Grandes democratas estes dirigentes do PCP, não haja dúvida. Após três dias de reflexão, que não é de ânimo leve que estas posições se tomam, eles aí estão a manifestar-se contra o Nobel da Paz atribuído ao Professor Liu Xiaobo. Preso e isolado nos curros do Aljube (perdão, na prisão de Jinzhou, que é ainda pior, eu vi no Camboja as prisões dos khmers vermelhos, uns filhotes da China comunista).
Quem já está a pagar as favas da "falta de credibilidadde" do juri norueguês é a mulher do laureado, a poetisa Liu Xiao, que foi de imediato sujeita a prisão domiciliária, e impedida de ver a família ou usar telemóvel. Mais "amplas liberdades" do que esta o PCP não consegue imaginar.
Que crime tenebroso cometeu Liu Xiaobo que lhe valeu 11 anos de cadeia na democrática República Popular da China (tão ou mais democrática do que a Coreia do Norte ─ diria Bernardino Soares!) ? Assinou um manifesto a pedir a liberdade de expressão e uma abertura pacífica do regime que um dia haveria de conduzir eleições multipartidárias.
Uma coisa assim, no esfera internacional, deixa o PCP possesso, tão patriotas que eles são!. Por isso apoiou o Pacto Germano Soviético entre Hitler e Estaline em 1940, contra os subversivos polacos, que haveriam de pagar o seu crime com duas invasões, dos nazis primeiro e dos soviéticos em seguida.
Por isso, apoiou o PCP a invasão e a ocupação sangrenta da Checoslováquia em 1968 pelas tropas do Pacto de Varsóvia que Álvaro Cunhal celebrou. Estavam em causa aquele género de indivíduos, como Vaclav Havel, que dez anos depois haviam de assinar a Carta 77 a defender uma abertura democratica... coisa que o PCP não confunde com "as mais amplas liberdades" que patrioticamente defende para Portugal.