sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Alegre devia ter presente o exemplo de Otelo


Disse Alegre ontem em Braga, num almoço de apoiantes da sua candidatura a Belém: "não sou refém de ninguém". Ainda bem, por ele, que ser-se refém, além de não quadrar nada com a personagem, deve ser uma situação muito dolorosa.

E disseram alguns dos jornalistas, também convidados para o almoço, que tinha sido "o tiro de partida para Belém". Ainda mal, para ele: cadelas apressadas parem cachorrinhos cegos.

Votei Alegre da última vez, até pode ser que acabe por votar nele na próxima, mas não penso, para já, que ele seja "o candidato melhor colocado para bater Cavaco Silva", o qual está a tornar-se a cada dia mais detestável, impossível de aturar, força de bloqueio, a qualquer esforço sério de governar este País.

Cavaco, é verdade, está como quer, no centro da refrega: com a Oposição Parlamentar Unida a votar baixas/eliminação de impostos e a Oposição Extra-Parlamentar a usar e abusar da bufaria, ilegal, como nunca se viu nem no tempo da PIDE, a ingovernabilidade absoluta segue dentro de semanas. Quando aparecer o Orçamento de Estado para o próximo ano e se descobrir que o Governo prefere mesmo a espada à parede, recusando-se a governar em nome e por conta de todas as Oposições.

Nessa altura, até Março o mais tardar, Cavaco demite o Governo e, na impossibilidade de um governo PSD+CDS+Bloco, se houver vergonha, vai ter de empossar um Governo seu, como Eanes. Adivinhem o chinfrim que aí vem, com o PS a declarar "guerra santa" aos governos presidencialistas e a descer à rua. Como no PREC.

Alegre viveu por dentro situações como essa, sabe muito bem do que estou a falar. Sabe muito bem que uma crise dessas muda tudo. Teve um milhão de votos nas presidenciais? Também Otelo, uma vez, quando se opôs a um candidato eleito à partida e polarizou em si os votos folclóricos e de protesto. À segunda, se não me falha a memória, Otelo não foi além dos 2%.

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