segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu também queria levar a minha Maria à Capadócia

Fiquei comovido, e envergonhado, com o insistente apelo do Sr Presidente da República para que passemos férias cá dentro. Comovido porque ainda ecoa na minha memória a tal campanha dos anos 70, tão patriótica que era, do "passe férias cá dentro" e que remédio tínhamos, qualquer viagem a Badajoz, em serviço, tinha de ser precedida por uma visita ao Banco de Portugal a comprar divisas.

Comovido e envergonhado: confesso que viajei, neste ano de 2010. Nenhuma viagem de estadão, com comitivas a lembrar as embaixadas ao Papa do tempo de D. João V, para permitir à minha dama ver a Capadócia, ou para assistir ao meu País ser enxovalhado por aquele Senhor da Boémia, aliás, legítimo herdeiro e defensor dos que espoliaram e expulsaram milhões de camponeses alemães no fim da Guerra, bem lho podia ter dito, assim como quem não quer a coisa. Bem prega Frei Tomás, olhai para o que eu digo, não olheis para o que eu faço!

Nada disso, as minhas férias lá fora foram planeadas a aproveitar as low-costs, que estão ao preço da chuva. Ainda assim, se soubesse que podia vir a ser responsabilizado pelo desequilíbrio da nossa balança comercial, provavelmente, não tinha posto os pés nas estranjas, incluindo a Madeira, com um bilhete Easy Jet. Nem sequer tinha necessidade de atravessar o Alqueva até ao outro lado, e meter gasolina, mais barata. Ficava-me por Monsaraz que é muito bonito.

Disse Cavaco Silva que viagens ao estrangeiro contam como importações e logo uma repórter da RTP não se conteve e enalteceu a grande lição de economia que deu o Presidente ao Ministro Vieira da Silva.

Pois não me parece. A balança portuguesa de turismo regista um superavit a nosso favor, isto é que são mais os gastos dos estrangeiros que nos visitam do que os dos portugueses que visitam os estrangeiros. Nestas questões de turismo, uma porta que se fecha tanto impede de sair como de entrar. Ouvi-o a um Ministro de Salazar, que se chamava Corrêa de Oliveira, andava eu no 7º ano.

Grande economista esse Corrêa de Oliveira, proteccionista, sim, mas devagar. Pelo menos não passava o tempo todo a gabar-se que de economia sabia ele, ele, só ele e mais ninguém. Haja Deus!


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