormenores, veja o vídeo, aqui e aqui. Também em português.

Eu conheço um país...

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade mundial de recém-nascidos, melhor que a média da UE.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de feltros para chapéus.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende no exterior para dezenas de mercados.

Eu conheço um país que tem uma empresa que concebeu um sistema pelo qual você pode escolher, no seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou um sistema biométrico de pagamento nas bombas de gasolina.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou uma bilha de gás muito leve que já ganhou prémios internacionais.

Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, permitindo operações inexistentes na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.

Eu conheço um país que revolucionou o sistema financeiro e tem três Bancos nos cinco primeiros da Europa.

Eu conheço um país que está muito avançado na investigação e produção de energia através das ondas do mar e do vento.

Eu conheço um país que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para toda a EU.

Eu conheço um país que desenvolveu sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos às PMES.

Eu conheço um país que tem diversas empresas a trabalhar para a NASA e a Agência Espacial Europeia.

Eu conheço um país que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.

Eu conheço um país que inventou e produz um medicamento anti-epiléptico para o mercado mundial.

Eu conheço um país que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.

Eu conheço um país que produz um vinho que em duas provas ibéricas superou vários dos melhores vinhos espanhóis.

Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamento de pré-pagos para telemóveis.

Eu conheço um país que construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pelo Mundo.

O leitor, possivelmente, não reconheceu neste país aquele em que vive... PORTUGAL.

Mas é verdade.Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Out Systems, WeDo, Quinta do Monte d'Oiro, Brisa Space Services, Bial, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Portugal Telecom Inovação, Grupos Vila Galé, Amorim, Pestana, Porto Bay e BES Turismo.

Há ainda grandes empresas multinacionais instalada no País, mas dirigidas por portugueses, com técnicos portugueses, de reconhecido sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal e a Mc Donalds (que desenvolveu e aperfeiçoou em Portugal um sistema que permite quantificar as refeições e tipo que são vendidas em cada e todos os estabelecimentos da cadeia em todo o mundo).

É este o País de sucesso em que também vivemos, estatisticamente sempre na cauda da Europa, com péssimos índices na educação, e gravíssimos problemas no ambiente e na saúde... do que se atrasou em relação à média UE...etc.

Mas só falamos do País que está mal, daquele que não acompanhou o progresso.

É tempo de mostrarmos ao mundo os nossos sucessos e nos orgulharmos disso.

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso, In Revista "Exportar", via Absorto, de Eduardo Graça

domingo, 13 de dezembro de 2009

"Uma lei física desconhecida" nos livres de Ronaldo


Há um mistério no futebol que os cientistas da bola já identificaram e se propõem desvendar: por que é que os livres de Cristiano, passam ao alcance dos guarda-redes e estes não os conseguem deter? Resposta do Sport You:
La realidad se empeña en decir que no es fácil parar las faltas de Cristiano, que una ley física desconocida refuerza sus golpeos: originales por su liturgia al concentrarse, por la forma de encarar y atizar al balón y por el trayecto imprevisible y casi antinatural de la pelota. Casi imparables. Quizás exista un componente psicológico, el pánico de los metas. Cuesta dar con una explicación científica. Las faltas de Ronaldo no dejan nunca bien a los porteros. Y la culpa necesariamente es del luso."
Uma lei física desconhecida, a liturgia da concentração, a trajectória antinatural da bola, uma componente psicológica que é o pânico dos guarda-redes.

É um princípio de resposta, as investigações continuam, espera-se que no Mundial tenham um amplo campo de análise deste fenómeno estranho. Em minha opinião trata-se de um OVNI

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Deve estar a gozar com o pagode


Afastem de mim esse cálice - diz o esfíngico Cavaco Silva, a propósito da prevista, esperada, evidente ingovernabilidade que aí vem. E dá-se em exemplo: governei dois anos em minoria, sei do que falo, o PS que se desenrasque, não conte comigo, eu sou um faraó.

É meia verdade. Lembro-me perfeitamente, na altura eu andava pela Assembleia, praticamente todos os dias, ao serviço da RTP ou do Semanário. O Governo minoritário de Cavaco, enquanto durou, não teve problema nenhum. O PRD, de Eanes, que com ele fazia maioria, pôs-lhe a mão por baixo, deixou passar tudo o que Cavaco queria. Tudo num ambiente de dinheiro a rodos que começava a jorrar de Bruxelas!

E quando uma Lei, sobre os bombeiros, levou mais tempo a ser discutida, logo Cavaco Silva aproveitou um incêndio em que morreram vários para responsabilizar pelas mortes os deputados que lhe atrasaram o diploma. Lembra-se, sr deputado Queiró?

Depois quando o PRD resolveu deitar abaixo o Governo do PSD sozinho (com menos de 30% dos votos!) apostando numa maioria PS+PRD, que podia contar com o apoio do PCP, sabem qual foi a reacção do PSD: se o PR não convocar novas eleições, como pretendemos, fazemos-lhe "uma guerra santa"ao PR.

Só espero que Sócrates não esqueça o "bom exemplo" de Cavaco. Tanto mais que temos agora, na Assembleia e na rua, a maior e mais caceteira extrema-esquerda da Europa Ocidental. Não se pode contar com eles para nada. São todos adeptos do "O que faz falta é alegrar a malta, quanto mais ingovernável mais divertido", são a esquerda folclórica. Ou como dizia V. Exª: "Forças de bloqueio", sabe do que estou a falar, senhor Presidente!

E para ajudar à festa temos as corporações, os jornalistas de combate, os magistrados auto-mobilizados. Alguém que explique ao PR o que é o regular funcionamento das instituições. Antes de qualquer nova inventona. O país agradece.

Prémio Pessoa para o Bispo Clemente

Vemos, ouvimos e lemos... não se pode acreditar. A seguir, dão o prémio ao Cardeal Cerejeira a título póstumo, seguramente. Ou ao Mário Crespo, que é quase a mesma coisa.

Por mim, a única via que vislumbro. contra a infecção que grassa, é evitar "as más companhias" do Dr. Balsemão e acólitos. Deixar de ler o Expresso, fugir a sete pés dos canais da SIC.



quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Não vás ao túnel, Óscar: eles querem tramar-te

Está em curso uma conspiração para enervar o Benfica e afastar o Óscar Cardozo do embate com o FêQuêPê dia 20 na Luz.

─ Pensas que é só acusar? Isto não é o Face Oculta! Como é que sabes ? ─ perguntam Vocês e perguntam muito bem.

Vou-lhes contar. No domingo à noite eu estive na Luz a ver o Benfica ganhar. E como uma vitória do Benfica é de gozar duas vezes, pelo menos, deixei o vídeo a gravar. Pois ao voltar a casa, logo na noite de domingo, verifiquei que os comentadores da Sport TV tinham visto outro desafio. 4 a 0? Um golão do Saviola? Três magníficos do Cardozo? Mais uma vitória sem espinhas?

Isso é que era bom. Os comentadores da Sport TV também viram e falaram disso como não podia deixar de ser. Mas a que é que deram todo o destaque e atenção? Em que é que insistiram, umas 18 vezes, o pseudo-jornalista e o pseudo-convidado? Nos penaltys de David Luiz! Do princípio ao fim: David Luiz, isto e aquilo. David Luiz, sempre.

Achei uma estupidez e encolhi os ombros. O primeiro, com a imagem parada, vê-se perfeitamente que o David Luiz tocou na bola e cortou para canto, antes de ter tocado no jogador da Académica, não há penalty nenhum e por isso não foi marcado, como aliás não houve no jogo com o Marítimo, aí foi, e acabou com o jogo, que o Marítimo a partir daí partiu para a porrada, o guarda-redes deles guardava a bola um tempo infinito, que o árbitro consentiu tudo até quase ao fim.

Quanto ao segundo penalty, que tanta impressão fez aos comentadores da Sport TV, foi um pequeno agarrão, no calor da luta, podia ser marcado ou não, o resultado estava em 3-0.

Encolhi os ombros. O comentador era um Pedro Henriques, um antigo jogador, ressabiado com
o Benfica, que o Pinto da Costa levou para as Antas, e aquele comentador da Sport TV é parvo todos os dias, geralmente, com ele, até desligo o som. Pensei que a história tão idiota acabava ali.

Não acabou. Na 2ª feira a mesma Sport Tv inventou um Forum, com um tal Nuno Dias, antibenfiquista dos quatro costados. E durante o Forum inteiro, que se devia respeitar os espectadores do Benfica, que também pagam o canal, o que é que se ouviu? Adivinhou: os penaltys do David Luiz, pretensos penaltys, claro, mas com uma insistência, uma escolha de participantes, um acinte, uma falta de objectividade, um ódio tão cego, que nem a Manuela Moura Guedes naquelas sexta-feiras de tiro ao Sócrates.

Pensei que talvez tenha chegado o momento de acabar com a minha assinatura da Sport TV, já que não tenho pachorra para campanhas tão abstrusas. Mas fiquei na dúvida.

Hoje tive a certeza, novo Fórum, desta vez com o Carlos Manuel, outro ressabiado, com a mesma palavra de ordem, glosada em todos os tons: David Luiz e os penaltys que os árbitros não marcam.

Está na cara: andam a preparar o terreno, para o jogo do dia 20. Até lá haverá ainda mais duas ou três peixeiradas, nas rádios e nas Tvs, com intervenientes escolhidos, a dizer as últimas dos jogadores do Benfica. Depois arranjam um árbitro amigo, assimdo género daquele Pedro Proença, amigo do Jardel, que ainda ontem arranjou um penalty ao Milan, que foi uma vergonha.

Falta-lhes, até lá, fazerem uma espera ao Cardozo no túnel e obterem um castigo de dois jogos, para ele não jogar contra o FêQuêPê. O que as câmaras revelem não será ouvido nem achado. Nem o Olhanense facultará as imagens.

Cuidado, César, com os idos de Março! Eu digo ao Benfica: Cuidado com o túnel, em Olhão, este fim-de-semana. Vai lá estar aquele senhor que provocou o Weah durante um jogo inteiro e conseguiu apanhá-lo no túnel no fim do jogo.

Cuidado, David Luiz, a Sport Tv tomou-te de ponta, está fazer tudo para que a mínima espirro teu dê penalty contra o Benfica. Cuidado Ramires, não vás ao túnel, cuidado Óscar Cardozo, cuidado Saviola, cuidado Aimar, cuhidado a todos. Neguem-se a entrar no túnel de Olhão, a menos que sejam acompanhados por um advogado (as empresas de segurança, como se viu em Braga, não são de fiar, a PSP muito menos, tem uma data de guardas Abel infiltrados, há guardas Abel também na Sport TV, em especial a filtrar os comentários dos ouvintes, de certeza.

Jogadores do Benfica, evitem o túnel do Olhanense, façam o intervalo no centro do terreno, peçam garrafas térmicas com umas bebidas quentes para beber cá fora. Se entram no túnel, serão espancados, como em Braga. Quem for ao túnel em Olhão arrisca-se a não jogar na Luz. Há conspiração no ar. A Sport Tv prepara o terreno, mas não está sozinha.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A propósito de Alegre e Palma, Freeport e Face Oculta

A propósito de Manuel Alegre ter os dois pés dentro do PS. Tem, mas, por muito que se desculpe com os outros, que assumiram, não é ao mesmo tempo. E sobretudo não é em todas as ocasiões: quando o PS precisou dele na AR para barrar o caminho à demagogia, ele assobiou para o lado, preferiu a companhia dos demagogos. Suponho que o PS não vai esquecer essa falta de solidariedade. Seria falta de respeito por si mesmo.
A propósito de um especial apoiante de Alegre que se chama João Palma. Esteve nos jantares de apoio à recandidatura? Que tenha estado ou não, o PS não pode esquecer a especial relação de Alegre com o Procurador João Palma, actual líder do Sindicato do Ministério Público e da ofensiva justicialista contra o mesmo PS sem o mínimo de respeito pela verdade e pelas regras do Direito.

A propósito do pseudo-jornalismo de investigação nos casos Freeport e Face Oculta. Não existe, Fernanda Câncio teve razão quando disse na TV, e continua a ser notícia, que as notícias dos casos eram/são plantadas nos jornais. De facto, toda a gente sabe (ou, pelo menos, muita gente sabe!) que há um grupo de agit-prop, composto sobretudo por ex-magistrados e actuais sindicalistas, que municia os jornalistas escolhidos com vídeos, escutas, despachos e depoimentos parciais.
A propósito daquela bosta de decisão do plenário da Comissão da Carteira Profissional validando os ataques soezes, e pessoais, feitas à jornalista, que continua de actualidade seis meses depois. Quando, daqui a alguns anos, se fizer a história desta vergonha, convém não esquecer os nomes das pessoas que compõem a Comissão da Carteira, com destaque para os seus efectivos: Desembargador Pedro Maria Cardoso Gonsalves Mourão, Albérico Coelho Fernandes, José Pedro Leal Gonçalves, Mário Manuel Duarte Moura, Henrique Manuel Castela e Pires Teixeira, Daniel Caldas Gomes Ricardo, Rosário Perpétua Duro Rato, Maria Flor de Azevedo e Silva Pedroso, Paulo Jorge Santos Martins.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Em Portugal é muito pior

Extractos de uma entrevista ao Público espanhol de Mercedes Belbel, feminista e anti-franquista nos anos 70, uma das líderes do movimento pelo direito ao divórcio, nos últimos 20 anos uma das mais esforçadas militantes a trabalhar com as vítimas da violência doméstica.

Se acusa al islam de machista. ¿Y la Iglesia?

La jerarquía católica es misógina y homófoba. Saben que se les tiene miedo pues se muestran implacables cuando se tocan sus muchos privilegios. Parece imposible pensar que sigue habiendo gente en contra del divorcio, amenazando con excomulgar a los diputados que voten a favor de la Ley del Aborto, condenando el matrimonio homosexual, escondiendo la pedofilia de un sector del clero, impidiendo que las mujeres puedan formar parte de su jerarquía, interfiriendo tanto en la vida de un Estado democrático. Aunque, para ser justas, hay que destacar que, en la Iglesia católica, hay un sector de teólogas y teólogos feministas.

¿Habrá igualdad mientras haya monarquía?

No parece que los regímenes republicanos hayan alcanzado una mayor cuota de igualdad para las mujeres sólo por ese hecho, ni que Berlusconi respete más a las mujeres que la reina Isabel II de Inglaterra. No debemos caer en simplismos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Alegre devia ter presente o exemplo de Otelo


Disse Alegre ontem em Braga, num almoço de apoiantes da sua candidatura a Belém: "não sou refém de ninguém". Ainda bem, por ele, que ser-se refém, além de não quadrar nada com a personagem, deve ser uma situação muito dolorosa.

E disseram alguns dos jornalistas, também convidados para o almoço, que tinha sido "o tiro de partida para Belém". Ainda mal, para ele: cadelas apressadas parem cachorrinhos cegos.

Votei Alegre da última vez, até pode ser que acabe por votar nele na próxima, mas não penso, para já, que ele seja "o candidato melhor colocado para bater Cavaco Silva", o qual está a tornar-se a cada dia mais detestável, impossível de aturar, força de bloqueio, a qualquer esforço sério de governar este País.

Cavaco, é verdade, está como quer, no centro da refrega: com a Oposição Parlamentar Unida a votar baixas/eliminação de impostos e a Oposição Extra-Parlamentar a usar e abusar da bufaria, ilegal, como nunca se viu nem no tempo da PIDE, a ingovernabilidade absoluta segue dentro de semanas. Quando aparecer o Orçamento de Estado para o próximo ano e se descobrir que o Governo prefere mesmo a espada à parede, recusando-se a governar em nome e por conta de todas as Oposições.

Nessa altura, até Março o mais tardar, Cavaco demite o Governo e, na impossibilidade de um governo PSD+CDS+Bloco, se houver vergonha, vai ter de empossar um Governo seu, como Eanes. Adivinhem o chinfrim que aí vem, com o PS a declarar "guerra santa" aos governos presidencialistas e a descer à rua. Como no PREC.

Alegre viveu por dentro situações como essa, sabe muito bem do que estou a falar. Sabe muito bem que uma crise dessas muda tudo. Teve um milhão de votos nas presidenciais? Também Otelo, uma vez, quando se opôs a um candidato eleito à partida e polarizou em si os votos folclóricos e de protesto. À segunda, se não me falha a memória, Otelo não foi além dos 2%.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Lula e Ahmadinejad ─ aquele abraço!



Uma imagem vale mais do mil palavras: Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos meus heróis de juventude. Esteve no "combate", nem sempre pacífico, contra a Ditadura Militar brasileira, organizou greves e manifestações, lutou nas fábricas, desceu à rua. Os ditadores acabaram por ser corridos. O povo brasileiro ganhou. Lula é hoje o Presidente eleito do Brasil.

Se por estes dias o jovem Lula estivesse no Irão, do seu amigo Ahmadinejad, se tivesse feito um décimo do que fez no Brasil contra os ditadores, teria sido preso, torturado, condenado à morte, executado. O anti-imperialismo é fácil, é barato, dá milhões? E "aquele abraço" ? Não dá náuseas no Brasil? Aqui dá.

Irlanda na África do Sul? Só com referendo nos 32!



A Irlanda pediu à FIFA para ser admitida como supranumerária, em 33º lugar, num grupo com mais uma equipa, na fase final do Campeonato do Mundo de Futebol. Ora bem: acho que eles foram injustamente eliminados, houve erro grosseiro do árbitro, e mereciam ter direito à repetição, pelo menos, dos 30 minutos do prolongamento do último jogo com a França. Até aí tudo bem: se a Fifa estiver pelos ajustes nada a opor.

Agora uma vaga extra como pede a Federação Irlandesa ded Futebol ─ nem pensar. "Somos todos potenciais prejudicados" ─ deve ser a palavra de ordem em cada um dos 32 apurados. E como dizer isso à Irlanda de maneira que eles se sintam reconfortados. Simples: Put it on a referendum! Digo isto em inglês, para ter a certeza de que eles entendem do que estou a falar, lembro-me dessa frase num dos tablóides britânicos, que são de longe os jornais mais lidos na República de Irlanda.

Um referendo em cada um dos 32 e a Irlanda que espere, que sabe o que isso é. Se em algum dos países apurados ganhar o Não, pois adia-se o Campeonato, repete-se a votação, daqui a dois ou três anos, quem sabe, talvez cheguemos alguma conclusão. Não é assim na Irlanda? Pois será assim também em cada um dos 32.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O negócio do segredo de justiça

Palavras para quê? O que faz falta é imaginação. Imaginação como esta do Ministério Público a desviar as atenções (sei do que falo, andei por lá, dezenas de anos, a fazer a cobertura de vários processos para a RTP e para o Semanário). Por isso também dei "a merecida gargalhada com esta "notícia" do Jumento:

ESTA É MESMO PARA RIR

«Melchior Gomes, advogado de Manuel Godinho, foi hoje constituído arguido no âmbito do processo 'Face Oculta' por violação do segredo de justiça, avançou a TVI.

A Procuradoria-Geral da Republica diz que o advogado terá passado informações no dia 28 de Outubro, a uma televisão.» [Diário de Notícias]

Parecer:

No meio de toda esta bandalhice de fugas ao segredo de justiça o MP arranjou um culpado, é mesmo para rir à gargalhada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»


Ce n'est qu'un début: cortaram-lhe a mão

Imagem original, a de cima, cada um dos artistas segura o seu instrumento de trabalho. A imagem de baixo, sem a mão na bola, é do site francês da Gillette - uma revelação na edição de hoje do britânico The Sun. Supõe-se que na Irlanda a campanha será adaptada. O crime não compensa. O valor de Henry no mercado publicitário desceu a pique.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quando a Montanha vem a Maomé

Imagine, dentro de uns dez-vinte anos, naqueles terrenos do Aeroporto da Portela, enfim desactivado, uma montanha de mil metros de altura, com
  • neve e estâncias de ski de Outubro a Março,
  • escarpas rústicas com cabrinhas a saltitar de rocha em rocha,
  • falésias com dezenas de metros prontas para serem escaladas,
  • algumas quedas de água, especialmente concebidas para amenizar o clima nos picos do Verão,
  • um riacho a cantar pelo monte abaixo,
  • carreiros pelo monte acima para passeios pedonais,
  • um teleférico, para os preguiçosos, ou um bondinho, como no "Cristo-Rei do Brasil", a serpentear por entre as árvores agarradas às rochas a levar-nos lá acima,
  • miradouros, que nem o de Santa Luzia,
  • casas de artes e convívio, a ver a cidade, que nem o Santiago Alquimista,
  • e tudo o mais que lhe passa pela cabeça como parte de uma montanha afável a construir por homens bem dispostos e não pelos míseros e mesquinhos, que dizem mal de tudo, que falam de cátedra, dos púlpitos do escárnio e mal-dizer, nos "mentideros" das rádios e das televisões.

Imagine, uma vez sem exemplo, pense pela sua cabeça, sonhe, que diabo, não custa nada! Bem sei que a Helena Roseta não deixa, e muito menos o Sá Fernandes, que combateram o túnel do Marquês, que ia ser uma tragédia, lembram-se?, quanto mais uma ideia dessas, arrojada que se farta!

Pois uma ideias dessas esta a fazer o seu caminho em Berlim. Abriu-se um concurso de ideias, já começaram a circular as fotografias de como vai ser. Delicie-se com elas. Envie-se a si próprio um postal de Berlim, com o futuro à vista. Agora que erigiram todos aqueles edifícios fantásticos naquela parte dos bairros destruídos para que os berlinenses não pudessem aproximar-se do Muro de Berlim, os berlinenses não param de sonhar, não param de sonhar, camaradas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

...não foi ela (Lima), fui eu (Cavaco)

Não entendo o coro dos ofendidos contra a promoção do Fernando Lima na hierarquia de Belém depois do grande sucesso mediático que foi a operação das escutas. Nem podia ser de outro modo: "feitos relevantes em combate". Aposto que não sai de Belém sem a cruz de guerra.

Acho bem. Fica bem claro do que a casa gasta! Para mim, desculpem se pareço gabar-me, sempre defendi, designadamente aqui e aqui, que em Belém ninguém larga um traque sem o Cavaco mandar.

Por isso o Público avançou com as manchetes das escutas dois dias seguidos com a garantia explícita de que não seria desmentido.

Por isso o Expresso fez aquela manchete de que o Presidente ia dar um puxão de orelhas aos deputados (coisa que afinal depois não fez que já não era preciso!), como se tivéssemos voltado ao tempo do Professor de Santa Comba.

A promoção, vendo bem, faz lembrar aquela anedota do Bocage e desculpem o vernáculo: "O peido que aquela senhora deu não foi ela, fui eu". Sem ofensa para o Bocage, que não estava a falar a sério. Cavaco está. Por isso promoveu aquela senhora.

domingo, 22 de novembro de 2009

As saudades que eles têm do Muro e da RDA (2)

PCP defende manutenção das escutas para processos futuros. Como as da Stasi, um dia, nunca se sabe. Por isso, por isso, aquela catilinária do Avante contra as comemorações da queda do Muro, lembram-se?

A mão de Henry e a honra da França

Não estou a brincar. A mão de Henry ─ que o árbitro não viu e deu o apuramento à França para a África do Sul ─ está a provocar um debate dramático, que caiu em voo rasante, como mosca na sopa, na grande questão da política francesa do momento: a preservação e o reforço da identidade nacional. La main de Thierry Henry et l’identité nationale! Como se vê.

Sarkozy ao proclamar o primado da identidade nacional francesa, lançou a primeira pedra, a bem dizer, deste debate. E vale a pena lembrar que o fez quando um grupo de energúmenos ─ jovens franceses, de origem magrebina ! ─ vaiou a Marselhesa num outro desafio de futebol, um França-Argélia, no Parque dos Príncipes, salvo erro, e não mais parou, até hoje. Que dá votos. E Sarkozy sabe tocar cordas sensíveis e chamar os bois pelos nomes. Como nos distúrbios das "banlieues" há dois anos quando "a canalha" incendiou milhares de carros durante dez dias.

A "a ideia da França", como dizia De Gaulle no seu tempo, é "virtude", é "coesão", é "grandeza" e o seu hino nacional, respeitado em todo o mundo, celebra valores que honram os franceses: a noção de justiça, uma vida partilhada de honestidade, exemplaridade, para o resto do mundo. É uma espécie de "França, ame-a ou deixe-a" e Martine Aubry, líder do PS francês, considera que é uma vergonha por parte de Sarkozy opor a identidade francesa à imigração.

Que é que isso tem a ver com a mão de Henry? Tudo é política. Foi jogo sujo e a lisura de procedimentos é, ou pretende-se que seja, uma marca identitária da França. Como se viu nas repetições, o jogador desvia com a mão a bola do alcance do guarda-redes, atirando-a para o pé, e centrando para Gallas, que faz o golo. Claro que é batota! Claro que é uma vergonha a França ser apurada desse jeito.

É um exagero dar-se importância nacional a um episódio de futebol? Sou dos que acham que o jogo devia ser repetido e que a Federação Francesa devia ter a coragem de aceitar a proposta da Irlanda, e do próprio Henry, envergonhado, cujo valor de mercado desceu em flecha com a batotice, e contrariar o treinador Domenech, o qual, segundo Cantona, é "o pior que a França teve desde Luis XVI". A comparação só prova que tudo é política, porque Luís XVI, a jogar futebol, só se foi com a própria cabeça depois do episódio da guilhotina.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Todo o poder aos sovietes de professores!


E esta, hem?! Ministério pede às escolas para cancelarem a avaliação. Quem o anuncia é Mário Nogueira, líder sindical e dirigente do PCP. A Ministra? Não diz nada, entrega-se. Bem me parecia que ela era/é um erro de casting. Com muito jeito para contar histórias da carochinha, eventualmente. Uma nulidade a conduzir uma politica de educação que sirva os interesses do País, capaz de resistir aos lobies. Qual PREC nem meio PREC ! O que temos é o poder dos sovietes.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Solene corno" ─ diz o juiz ao marido queixoso

Luiz Henrique Castro da Fonseca Zaidan é um "juiz leigo" (estagiário?), de muito mérito literário, sólida cultura e personalidade forte. Confrontado com uma demanda cível por parte de um marido traído que requer uma indemnização por danos do ex-amante da mulher, nega-lhe provimento, argumentando culpas do autor, que seguramente terá falhado na assistência à esposa e assim terá dado azo à situação em que se encontra de... "solene corno". Um juiz sem papas na língua, como pode ver por este extracto da sentença:

(...)Vale dizer que é cultural, no Brasil, que os homens ´possam´ trair e as mulheres (esposas) não - porque tem o dever moral de serem ´santas´ ou submissas, porque serão as mães dos filhos deles. Há um ditado antigo da época dos senhores de engenho, que diziam: ´pais, prendam suas ´cabras´ que meu ´bode´ está solto, só que, com o passar dos séculos a mulher deixou de ser submissa e está atuante no mercado de trabalho, recebendo o mesmo salário do homem quando ocupa uma função pública. Porém, isso não acontece ainda no trabalho privado.

A mulher está recuperando milhares de anos na escravidão e dependência do homem, ou seja, atualmente ela está se emancipada e indo à luta, batalhando e trabalhando ´como um homem´ (no dizer dos machistas) - ela conquistou o ´direito´ de querer e até de exigir um tipo de relacionamento e de sexo satisfatório e um ótimo desempenho do parceiro e não mais ficar na condição passiva - ela não é mais a que espera e obedece.

O homem de hoje não é mais o ´substrato econômico de uma fêmea insignificante´ e, com alguns homens, no início da ´meia idade´, já não tão viris, o corpo não mais respondendo de imediato ao comando cerebral/hormonal e o hábito de querer a mulher ´plugada´ 24hs, começam a descarregar sobre elas sua frustrações, apontando celulite, chamando-as de GORDAS (pecado mortal) e deixando-lhes toda a culpa pelo seu pobre desempenho sexual. E aí, há o descompasso - mulheres, às vezes, já na pré-menopausa, quase livres do ´fantasma´ da gravidez, no geral com mais tempo livre, com a revolução dos hormônios, carência, fragilidade, desejam um sexo com maior freqüência, melhor qualidade e mais carinho - que não dure alguns minutos apenas, mas que se inicie num olhar, num beijo, numa promessa p/ mais tarde - a arte da conquista - o macho que mostra suas ´plumas´ bem antes do acasalamento. Quando isso vai morrendo, há dois caminhos mais comuns - umas se fecham, ficam deprimidas, envelhecem, ´murcham´ - outras, buscam o prazer em outros olhos (que não as viram jovens), outros braços, outros beijos e se sentem felizes, amadas, desejadas, poderosas! e traem - não traem simplesmente como homens que, no geral, buscam quase somente a satisfação carnal do momento, traem de coração, rejuvenescem, desabrocham.

As mulheres se apaixonam e, principalmente, sentem o ´doce sabor da vingança´ - meu marido não me quer, não me deseja, me acha uma ´baranga´ - (azar dele!) mas o meu amante me olha com desejo, me quer - eu sou um bom violino, há que se ter um bom músico p/ me fazer mostrar toda a música que sou capaz de oferecer!!!! Daí um dia o marido relapso descobre o que outro teve a sua mulher e quer matá-lo - ou seja, aquele que tirou sua dignidade de marido, de posseiro e o transformou num solene corno! quer ´lavar a honra´ num duelo de socos e agressões, isso nos séculos passados, porém hoje acabam buscando o Poder Judiciário para resolver suas falhas e frustrações pessoais. Mas se esquece que ele jogou sua mulher nos braços de outro que soube ouvi-la, acarinhá-la e fez renascer o viço, a alegria, a juventude e, que, principalmente, não a coagiu, não a violentou, não exigiu o ´debitum conjugale´ e, sim, a levou pela mão por caminhos floridos talvez nunca percorridos.

Por isso, depois, num ato de arrependimento o traído resolve ser magnânimo e ´perdoar a adúltera´, recebê-la de ´volta ao lar´ como se nada fora - é como se ele houvesse permitido a ela um vôo solo - ´mais linha na pipa?´ Como fica o outro, que não matou, não roubou, não tripudiou, apenas fez alguém feliz, alguém que precisava dele como de água no deserto.... ele será difamado, execrado, sua profissão abalada, seus valores perderão o sentido??? Acredito que não, aí não cabe ônus ao outro - ele apenas satisfez o desejo de uma pedinte - é crime? não; pecado, não!!!! e se houve a violência da parte da vítima da infidelidade, o outro deverá ser ressarcido por danos morais e sair de cena como entrou - com dignidade - e a vítima da infidelidade que vá a um psiquiatra aprender a lidar com seus fantasmas, que cuide de sua saúde física e mental, que nunca ´jogue na cara´ dela o ´perdão´ concedido - deixe-a com sua auto-estima renovada e não perca de vista que ´a nega é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro´ é apenas a letra de um samba e que um pássaro que aprende a voar livremente não se adapta mais à gaiola.... só se muito bem cuidado.

As pessoas, principalmente as mulheres, acreditam muito no casamento e no ´casaram e viver felizes p/ sempre´ - esse é um bom final p/ filmes, livros, histórias da carochinha.... porém, na vida real, isso é quase impossível - o amor tem que ser cultivado, alimentado, sempre! como bem dizem os chineses, em sua sabedoria ´levar avante um bom casamento é como administrar uma fazenda - é preciso começar tudo de novo, todas as manhãs.

(...)

Brilhante! O "juiz togado" (titular?) homologou o projecto de sentença do juiz estagiário Fonseca Zaidan, um nome a reter, na magistratura judicial, do Brasil. A notícia e o texto integral da sentença podem ser lidos aqui.

Ah como é diferente a Justiça em Portugal!


Mau tempo na Justiça

Vale a pena ler a análise de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa sobre "Os inimigos do Estado de Direito". Na negra hora que passa, em que uma santa aliança de magistrados sindicais com jornalistas escolhidos se coloca em estado de insurreição militante, ostentatória, designadamente contra uma ordem do Presidente do STJ que ordenou a destruição de escutas ilegais e ilegítimas, eis o que vemos, ouvimos e lemos, e não podemos ignorar.
Assino por baixo e recomendo.
Talvez também valha a pena interrogarmo-nos por que razão a ordem do Presidente do STJ, proferida há mais de dois meses, ainda não foi cumprida. Ainda estarão a ser feitas cópias e montagens seleccionadas, a distribuir pelos jornalistas amigos, para jorrar como "fontes negras" nos próximos tempos, sem possibilidades de desmentidos, uma vez que já terão sido então destruídos os originais? E haverá justiça contra mais essa campanha previsível de calúnias quando para acabar com as violações actuais a melhor solução que se tem, por parte de quem tem o dever de fazer respeitar a lei, é que... os políticos que alterem a lei, eu se dependesse de mim divulgava as escutas?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

As saudades que eles têm do Muro e da RDA

Referido Entre as Brumas da Memória: eis o que os militantes do PCP devem pensar sobre a queda do Muro e tudo o que se lhe seguiu, as saudades eles têm da RDA, 20 anos depois:
...voltámos aos tempos da guerra-fria. Não é inocente que passados 20 anos o capital se mostre tão agressivo e se lance numa intensa campanha sobre a «queda do muro». Particularmente a burguesia alemã que ao longo da História tem recorrido sistematicamente ao militarismo, ao assassínio de democratas e revolucionários, ao trabalho escravo, inventou a industrialização da morte e o extermínio em massa nas câmaras de gás, pretende agora apresentar os acontecimentos de 1989-1990 que conduziram ao fim do socialismo e da República Democrática Alemã como um processo «revolucionário» ou «libertador» e aproveitar a ocasião para representar a farsa do seu «amor à democracia».

Vem tudo no Avante, jornal oficial do PCP.

Mais vale olhar a asperatus alterosa

uma nuvem nova à sua espera, como relata o obvious. Irá chamar-se asperatus alterosa? Voto que sim.

"Lavoisier e as escutas", segundo Valupi

Cito do Aspirina B, um blog "antianalgésico, pirético e inflamatório", que não lhe doam as mãos:

Na Justiça portuguesa nada se prova, mas também nada se perde, pois o PSD tudo transforma em miserável chicana política.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Governo de juizes com "jornalistas" por dentro

Ao que isto chegou! Um "governo de juízes" é isto mesmo: Não se pode escutar, sem mais nem menos, as três mais altas figuras da hierarquia do Estado, incluindo o Primeiro-Ministro legítimo e legitimado? Por isso não seja a dúvida: arranja-se um processo de primeira instância em que seja suspeito um amigo do PM, coloca-se sob escuta, e há-de encontrar-se um juiz que valide essas escutas. E um corpo de agit-prop, com antenas privilegiadas junto do processo, bem experimentado, que inunde os jornais de confiança com carradas de especulações.

Não tardará haverá jornalistas e deputados, em uníssono, a sugerir/exigir ao Primeiro-Ministro, a este e a todos os que hão-de vir, mas quando vierem já ninguém se lembra, que dê um prémio aos prevaricadores revelando a ele próprio o teor das conversas, ilegalmente gravadas. Que estará em causa, dirá um qualquer jornalista, de preferência já condenado e bem condenado por violação do segredo de justiça, que "o regime joga a sua própria cara e dignidade". O regime, nem Alberto João Jardim diria mais.

Tudo porque juizes e procuradores, e alguns jornalistas, puseram a pata na poça e não sabem como esconder esta estranha ideia que neste governo de coligação juizes-jornalistas vale tudo, e quando a violação da Lei não for suficiente, exige-se das vítimas que estendam o pescoço à degola, invertendo alegremente, jornalistas e deputados, o ónus da prova.

Há que dramatizar, está dado o mote, ao director-ajunto do Correio da Manha (disse manha, sim senhor), aliam-se dois vice-presidentes do PSD, Aguiar-Branco e Mota Pinto, a própria Manuela Ferreira Leite, enfim. Nada de mais: que o PM se imole no altar dos sacrifícios, que a Justiça está à rasca e os jornalistas também com a campanha que lançaram e caiu num impasse.


domingo, 8 de novembro de 2009

Não dou nada por este Governo

Estava à vista com a formação do Governo, como notou Miguel Sousa Tavares a semana passada no Expresso: este Governo fica a perder por comparação com o anterior, foram sacrificados praticamente todos os ministros que não tiveram dúvidas em fazer frente aos lóbies, que eles, sim, põem e dispõem na governação.

O "agachamento" do Executivo já tinha começado com a promoção de Ana Jorge, a ministra da Gripe C, a Gripe da Comunicação, que ela promove há meses com as suas aparições dia sim dia não na Televisão e é tudo o que faz. Sócrates promoveu-a a cabeça de lista por Coimbra. E foi em Coimbra, não sei se repararam, que o PS teve o seu pior resultado: perdeu metade, 3 em 6, dos seus deputados. Como "prémio" continua ministra. Imposta pela Ordem dos Médicos e por Manuel Alegre, que estranha aliança!

O "agachamento" perante os lóbies já começou a vir ao de cima na Educação, onde a ministra Alçada, contradizendo o Primeiro-Ministro durante o próprio debate do programa de Governo, não se coibiu de disparar, e disparatar, contra a equipa em que é suposto jogar. A Ministra Alçada é em minha opinião um erro de "casting", não tarda a enterrar, de vez, o pouco que resta das marcas de carácter, coragem e determinação que deram duas vitórias a José Sócrates.

Este Governo é fraco, como se viu, o Presidente está cada vez mais abespinhado, agressivo e dissimulado, a tentar cavar a sepultura do Governo e a insistir nas suas teses económicas "únicas e exclusivas". Pode ser que receba um Nobel da Economia, mas depois de empurrar o País para um buraco de que não sairemos tão cedo.

A guerrilha anterior às eleições está a regressar a todo o vapor. Ouviram as diatribes de João Palma contra o PGR e as reacções exacerbadas de António Martins contra "o seu" (nosso é que não é!) Conselho Superior da Magistratura? Dá medo! Hoje em Portugal qualquer cidadão sabe que não basta ser sério, cumpridor, amigo de todos, generoso e exigente, consigo próprio, tolerante, justo. Se cair nas "malhas da Justiça" pode ser destruído num ápice! Que a Justiça é uma lotaria, senão é que... está entregue aos bichos!

Quando os sindicalistas fazem a lei, como acontece na Justiça (e se prepara na Educação, numa aliança histórica da extrema esquerda com a extrema direita parlamentares, com o aval do extremo Presidente que temos) o que os cidadãos podem fazer é mesmo... meter-se em casa, que a rua ocupa-a quem as TVs querem, e ter medo.

Talvez seja isso a tal "asfixia democrática" que como na fábula do lobo alguns começaram por atribuir aos outros.

De qualquer maneira, em Janeiro, se lá chegarmos com vida, "chumba" o Orçamento e, embora isso não seja automático, cai o Governo, três meses são suficientes para desgastar este governo flagelado. Sobretudo se, como lhe recomendou Francisco Assis, entre a espada e a parede preferir a espada, que sempre é uma morte mais digna e a preferida de Sócrates, ouvi-o dizer, na longa marcha da co-incineração.

Portas e Louçã já começaram a queixar-se desta potencial tentação do Governo para resistir de cabeça alta às manigâncias que ambos lhe preparam. Se preferir morrer como touro na arena, em vez de ficar bandarilhado, a sofrer, por tempo indeterminado, é certo e sabido que... a culpa será do touro... O que povo quer é espectáculo.