Desde o princípio deste processo (a capa da revista, supra, tem quase dois anos) que se tornou patente que a
juíza Joana Ferrer Antunes estava determinada a absolver “o senhor professor”, assim
se dirigia ao réu Manuel Maria Carrilho, enquanto tratava a queixosa pelo nome próprio, como se tivesse andado com ela na escola. Queria absolver e absolveu. Exactamente
com os argumentos que usou contra Bárbara Guimarães no início “queixasses-te, não
te queixaste…Ai queixas-te agora? Tarde piaste!”
Era uma descompostura, que ela não tinha o direito de dar,
ela, a juíza Joana (desculpe meritíssima que a trate pelo primeiro nome, como
se tivesse andado consigo na escola, mas é assim que V. Exª trata as pessoas de
que não gosta e eu também não gosto de si). Não tinha o direito de dar uma descompostura
à antiga vedeta da Televisão, e não me diga que a tentação era muita, vedeta e
mulher bonita, o protagonismo que isso lhe ia dar, não podia deixar fugir aquela oportunidade. Juíza Joana,
não me diga tal, que os juízes estão obrigados a tratar com urbanidade os
sujeitos processuais, não devem humilhar ninguém…
Só por isso é que o juiz Neto da Moura vai ter um processo
disciplinar, conforme defendeu o conselheiro Mário Morgado, vice-Presidente do
CSM, um homem corajoso, na resposta ao manifesto dos 20 desembargadores e conselheiros hoje aposentados,
mas que no seu tempo, últimos 30-40 anos, ergueram, alimentaram e ocuparam o poder
sindical dos juízes, convém não esquecer.
Só por isso. Que tenha invocado “contra a mulher adúltera” a
Bíblia e o Corão, além dos códigos sagrados dos nossos maiores, a isso, aparentemente, a
hierarquia dos tribunais, e o seu poder disciplinar, nada tem a opor. Aquele Neto
da Moura corre o risco de ser incomodado por má educação, tudo o resto cai
porque o juiz é soberano, de assentar a sua decisão nas baboseiras que entender, sejam leis revogadas sejam ensinamentos caducos de várias religiões...
Esta “Neta da Moura”, nem um processo por má educação arrisca. Duas vezes pediu a queixosa o afastamento da juíza Joana, duas vezes
a Relação considerou que a juíza Joana é que tinha razão. Parti-pris? Falta de
isenção? Rivalidades e/ou invejas que lhe toldavam o espírito? Nada disso: por duas
vezes os meritíssimos desembargadores da Relação de Lisboa deram razão ao
comportamento agressivo da juíza Joana: que raio de mulher és tu que não te queixaste logo no início?! Avalizaram. Subscreveram esta condenação
anunciada da vítima e o branqueamento do comportamento do Senhor Professor. É a Justiça que temos