terça-feira, 27 de julho de 2010

Khmers vermelhos - ontem, hoje e amanhã!


Estive lá, em Fevereiro. A primeira foto é de uma das muitas paredes de Tuol Sleng com fotos de vítimas, a outra é da entrada para um dos campos da morte dos "khmers vermelhos", a 18 quilómetros de Phnom Penn. Os camiões chegavam de noite, cheios de prisioneiros torturados, vendados, aterrorizados, silenciosos, borrados, ensanguentados, alguns já mortos. Vinham de Tuol Sleng, a prisão das torturas, aos 300 por dia.

Mal se falou em Portugal (se descontarmos algumas pequenas notícias de circunstância, como esta do Público!) da condenação em Phnom Penn por um tribunal penal internacional do "Duch", Kaing Guek Eav, de seu nome verdadeiro, antigo director da prisão de Tuol Sleng, que quando estive no Camboja acabara de contar tudo em julgamento, arrependido confesso, convertido ao cistianismo desde os anos 90, ao que afirmou.


Um milhão e meio de mortos nos cinco anos em que os "khmers vermelhos", marxistas-leninistas-maoistas, governaram o Camboja sem partilha, cortados do Mundo e sem que o Mundo se apercebesse do que passava. Poupo-lhes algumas fotos comprovativas de como pode ser infinita a crueldade, o fanatismo, a bestialidade da espécie humana.

Governaram? No passado? Quando se consegue falar com a população, e muitos são no Camboja os que ainda falam francês, logo ficamos a saber que muitos desses khmeres vermelhos ainda hoje andam por lá, mal disfarçados, em cargos máximos do Poder. Por isso se teve de arranjar um tribunal internacional para julgar um torturador que confessou, embora acrescentando que cumpria ordens.

Sem que o Mundo se apercebesse? Desde sempre se soube do "banho de sangue" que foi a entrada dos khmers vermelhos em Phnohm Penn, vindos da selva, em 17 de Abril de 1975. Em Portugal vivia-se a recaída do 11 de Março, com assembleias do MFA onde se chegou a propor o estabelecimento da pena de morte para os inimigos da revolução.

A diferença foi que em Portugal houve quem resistisse à barbárie (por exemplo, Vasco Lourenço, que naquela assembleia do MFA ameaçou partir os cornos ao Varela Gomes, que fizera a proposta).

E em lugar da ocupação da capital pelos tanques marxistas-leninistas-estalinistas-trotsquistas-maoistas tivemos, muito graças ao PS, eleições para a Assembleia Constituinte uma semana depois. Que revelou que todos os extremistas de esquerda unidos não chegavam aos 20 por cento. São muitos? São mas não chega para governar. Ontem como hoje. Felizmente.

5 comentários:

  1. Todos os que um dia foram marxistas, leninistas e/ou trotsquistas deviam ir lá, ver tudo, mesmo tudo.

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  2. Pois, deviam ir, como penitência, como foi o meu caso. Ou como dizia num documentário um realizador francês: "Como é que um dia fomos tão loucos e perigosos que acreditámos nesta cambada?". Alguns ainda acreditam. chamam-lhe "revolução permanente".

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  3. Não tanto como penitencia, JT,

    porque limitamo-nos a sonhar e acreditar um mundo e gentes melhores...

    errámos,

    corrigimos com honestidade e assumpção dos factos

    essa a sua, nossa, grandeza...

    a luta continua!!!

    Abraço

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