segunda-feira, 18 de julho de 2011

Crime ou parvoíce

Em Espanha, a resistência às agressões das agências de rating é um assunto sério. Exige-se que lhes congelem as contas bancárias, que cessem os pagamentos, que isto não pode ser como na China onde executam os condenados à morte com um tiro na cabeça e depois mandam a conta da bala à família do morto.  Vejam por esta capa do Público de lá., melhor que o do Belmiro todos os dias.

Por cá, todo o destaque vai para mais uma patacoada de um antigo assessor de Cavaco, que o próprio Presidente até parecia mal que dissesse o que disse no tempo de Sócrates, este Governo é dele. A Renascença dizia este César que falar mal desses chulos das agências era bater no árbitro. Aos jornais acrescenta que é monstruoso. Coitadinhas das agências que ganham balúrdios com a batota das bolsas, participam nos lucros dos grandes operações de usura internacional. A credibilidade do César! Além de próximo de Cavaco, anda pela Católica e é reaccionário até às unhas dos pés. Isto é, tem tudo para vingar na rádio, tv's e discos e nas cassettes piratas.

Monstruoso, diz ele. Monstruoso é empurrar o País para a desesperança total, confiados em que uma longa depressão, agora de dois anos no mínimo, lhes vai permitir fazer pouco da gente, agora que têm Governo, Maioria, Presidente, Autarquias, Sindicatos de Professores, Magistrados, as televisões e, globalmenmte, os jornais.  Agora, sim: "o que faz falta é ir para a rua lutar". Volta, Zeca, precisamos de ti.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Escutas na S. Caetano? Foi o News of the World.

Aparentemente, segundo o DN, Passos Coelho aproveitou estar entre amigos para largar uma bojarda capaz de abalar definitivamente a reputação do País junto dos mercados: disse que encontrou um "desvio colossal" nas contas. Respondeu-lhe João Galamba, do PS, como já o tinha feito na Assembleia a uma intervenção parecida do agitador Vítor Gaspar: o que é que o Governo descobriu que tinha escapado aos peritos da tróika?

Ainda não obteve resposta do Governo, que se saiba. O Presidente da República também ainda não disse nada sobre a descoberta de Coelho. Bem sabemos que agora "a ameaça" vem das agências de rating, contrariamente ao que acontecia há um ano, quando a ameaça ao crédito do País vinha do Governo Sócrates e por isso lhe puxou o tapete. Só que, sr. Presidente, a ser verdade essa vilania "colossal", pode ter-se mesmo verificado um "irregular funcionamento das instituições", tem que demitir o Sócrates outra vez, ou então, dissolver... a Oposição!

O Presidente não diz nada, o Governo não diz nada, ficam as perguntas: vale a desculpa, esfarrapada, que não foi o gabinete de Passos Coelho que mandou a noticia ao DN? Então quem foi? O News of the World? A Felícia Cabrita que já começou a fazer das suas? Ou a equipa da Manuela Moura Guedes que não gosta de algum Secretário? Ou o DN que pôs microfones na S. Caetano? 

Seja como for que a notícia foi parar aos jornais, resta a gravidade da afirmação em si. O que eu não gostaria de ouvir é que foi uma boca, entre amigos, assim do género "é carnaval e ninguém leva a mal", como aquela da entrevista ao miúdo numa escola de Vagos nos últimos dias da campanha. Um Primeiro Ministro que se respeita, e nos respeita, não cairia daí abaixo,

Convém saber. Do "desvio colossal nas contas" se o houver. Ou então do colossal despautério do nosso PM.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Voltou o discurso da tanga a quatro vozes

Foi-se embora José Sócrates, o único líder português que tentava puxar o País para cima e o ódio que lhe tinham por isso. Agora é o discurso da tanga, que voltou, revisto e aumentado, cantado a quatro vozes, e ainda faltam os sindicatos de magistrados e os professores, que tanto ajudaram a direita a tomar o poder.

Que eles precisam de um clima de depressão, longa e profunda, para realizarem os negócios deles. Ei-los  todos em coro, no Ministério das Finanças (Vítor Gaspar  ─ que é deles o grande falcão, ou, melhor dizendo, o corvo-mor! ─ foi o primeiro a lançar a boca de que vinham aí 9 trimestres de recessão!), no Banco de Portugal (Carlos Costa,  ─ que é deles, e tem alma de chefe de gabinete para não dizer moço de recados! ─, já tinha lançado o tema, em entrevista à Maria João Avillez, ─ outra que tal, chique a valer !─  ainda a recessão, dois trimestres consecutivos, não se tinha verificado), na Presidência da República (agora todo mãozinha de veludo com os sacrifícios e a caridadezinha, do antigamente, com que se entretém, enquanto pensa nos negócios!). Last but not least: Durão Barroso  ─ que é deles e de mais ninguém, tinha andado um pouco perdido mas voltou!  ─ já veio dizer ontem em entrevista à RTP que a recessão em Portugal é para durar mais dois anos pelo menos, tem de ser, "vamos fazer o que ainda não foi feito".

É um fartar vilanagem! Safam-se os professores, os magistrados, os militares, os donos do futebol e os polícias ─ querem apostar?

domingo, 10 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sacrificámos as golden shares em troca de quê?

Que é que Portugal ganha com o harakiri que o Governo acaba de fazer na questão das golden shares? Qual é a vantagem de termos um Ministro das Finanças que faz questão em aparecer como pau-mandado de Durão Barroso e do directório do Tribunal dos grandes? E qual é a pressa, que raio de soberania é esta? O Governo de Sócrates, ao menos, resistiu enquanto pôde.  honra lhe seja. Porque não vale a pena disfarçar: a partir de agora, como logo destaca a agência chinesa Xinhua, without golden shares, any national or foreign investor would be able to buy these companies.

Esse é que é o problema, o resto é areia que se atira para os olhos das pessoas. Não vale que o Tribunal Europeu decidiu está decidido. Que não é assim, por exemplo, com a França, a Alemanha, a Itália, e muito menos com o Reino Unido. Em França, assisti a isso, nem são precisas golden shares: sempre que se perfila a possibilidade de uma grande empresa francesa ser comprada por estrangeiros, o Ministro respectivo chama lá os interessados e diz-lhes: "Não queremos, parece mal, bem sabemos que têm esse direito, mas nós não gostamos de Vocês se fizerem isso, acabou-se e livrem-se de insistir".

Os grandes da Europa, que o Tribunal Europeu protege, os "padrinhos", de que Durão Barroso é o homem de confiança, resolvem assim o problema das suas empresas estratégicas: com uma "proposta" que ninguém pode recusar". Os pequenos, todos (Portugal estava até agora bem acompanhado) fazem resistência passiva, promovem a reestruturação desses direitos especiais, invocam um interesse estratégico fundamental.

A pressa do Governo Passos Coelho em agradar a Bruxelas chega a parecer obscena. E sobretudo não serve para nada. Horas depois do anúncio de Víctor Gaspar e das justificações esfarrapadas que arranjou estava uma agência de rating a atirar-nos para o lixo. Roma não paga a traidores.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Foi o Vitinho que disse...

Foi só ouvir o Vitinho, um rapaz de Chicago e falcão como eles,  a clamar aos quatro ventos que Portugal tem pela frente 9 trimestres de recessão, ainda só passaram dois, e a mafia americana dos ratings foi logo despachar-nos para a categoria de lixo. Aposto que há gente que vai ganhar muito dinheiro com isso.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

PSD adia redução do número de municípios

Todos os dias se adia alguma coisa: primeiro foi o TGV, depois o Aeroporto, a seguir as escolas do primeiro ciclo, e também os estaleiros de Viana, agora os municípios. Só não adiou o corte do 13º mês. De facto, ainda só leva duas semanas e este Governo
  • já adiou o TGV para Madrid ─ apesar de ser “um projecto europeu, com financiamento europeu e integrado numa rede transeuropeia prioritária” como assinalou o ministro espanhol do Fomento José Blanco; 
  • já adiou a reestruturação dos estaleiros de Viana ─ apesar do respectivo plano ter sido da iniciativa da empresa, discutido desde Fevereiro e aprovado em Junho nos últimos dias do anterior Governo que não quis fugir às suas responsabilidades; 
  • já adiou o plano de encerramento de 654 escolas do 1º ciclo com menos de 21 alunos ─ duramente negociado com os autarcas ao longo dos últimos anos; 
  • e acaba agora de adiar a redução do número de municípios  ─ que essa é a notícia do artigo da jornalista Sónia Cerveira no i e não a possível mexida em 1500 freguesias que fazem a manchete e que não levantam qualquer problema.

O que diz Sónia Cerdeira, no artigo que originou a manchete de hoje no i. Que "o governo pretende cortar entre mil e 1500 freguesias no país na reestruturação da administração local que vai levar a cabo, apurou o i. Porém, o PSD deve evitar mexer no número de municípios, um ponto mais sensível e que ficou em cima da mesa depois da passagem da troika por Portugal".E que "o Memorando de entendimento entre Portugal, Bruxelas e o FMI prevê a redução significativa do número de câmara municipais e juntas de freguesia até Julho de 2012".

"Redução significativa do número de câmara municipais". Sabia que na ilha das Flores, com 2429 votantes (o que interessa é o nº de votantes, que o nº de inscritos não é de fiar) nas últimas autárquicas, tem duas câmaras municipais  ─ Santa Cruz das Flores e Lages das Flores   ─ , e uma média de 200 votantes por vereador em exercício?
Que na Ilha de S. Jorge, 6.174 votantes, também há duas câmaras municipais  ─  Velas e Calheta?
Que no Pico, 9.277 votantes em 2009, há três câmaras e 15 vereadores  ─ na Madalena, em S. Roque e nas Lages do Pico?
Que Porto Moniz, na Madeira, é uma câmara com  2.255 votantes e continuidade territorial com o concelho de S. Vicente, que não teve mais de 3.782 eleitores? Ou com a Calheta, que não passou dos 7.210 mas elegeu 7 vereadores?
Que em Barrancos, no Alentejo, os votantes, para os cinco vereadores da câmra, não ultrapassaram os 1.218? Que Mourão teve 1.872? 
Que se juntássemos Barrancos com Moura, Mourão com Reguengos, Redondo com Alandroal, Borba com Vila Viçosa, Campo Maior com Arronches, Marvão com Castelo de Vide, teríamos ainda concelhos com menos de 10 mil votantes ─  que é o nº mínimo, de inscritos, para a criação de um novo concelho, para além da obrigação de ter pelo menos uma farmácia, uma agência bancária, uma casa de espectáculos, além de "um posto de assistência médica com serviço de permanência"?
Que no rol dos concelhos minúsculos  ─  em que, se descontarmos o FEF, "as receitas não são suficientes para a prossecução das atribuições de uma câmara municipal"  ─  está Boticas, Ribeira da Pena, Sabrosa, Mesão Frio, Vimioso, Vila Flor, Freixo de Espada à Cinta, Santa Marta de Penaguião, Penela, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande, Penamacor, Avis e Sousel, Góis e Oliveira de Frades, entre muitos outros?
Só que, meus meninos, mais de 90% destes concelhos são governados pelo PSD. E, por isso, mesmo quando as autárquicas lhe corriam mal sempre o PSD assegurava a maioria dos concelhos, do Continente e Ilhas, e o domínio do poder local?

"Redução significativa do número de câmaras municipais"? A troika não sabe onde se meteu. Se soubesse bem podia ter pedido mais um imposto sobre os rendimentos das pessoas singulares. Nisso o PSD/CDS até antecipava de 6 meses o anúncio, de maneira a criar mais infelicidade e prolongar por mais trimestres a depressão. Agora redução do nº de municípios? Isso não se faz ao Ministro Relvas que tão bem conhece, e quer continuar a conhecer, no sentido bíblico do termo, o aparelho do PSD.

Sim Senhor Ministro

Todos os anos no Verão, quando chega o mês de Julho e já gastou o Orçamento do ano inteiro, Alberto João Jardim avisa (tanto avisa o inefável Alberto!): cuidado com a Madeira, agarrem-nos senão... escolhemos a Independência!

Pois desta vez o inefável Alberto e os seus sequazes do Jornal da Madeira, que nós pagamos, não ficaram a falar sozinhos: o Ministro Álvaro respondeu-lhe por antecipação: nada a opor. Um imenso coro de apoio ecoou pelo Contenente inteiro: Independência da Madeira Já, em frente, marche, dr. Alberto João! Faça-se um referendo sobre a Independência da Madeira mas aqui: que "nós é que temos de decidir se queremos continuar a sustentar um regime paternalista que nos custa milhões, a troco de insultos do soba", como advoga o perplexo.

E eu que não gostava do Ministro Álvaro que conhecia apenas do seu blog e das televisões, onde achava que tinha um discurso ao nível de uma Manuela Moura Guedes, tendo até menos influência do que ela na escolha dos secretários de Estado num Governo de Passos Coelho. Afinal o Ministro Álvaro é um profeta a anunciar a boa nova da independência da Madeira, quando quiserem e boa viagem, sem retorno, que não deixam saudades. Sim Senhor Ministro, Independência da Madeira Já, como aqui já se defendeu, em mais de uma dúzia de reportagens, que lá fizemos e documentámos...


domingo, 3 de julho de 2011

Os caciques que paguem a crise

Claro que tb me irrita o anunciado novo imposto, que me vai levar metade do subsídio de Natal e que implica um intolerável “sacrifício” que o FMI não quis, que o Presidente da República condenou com toda a "virulência anti-socialista" na tomada de posse e contra o qual o PSD/CDS  moveu campanha e por muito menos achou/acharam que era urgente e indispensável derrubar o Governo anterior. Mais: para mim é um roubo que me fazem à descarada, um crime premeditado: ainda andavam a dizer que não aumentavam impostos e já Catroga e Passos andavam a tramar esse imposto extraordinário. Claro que não me conformo. Os políticos (mentirosos) que paguem a crise.

Tanto mais, que se é para reduzir o défice, eu não contribuí para ele, sempre trabalhei no privado e paguei todos as contribuições e impostos. Se querem fazer economias no Estado que cortem nos professores com promoções a eito, nos magistrados com chorudos subsídios de renda de casa isentos de impostos, nos militares superiores, e nas respectivas reformas douradas, a 100%, que pouco lhes custaram a ganhar, só começaram a descontar para elas nos anos 80. Os funcionários (privilegiados) que paguem a crise.

Mas o que mais me irrita é que o roubo descarado que me vão fazer (bem pior do que a retenção no Governo do Bloco Central do 13º mês que então foi pago em títulos do tesouro) não vai servir senão para alimentar as clientelas. Viram a primeira medida concreta do ministro Nuno Crato, aliás pródigo em ideias gerais que até parecem aceitáveis? Suspender o encerramento das 650 escolas que não têm 21 alunos, uma média de 5 alunos por classe, nem uma partida de futebol de salão podem fazer entre eles, além das dificuldades em ter aproveitamento sem colegas de estudo. Conheci casos, de professores que não passavam os alunos para não lhes fecharem a escola, de autarcas que pagavam prémios aos professores para aguentarem essas situações.

Pois o que fez Nuno Crato foi ceder ao facilitismo, ele que tantas postas de pescada, de exigência e rigor, arrotou, na discussão do OE. Como na história do encerramento das maternidades, ganha a demagogia do poder local. Vai-nos custar os olhos da cara. É para isso que serve o dinheiro que me tiram? Os caciques que paguem a crise.
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sábado, 2 de julho de 2011

A minha América... chama-se Instituto Gama Pinto e viva o SNS!


─ Cheguei hoje dos Estados Unidos, fui lá ser operado, claro que correu tudo bem, como não podia deixar de ser, os americanos são os melhores, em tudo, digo-vos eu. Se foi caro? Claro, o que é bom… Mas valeu a pena. sinto-me como novo.

Segundo um conhecido meu, que foi secretário de Estado da Saúde há coisa de 20 anos, com vivenda, e estatuto, em Cascais, além de uma experiência ímpar no mundo dos negócios, era assim que se passava no seu círculo de relações: um dia o operando avisava a secretária que não contassem com ele nos próximos quinze dias ou três semanas, que tinha de ir a Boston, ou a Miami, ou a Los Angeles, ou a Seattle ─ quando se trata dos Estados Unidos fica sempre bem indicar um local preciso, revela a familiaridade que se tem com “o Grande País”. Quando voltasse diria mais, para já não queria que se soubesse o que lá ia fazer, era segredo ─ a melhor maneira de criar suspense, à cautela contava o mesmo a dois ou três dos seus colaboradores, sempre a pedir segredo, que era a melhor maneira de a informação se propagar.

Lançado assim, em segredo, o rumor da sua ida à América, por questões de saúde, restava-lhe ir a casa fazer a mala e ingressar, em segredo, como previamente combinado com o seu médico, no Hospital de S. José, ou nos Capuchos, ou no Santa Maria, ou na Clínica de Santa Cruz, onde, ele bem sabia, tinha os melhores profissionais de saúde, algumas vezes seus amigos pessoais, além do melhor equipamento, as melhores condições técnicas (mesmo quando a hotelaria deixava a desejar!) e fazia-se operar ao que fosse, discretamente, beneficiando do tratamento de qualidade que o SNS oferece. Tinha o melhor. E quando voltasse à empresa… fazia um vistaço, com a história dos “States”, dois em um.

Pois, a bem dizer, segui o caminho que me apontou há 20 anos o eng. Costa Freire, secretário de Estado de Leonor Beleza, lembram-se?. Acabo de regressar… da América, que excelência de tratamento, fui operado às cataratas, agora vejo tudo, ponham-se a pau comigo. A minha América, está-se mesmo a ver, não fica longe. Tratou-me nas palminhas, foi atenciosa e competente, a todos os níveis, melhor é impossível, nem sei como agradecer. Chama-se Instituto Gama Pinto. Que grande Serviço Nacional de Saúde temos nós, vou-vos contar.