quinta-feira, 21 de maio de 2009

Leite derramado sobre a campanha eleitoral


Em França, a luta dos produtores de leite está a inundar, literalmente, a campanha eleitoral para as europeias. Porque nos últimos três dias abre todos os noticiários. “Cercaram o Palais Bourbon”, sede da Assembleia Nacional, com rios de leite. Derramaram pelas prefeituras” leite a rodos. Tornando-as escorregadias e perigosas “cortaram algumas estradas”, o que em França é habitual e frequente, mas da competência reservada dos camionistas em greve. Venderam leite pelas ruas a um quarto do preço. E como se isso não bastasse, “entraram com as vacas pelas grandes superfícies dentro”. Em Maubeuge até obrigaram um director do Carrefour a ordenhar uma vaca. Tarefa que ele, “sem tugir nem mugir”, desempenhou a preceito.

De que se queixam os produtores de leite? Queixam-se que lho pagam a eles a 0,20 € por litro (baixou 30% no último ano), enquanto nos supermercados se vende o mesmo litro de leite a 0,86 €. 

É a consequência da desregulamentação dos preços, que toca a todos? "O Governo francês capitulou diante da lógica ultraliberal de Bruxelas" - acusa Dupont-Augnon, um deputado soberanista. Para o impagável José Bové, cabeça de lista da Europa-Ecologia, tudo se deve a "políticas neoliberais" ao serviço dos "interesses dos grandes grupos do agro-alimentar". Os candidatos da maioria presidencial falam de "esquizofrenia contestatária", mas têm dificuldade em se fazer ouvir.

Pelo menos fala-se da Europa, suas vantagens e consequências, na campanha eleitoral francesa para as eleições europeias. Em Portugal, tudo o que importa é o tumulto justicialista interno. Depois não se queixem que os eleitores não se dêem ao trabalho de ir votar.

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